Paul Jackson Pollock, foi um dos maiores nomes do expressionismo abstrato nos EUA e figura central do deslocamento das vanguardas para Nova York, substituindo Paris

0
Powered by Rock Convert

Rebelde das tintas

Jackson Pollock e Blue Poles: dispensando o uso do pincel e do cavalete para produzir o maior jorro criativo desde o cubismo de Picasso

O quadro 'Nunber 19' de Jackson Pollock (Foto: Christe's/Associated Press)

O quadro ‘Nunber 19’ de Jackson Pollock (Foto: Christe’s/Associated Press)

 

Paul Jackson Pollock (Cody, Wyoming, 28 de janeiro de 1912 – Springs, 11 de agosto de 1956), foi um pintor influente americano e uma figura importante no movimento expressionista abstrato.

Pollock foi um dos maiores nomes do expressionismo abstrato nos Estados Unidos e figura central do deslocamento das vanguardas para Nova York, substituindo Paris, arrasada pela Segunda Guerra Mundial.

Sua técnica conhecida como “drip painting”, ou pinturas com respingos, em que o artista deitava a tela no chão e arremessava os pigmentos contra sua superfície, dando o efeito de uma tempestade de cor, entrou para a história associada à liberdade de expressão e renovação estética pregada pelos Estados Unidos.

Nascido numa família humilde, no Estado de Wyoming, Pollock era fascinado pela ideia de tornar-se uma celebridade. Seu ego foi às alturas quando o crítico Clement Greenberg (1909-1994), o mais polêmico da época, cravou que ele era o maior artista vivo americano.

“Se Pollock fosse francês, ele já seria chamado maître e haveria especulação com suas pinturas. Neste país, os museus, os colecionadores e os críticos continuarão – por medo, quando não por incompetência – recusando-se a acreditar que finalmente nós produzimos o melhor pintor de uma geração”, declarou Greenberg.

Quase instantaneamente, a obra do pintor chamou a atenção de marchands e colecionadores, como a milionária Peggy Guggenheim. Seu prestígio não demoraria a ser traduzido em dólares. Foi assim que ele, que antes vivia miseravelmente em Nova York, conseguiu dinheiro para comprar sua casa-ateliê na costa de Long Island, perto de Nova York, e o Cadillac conversível, no qual viria a se matar no inverno de 1956, numa fase de ressaca criativa.

Nunca houve um pintor como o americano Jackson Pollock. Ao morrer, bêbado, jogando seu carro contra uma árvore, ele se tornou uma espécie de James Dean das tintas. Só que esse rebelde teve causa em sua curta e intensíssima vida – a de alforriar a arte americana de um doloroso complexo de inferioridade em relação à pintura europeia.

Dispensando o uso do pincel e do cavalete para produzir suas magistrais abstrações, Pollock provou que ainda havia espaço para inovar depois da revolução cubista de Picasso. Com ele, pode-se dizer que a Europa teve de se dobrar aos Estados Unidos.

Em seus drippings, os célebres gotejamentos, ele demonstrava um notável grau de deliberação e controle por baixo da aparente espontaneidade de seu trabalho. Sua obra testemunha uma espetacular coordenação, a meio caminho entre o talento inato e um disciplinado treinamento.

Realmente, muito antes dos anos 40, quando se pôs a dançar sobre a tela esticada no chão, gotejando a tinta com os próprios dedos ou com um bastão, Pollock investiu a fundo em sua arte, como demonstram as primeiras pinturas figurativas, influenciada por David Siqueiros e Picasso, entre outros.

Genuinamente americana, a obra de Pollock pode ser comparada à improvisação musical do jazz. Assim como um músico medíocre não cria boa melodia de improviso, os pintores menores que copiaram Pollock também se deram mal, produzindo garatujas idiotas e nunca a teia de cores de um Pollock autêntico.

Se ainda hoje a pintura do artista pode chocar os mais conservadores, nos anos 40, quando se lançou na cena artística, Pollock e seus borrões foram encarados como apenas mais uma esquisitice. Em 1947, por exemplo, a revista Time o apelidou de “Jack, the Dripper”, fazendo um trocadilho maldoso com o estrangulador inglês “Jack, the Ripper”.

Numa de suas entrevistas, Pollock bem que tentou legitimar a contemporaneidade de seus borrões: “O pintor moderno não pode expressar o seu tempo, o aeroplano, a bomba atômica, o rádio a partir das velhas formas da Renascença. Cada época encontra a sua própria técnica”.

A clareza de princípios casava com a ansiedade por fama e fortuna. Vaidoso e temperamental, ele não se fez de rogado a nenhuma investida da imprensa, na tentativa de angariar publicidade para suas mostras – atitude que prenunciou o exibicionismo dos protagonistas da pop art, na década de 60.

Ao morrer, bêbado, jogando seu carro contra uma árvore, ele se tornou uma espécie de James Dean das tintas. Só que esse rebelde teve causa em sua curta e intensíssima vida – a de alforriar a arte americana de um doloroso complexo de inferioridade em relação â pintura europeia.

Dispensando o uso do pincel e do cavalete para produzir suas magistrais abstrações, Pollock provou que ainda havia espaço para inovar depois da revolução cubista de Picasso.

(Fonte: Veja, 4 de novembro de 1998 – ANO 31 – Nº 44 – Edição 1571 – Arte/ Por Carlos Graieb – Pág: 150/151)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/02/1591823- ILUSTRADA/ Por Silas Martí – 20/02/2015)

Powered by Rock Convert
Share.