Seymour Martin Lipset, um dos mais influentes sociólogos políticos da segunda metade do século XX

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Seymour Martin Lipset (Nova York, 18 de março de 1922 – 31 de dezembro de 2006), um dos mais influentes sociólogos políticos da segunda metade do século XX.

Filho de imigrantes russos, Lipset foi o czar da sociologia política do pós-guerra. Talvez não haja uma “escola” lipsetiana, mas a sua tese sobre o “excepcionalismo” dos EUA, a ausência do socialismo na América e a interpretação weberiana das eleições como uma “luta de classes democrática” são suficientes para justificar o seu prestígio e o reconhecimento universal.
Seymour Martin Lipset (Foto: www.snipview.com/Divulgação)

Seymour Martin Lipset (Foto: www.snipview.com/Divulgação)

Não são muitos os autores que podem reivindicar a autoria de um escrito que é quase obrigatoriamente citado em todos os artigos ou livros que se escrevem sobre o assunto. Mas a ideia de Lipset que deu origem à teoria das clivagens sociais como factores fiáveis de previsão dos comportamentos eleitorais fez carreira por todo o mundo. Mesmo hoje em que a solidez (ou, mais rigorosamente, a relevância contemporânea) da dita tese é regularmente posta em causa, ainda assim os investigadores se vêem forçados a prestar homenagem ao sacerdote Lipset no altar das citações.
Lipset sentir-se-ia indubitavelmente desiludido por ver os seus colegas das gerações mais jovens preferirem temas de investigação tão rebuscados quanto insignificantes. Até porque a sociologia teria forçosamente de ser sociologia política. No prólogo de uma das suas obras pode-se ler que “desde que o termo sociologia foi aplicado pela primeira vez ao estudo sistemático das relações sociais, a análise das instituições processos políticos tem sido uma das preocupações mais importantes. Nenhum sociólogo pode conceber um estudo da sociedade que não inclua o sistema político como uma parte maior da análise.”
Por outro lado, a sociologia política não poderia deixar de ser orientada por dois dos seus grandes mestres: Tocqueville e Max Weber. Pelo contributo que deu para a auto-interpretação da democracia e para a clarificação da consciência de si da sociedade americana, Lipset foi, como disse Barone, o autêntico “herdeiro de Tocqueville”. Pela sua reinterpretação do conflito social e das consequências da modernização no contexto das democracias ocidentais, também se poderia dizer que foi um notável discípulo de Weber.
No futuro, chegará o momento em que os estudantes de sociologia política se perguntarão por que razão as duas primeiras páginas de The Political Man, uma das principais obras de Lipset, contêm apenas citações da Política de Aristóteles. A surpresa desses estudantes testemunhará involuntariamente a importância extraordinária da abordagem generosa, erudita e abrangente de Lipset.
(Fonte: http://cachimbodemagritte.blogs.sapo.pt/324442 – 1407066 – publicado por Miguel Morgado – 07.01.07)
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