A primeira mulher negra homenageada no exclusivo mausoléu do Panteão de Paris

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Josephine Baker será a primeira mulher negra no Panteão de Paris

 

©AFP Josephine Baker recebe em 19 de agosto de 1961 a Cruz de Guerra e a condecoração da Ordem Nacional da Legião de Honra.

 

A artista franco-americana fez parte da resistência francesa ao nazismo na Segunda Guerra e lutou contra o racismo. Ela será a sexta mulher a entrar no seleto mausoléu que reverencia personalidades da história da França.

 

A França concederá uma de suas maiores honrarias à renomada artista franco-americana Josephine Baker. A dançarina, cantora e atriz que lutou na resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, foi voz ativa contra o racismo se tornará no final de 2021 a primeira mulher negra homenageada no exclusivo mausoléu do Panteão de Paris.

“É uma grande dama, apaixonada pela França, que entrará no Panteão. Obrigada ao [presidente]Emmanuel Macron por esta homenagem”, escreveu a ministra francesa da Economia, Agnès Pannier-Runacher, no Twitter.

O presidente da França é a única autoridade com poder de decidir quem será introduzido ao Panteão, um mausoléu localizado no quinto distrito de Paris e que foi inspirado no Panteão de Roma.

A família de Baker vinha solicitando sua inclusão desde 2013, e uma petição reuniu cerca de 38 mil assinaturas. Alguns membros do grupo que fez campanha por Baker se encontraram com Macron em 21 de julho e receberam uma resposta positiva. Um assessor do presidente confirmou que a cerimônia será realizada em 30 de novembro.

O corpo de Baker permanecerá enterrado em Mônaco. Apenas um memorial com uma placa será erguido no Panteão, conforme relatou Jean-Claude Bouillon-Baker, um dos 12 filhos adotivos da artista.

Ela será apenas a sexta mulher – e a primeira negra – entre as 80 personalidades da história francesa no Panteão. Os homenageados incluem os filósofos Voltaire e Jean-Jacques Rousseau, os escritores Victor Hugo, Alexandre Dumas e Antoine de Saint-Exupéry, e o casal de físicos Pierre Curie e Marie Curie.

Freda Josephine McDonald nasceu no Missouri, Estados Unidos, em 1906. De origem pobre, aos 15 anos já estava em seu segundo casamento. Pouco depois fugiu de casa e se juntou a um grupo de vaudeville, um gênero de entretenimento de variedades bastante popular nos EUA naquela época.

Baker – sobrenome do segundo marido, que ela manteve por estar começando a fazer sucesso no meio artístico – chamou a atenção de um produtor, que a mandou para Paris em meados da década de 1920. Aos 19 anos, ela se tornou a estrela do popular espetáculo musical La Revue Negre, que ajudou a popularizar o jazz e a cultura afro-americana na França. Ela se tornou uma das artistas mais populares de sua época.

Em 30 de novembro de 1937, Baker se casou com Jean Lion, garantindo assim a nacionalidade francesa. Eles se divorciaram três anos depois, e ela voltaria a se casar outras duas vezes. Ao longo de sua vida, Baker adotou 12 crianças e formou a família que ela chamava de “A tribo arco-íris” – uma espécie de experimento para provar que crianças de diferentes etnias e religiões podem ser irmãs.

Quando estourou a Segunda Guerra, Baker serviu com a Cruz Vermelha e era membro da França Livre, um movimento de resistência que – contra todas as probabilidades – continuou lutando contra os nazistas na França ocupada.

Ela chegou a ser nomeada tenente do órgão auxiliar feminino da Força Aérea Francesa, foi premiada com a Cruz de Guerra das Forças Armadas e a Medalha da Resistência, e condecorada pelo presidente Charles de Gaulle com a Ordem Nacional da Legião de Honra.

“Eu só tinha uma coisa em mente: ajudar a França”, afirmara ela.

Outro membro do grupo de resistência, Pascal Bruckner disse que Baker “é um símbolo de uma França que não é racista, ao contrário do que dizem alguns grupos de mídia”. “Josephine Baker é uma verdadeira antirracista, uma verdadeira antifascista”, afirmou Bruckner.

Posteriormente, Baker se dedicou menos ao entretenimento e realizou repetidas viagens aos EUA para participar de protestos pelos direitos civis. Em 1963, ela foi a única mulher a discursar na famosa Marcha de Washington ao lado do pastor e ativista Martin Luther King Jr., que naquele dia deu seu famoso discurso “Eu tenho um sonho!” (“I have a dream!”).

Baker morreu em 1975 e foi enterrada em Mônaco, com o uniforme militar e as medalhas que ela recebeu ao longo da vida.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por DEUTSCHE WELLE – 23/08/2021)

(AFP, AP, Efe, Reuters)

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