Realizou o primeiro transplante conjunto de coração e pulmão do Brasil

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José Pedro da Silva realizou façanha brasileira no campo da cirurgia

Uma equipe de jovens cirurgiões do Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, chefiada pelo cirurgião cardiovascular José Pedro da Silva, levou a cabo o primeiro transplante conjunto de coração e pulmão do Brasil.

Dia 7 de dezembro de 1988, a equipe de Silva – que tem em comum o trabalho na clínica do cirurgião Euryclides Zerbini, o primeiro a realizar um transplante de coração no país, em 1968 – retirou o coração e o pulmão do comerciante Sebastião Benício da Silva, que sofrera uma queda e tivera sua morte cerebral detectada em decorrência de traumatismo craniano.

Os órgãos foram implantados no tórax do operário Cristóvão Augusto da Silva, de 41 anos. Na última tentativa que uma equipe médica brasileira tentou uma cirurgia desse tipo, o resultado foi desalentador. O receptor dos órgãos morreu de uma hemorragia antes mesmo de receber o coração e o pulmão do doador. A equipe de Silva utilizou uma ténica consagrada em centros de cirurgia cardiovascular do mundo inteiro.

O receptor e o doador tiveram sua temperatura baixada para 12 graus centígrados, estado em que o metabolismo e a circulação sanguínea são diminuídos drasticamente – conhecido como hiportemia. O transplante durou quase 5 horas. O risco mais comum nesse tipo de cirurgia são as infecções pulmonares.

(Fonte: Veja, 14 de dezembro de 1988 -– ANO 21 – Nº 50  –  Edição 1058 –- MEDICINA -– Pág: 104/105)

 

 

 

Foi um médico de Pirajuí, no interior de São Paulo, que fez José Pedro da Silva desistir de ser engenheiro. O doutor cuidava de seu pai, que tinha tuberculose. Ele não cobrava nada. No máximo, trocava a consulta por um frango. José Pedro, menino pobre da zona rural, ficou impressionado com a generosidade do médico. E foi assim, como aluno de uma escola na roça, vendendo amendoim na rua, que ele começou a sonhar em ser médico. Movido por um QI em torno de 140 (a média é de 80 a 110) e pela necessidade, José Pedro foi à luta.

Morando num seminário, estudou sozinho com apostilas emprestadas, enquanto dava aulas particulares de matemática. Entrou de primeira na faculdade de Medicina de Botucatu e deslanchou. Fez três anos de residência em São Paulo, foi para a Cleveland Clinic, a clínica de cardiologia mais famosa do mundo, nos Estados Unidos, e voltou para o grupo de Euryclides Zerbini, pioneiro em transplantes de coração no Brasil. Em 1984, formou seu próprio grupo de cardiologia no Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Aos 54 anos, pai de dois filhos, José Pedro é reverenciado no Exterior e cortejado pelos grandes hospitais do Brasil. Mas não sai da Beneficência, onde chefia o departamento de cardiologia e desenvolve novas técnicas de cirurgia, como a do transplante com dois corações e a da delicadíssima cirurgia em crianças que nascem apenas com o ventrículo direito. Em 1988, fez o primeiro transplante cardiopulmonar do país, o 13º do mundo.

(Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/21811_BRAVA+GENTE – MEDICINA & BEM-ESTAR – N° Edição: 1700 -Brava gente/ Por Célia Chaim – 01.Mai.02)

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