Coordenou o primeiro transplante de rim de porco em um homem vivo

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Médico brasileiro comanda o 1º transplante de rim de porco para um humano, nos EUA

Primeiro transplante de rim de porco em uma pessoa viva — Foto: Massachussets General Hospital

Primeiro transplante de rim de porco em uma pessoa viva — Foto: Massachussets General Hospital

Cirurgia é vista como um marco para a medicina e representa um avanço para milhares de pessoas que aguardam por um transplante.

Leonardo Riella, médico que coordenou o primeiro transplante de rim de porco em um homem vivo — (Foto: Reprodução/Massachusetts General Hospital)

 

Médico brasileiro lidera primeiro transplante de rim suíno geneticamente modificado — Foto: Arte/g1

Médico brasileiro lidera primeiro transplante de rim suíno geneticamente modificado — Foto: Arte/g1

 

O médico brasileiro Leonardo Riella comandou o primeiro transplante de rim de um porco, geneticamente modificado, para um paciente humano vivo. A cirurgia inédita foi realizada em um hospital em Boston, nos Estados Unidos, onde o médico atua. O anúncio aconteceu na quinta-feira (21).

👉 Essa é a primeira vez que um transplante desse tipo foi feito em um paciente vivo. Antes, em 2021, uma equipe de Nova York havia conduzido procedimento semelhante, como parte de uma pesquisa, em uma pessoa que tinha tido morte cerebral.

A cirurgia realizada no Massachussets General Hospital é um marco para a medicina e representa um avanço para milhares de pessoas que aguardam por um transplante de rim.

O paciente que recebeu o órgão é um homem de 62 anos, negro, com doença renal em estágio avançado. Segundo a equipe médica, ele está se recuperando, e os primeiros sinais são promissores.

O procedimento pode ter um significado especialmente importante para pacientes negros por serem mais propensos a doenças renais mais graves, segundo estudo publicado no Journal of the American Society of Nephrology.

Morador da cidade de Weymouth, em Massachusetts, o paciente, que se chama Richard “Rick” Slayman, vive com diabetes tipo 2 e hipertensão e fazia diálise havia sete anos. Ele chegou a receber um transplante de um rim de outra pessoa em 2018, mas o órgão falhou cinco anos depois e, em 2023, ele voltou a depender de diálise.

Em um comunicado divulgado pelo hospital, ele contou que aceitou ser voluntário para a cirurgia pensando em também ajudar outras pessoas que também dependem de um transplante.

Quando sugeriram um transplante de rim de porco, explicando cuidadosamente os prós e os contras desse procedimento, eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver.
— Richard ‘Rick’ Slayman de Weymouth

Caso a recuperação seja total, a cirurgia pode ser uma esperança para a espera angustiante pelo órgão. No Brasil, a fila de espera pelo rim é a mais longa entre os que aguardam por um transplante.

Durante o anúncio à imprensa, o médico destacou a importância do procedimento a partir do rim de um porco geneticamente editado.

Toda semana, temos que retirar pacientes da lista de espera porque ficam muito doentes para fazer um transplante durante a diálise. A disponibilidade oportuna de um rim poderia dar a oportunidade a milhares de pessoas de obter um tratamento muito melhor para a insuficiência renal do que a diálise.
— Leonardo Riella

Riella é professor associado de medicina e cirurgia na Harvard Medical School. Sua pesquisa está focada, justamente, na compreensão dos mecanismos de regulação imunológica e no desenvolvimento de novas terapias para promover a tolerância de órgãos transplantados.

Como foi feita a cirurgia?

O xenotransplante, que é a implantação do órgão do animal em humanos, vem sendo estudado há décadas. O maior desafio era a resposta do sistema imunológico, que rejeita o tecido estranho.

“Estou firmemente convencido de que o xenotransplante representa uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos”, afirmou.

Após a aprovação do FDA e com o paciente voluntário, os médicos receberam o rim do porco e fizeram o transplante no último sábado (16).

A cirurgia levou cerca de três horas e, segundo os médicos, o resultado é considerado promissor. O paciente ainda está internado em Boston, mas a expectativa é de que ele tenha alta nos próximos dias porque não houve manifestação de complicações.

👉 Caso a recuperação seja total, a cirurgia pode ser uma esperança para a espera angustiante pelo órgão.

Durante o anúncio à imprensa, o médico destacou a importância do procedimento a partir do rim de um porco geneticamente editado.

Riella é professor associado de medicina e cirurgia na Harvard Medical School. Sua pesquisa está focada, justamente, na compreensão dos mecanismos de regulação imunológica e no desenvolvimento de novas terapias para promover a tolerância de órgãos transplantados.

“Estou firmemente convencido de que o xenotransplante representa uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos”, afirmou.

70 anos após primeiro transplante renal

👉 A cirurgia inédita com rim de porco foi realizada 70 anos após o primeiro transplante renal e seis décadas após o advento dos medicamentos imunossupressores.

Segundo Riella, estamos à beira de um avanço monumental no transplante. “Só no MGH, há mais de 1.400 pacientes em lista de espera para transplante renal. Infelizmente, alguns destes pacientes morrerão ou ficarão doentes demais para serem transplantados devido ao longo tempo de espera na diálise”, disse.

O procedimento pode ter um significado especialmente importante para pacientes negros por serem mais propensos a doenças renais mais graves, segundo estudo publicado no Journal of the American Society of Nephrology.

O primeiro transplante de rim no mundo foi feito em 1954 pelo médico norte-americano, Joseph Murray, morto em 2012. No Brasil, no entanto, o primeiro procedimento só aconteceu mais de uma década depois, em 1965.

Espera por rim é a maioria na fila do transplante
A possibilidade de usar o órgão de um porco pode revolucionar a vida de milhares de pessoas que aguardam por um transplante de rim. Quem espera pelo órgão, depende de hemodiálise, na maior parte das vezes, diária. Além disso, tem restrição de líquidos, já que o corpo não consegue filtrar naturalmente.

O transplante de rim representa 92% da fila de espera pelo transplante no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, até quarta-feira (20) haviam 42 mil pessoas na fila de espera por algum órgão. Do total, 39 mil aguardam por um rim.

(Direitos autorais: https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/03/21 – SAÚDE/ NOTÍCIA/ Por Poliana Casemiro, g1 – 21/03/2024)

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Primeiro paciente a receber rim de porco em transplante deixa hospital: ‘grande emoção’, diz médico brasileiro

Richard Slayman, de 62 anos, passou por procedimento no dia 16 de março. Transplante representou um marco na medicina e um avanço para pacientes que aguardam por um órgão.

 

O primeiro ser humano vivo a receber um rim de porco geneticamente modificado durante um transplante teve alta do hospital, nos Estados Unidos, na quarta-feira (3). Richard Slayman, de 62 anos, afirmou que há muitos anos não se sentia tão saudável.

Em uma publicação nas redes sociais, Richard afirmou que está vivendo um momento que desejou por muitos anos. “Agora, é uma realidade e um dos momentos mais felizes da minha vida”, escreveu.

O transplante foi comandado pelo médico brasileiro Leonardo Riella. A cirurgia inédita foi realizada no dia 16 de março em um hospital em Boston, nos Estados Unidos, onde o profissional atua.

Em entrevista ao Jornal da Globo, Riella afirmou ter se emocionado ao ver o paciente recebendo alta.

“A gente trabalhou meses para que o transplante fosse bem-sucedido. Acho que ver ele saindo do hospital, e ele poder ir para casa com o rim funcionando, foi uma emoção muito grande”, disse.

 

Richard Slayman foi diagnosticado com uma doença renal em estágio avançado. Segundo os médicos, ele vive com diabetes tipo 2 e hipertensão e fazia diálise havia sete anos.

O paciente chegou a receber um transplante de um rim de outra pessoa em 2018, mas o órgão falhou cinco anos depois. Em 2023, ele voltou a depender de diálise.

A fila para receber um transplante de rim é longa. Só no Brasil, são 30 mil pacientes. Já nos Estados Unidos, onde Richard mora, são 100 mil pessoas aguardando.

O transplante de um rim de porco representa um marco na medicina e um avanço para as pessoas que esperam por um órgão.

A proposta da pesquisa é, além de oferecer uma maior oferta de órgãos e salvar a vida de pessoas que precisam de um rim, elaborar outras maneiras de tratamento que não sejam a hemodiálise.

A pesquisa para o xenotransplante, que é a implantação do órgão do animal em humanos, vinha sendo desenvolvida havia cinco anos pelo hospital em parceria com a empresa eGenesis.

O transplante de órgãos suínos em pessoas é estudado há décadas pela semelhança entre os órgãos dos animais e dos humanos. No entanto, o maior desafio era a resposta do sistema imunológico, que poderia rejeitar o tecido estranho — ponto que foi trabalhado ao longo da pesquisa.

No processo, foram retirados genes suínos que prejudicavam a resposta do corpo humano e foram acrescentados genes humanos. Além disso, os cientistas inativaram retrovírus endógenos suínos no doador para eliminar qualquer risco de infecção.

Nos cinco anos de pesquisa, foram feitas várias versões de modificações genéticas até encontrarem a que poderia ser implantada em humanos. Antes disso, no entanto, os órgãos foram testados em macacos.

Com a resposta positiva, a equipe acionou o FDA — que é o órgão de regulação norte-americano — que aprovou a realização do procedimento.

Como a cirurgia foi feita?

Após a aprovação da técnica pelo FDA, os médicos receberam o rim do porco e fizeram o transplante.

Durante o anúncio à imprensa, o médico brasileiro destacou a importância do procedimento a partir do rim de um porco geneticamente editado.

Riella é professor associado de medicina e cirurgia na Harvard Medical School. Sua pesquisa está focada, justamente, na compreensão dos mecanismos de regulação imunológica e no desenvolvimento de novas terapias para promover a tolerância de órgãos transplantados.

“Estou firmemente convencido de que o xenotransplante representa uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos”, afirmou.

(Direitos autorais: https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/04/04 – SAÚDE/ NOTÍCIA/ Por TV Globo e g1 – 

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