Vicente Aleixandre, poeta espanhol que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 77

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Aleixandre: um poeta contra Franco

Vicente Aleixandre y Merlo (Sevilha, Espanha, 26 de abril de 1898 – Madri, Espanha, 14 de dezembro de 1984), poeta espanhol que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1977. Nascido em Sevilha a 26 de abril de 1898. Integrante da chamada Geração de 1927, os modernizadores da poesia espanhola que tinham em Federico García Lorca seu expoente máximo. Aleixandre foi um adversário do franquismo, mas não deixou o país durante o governo do generalíssimo Franco por causa da doença rara, a tuberculose renal, que o prendia ao leito. Sua obra mais conhecida é A Destruição ou o Amor, publicada em 1935. Aleixandre morreu, aos 86 anos, dia 13 de dezembro de 1984, de insuficiência renal, em Madri, Espanha.
(Fonte: Veja, 19 de dezembro de 1984 -– Edição 850 -– DATAS – Pág; 83)

 

Vicente Aleixandre (Foto: cvc.cervantes.es/Reprodução)

Vicente Aleixandre (Foto: cvc.cervantes.es/Reprodução)

 

 

Vicente Aleixandre y Merlo (1898-1984), poeta espanhol de 79 anos, Prêmio Nobel de Literatura de 1977, atribuído pela Real Academia da Suécia, no dia 6 de outubro, em Estocolmo. Pouco antes de ser anunciado o Prêmio Nobel de Literatura de 1977, especulava-se em torno de nomes famosos, como Simone de Beauvoir, Graham Greene, García Márquez e Gunther Grass, e de obscuros escritores da Turquia e da África. Mas sequer as listas de “azarões”nobelizáveis incluíam Vicente Aleixandre, que haveria de dividir com o mundo a surpresa de sua premiação.

“Meu nome nem estava na relação de prováveis que os jornais publicaram hoje”, disse ele aos jornalistas que invadiram sua casa na Calle de Wellingtonia, em Madri, onde vive há mais de quarenta anos. “Estou feliz, orgulhoso, contente e um pouco assustado”. “O Nobel é uma honra, mas também uma chateação.” Em Estocolmo, a Real Academia Sueca explicava que o prêmio não pretendeu distinguir o melhor escritor do mundo, mas homenagear o criador de uma obra que “ilumina a condição do homem no cosmo e na sociedade de nossos dias”.

A escolha de Vicente Aleixandre entre 96 candidatos – atribuída ao esforço do acadêmico Artur Lundqvist, especialista em literatura espanhola – causaria espanto na Suécia, onde apenas um de seus livros está traduzido, ou no Brasil, onde permanece inédito, mas não na Espanha: ao lado dos também poetas Rafael Alberti e Jorge Guilén, Aleixandre é venerado em seu país como um dos três sobreviventes da brilhante “Geração de 1927”, que teve em García Lorca sua mais alta expressão. Nos meios literários medrilenhos, comenta-se que o Nobel de 1975, atribuído ao russo Andrei Sakharov, estava na verdade assegurado a Vicente Aleixandre – só não lhe foi outorgado para não prestigiar, ainda que indiretamente, o regime franquista, que fuzilara cinco militantes esquerdistas.

Nascido em Sevilha a 26 de abril de 1898, o novo laureado parecia destinado ao universo dos negócios, e só mergulhou na poesia quando, aos 25 anos, sofreu uma tuberculose renal que o acompanha ainda hoje. A doença não permitiria que ele, republicano, deixasse a Espanha após a vitória de Franco, como fizeram muitos de seus companheiros de geração. Durante muitos anos foi censurado.

Inicialmente marcada pelas leituras de Freud, Góngora e dos surrealistas franceses, sua poesia conhece duas grandes fases ou tempos. A primeira, que vai de “Âmbito” (1928) a “Nascimento último” (1953), funda-se nos elementos da natureza – a terra, o sol, o mar, o fogo, o vento, a selva. O homem, nesta fase apenas mais uma força elemental, passa, na segunda – aberta com “Historia del Corazón” (1954) -, a protagonista principal, a natureza recuando para compor o fundo da cena.

Rebelde na década de 30, quando aboliu qualquer pontuação e praticou a “escrita automática”, Aleixandre tornou-se membro da Real Academia Espanhola em 1949. Seu último livro publicado é “Diálogos del Conocimiento”, de 1974. Quarto espanhol agraciado com o Nobel (antes houve José Echegaray em 1904, Jacinto Benaventes y Martínez, em 1922, e Juan Ramón Jiménez, em 1956), Vicente Aleixandre receberá em dezembro, além de diploma e medalha, um cheque de 700 000 coroas suecas.

(Fonte: Veja, 12 de outubro de 1977 -– Edição 475 -– DATAS – Pág; 119)

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