Nico Papatakis (Etiópia, 5 de julho de 1918 – Paris, 17 de dezembro de 2010), cineasta de origem grega, figura célebre do movimento existencialista francês
Nico Papatakis chegou em Paris em 1939, após se exilar de seu país natal, a Etiópia, por conta de posições políticas, e se refugiar primeiramente no Líbano e depois na Grécia.
Em Paris, trocou o nome de batismo Nikos pelo apelido Nico e fez amizades com a nata cultural da época, como os escritores Jean-Paul Sartre, Jean Genet, André Breton, Jacques Prévert e Robert Desnos.
Papatakis se tornaria figura importante do movimento existencialista, primeiro ao criar o cabaré “La Rose Rouge”, em 1947, que serviu de palco para uma geração de cantores influenciados pelo existencialismo, como Juliette Greco. Em 1950, ele produziu e financiou o famoso e único filme de Jean Genet “Un Chant d’Amour”, com fotografia assinada por Jean Cocteau. Mas a obra foi censurada e estreou apenas em 1975.
Sua conexão com o cinema se aprofundou com o casamento com a linda atriz Anouk Aimée (“A Doce Vida”, “Um Homem, Uma Mulher”) em 1951. A união durou apenas três anos, mas eles tiveram uma filha, Manuela. Ele se casou pela segunda vez com a atriz grega Olga Karlatos (“Meus Caros Amigos”, “Esposamante”).
Em 1957, mudou-se para Nova York, onde conheceu John Cassavetes e se tornou co-produtor de seu filme “Shadows” (1959). Em Nova York, também se envolveu com a lendária modelo alemã Christa Päffgen. Se o nome não traz lembranças hoje em dia é porque ela o mudou, em homenagem a Papatakis, passando a usar o nome do amante como pseudônimo artístico: Nico. Com esse nome, ela se tornou musa de Andy Warhol, estrelando vários de seus filmes, e cantora da banda Velvet Underground.
Papatakis voltou a Paris em 1962 para dirigir seu primeiro filme, “Les Abysses”, sobre a peça de Genet, “Les Bonnes”. O filme causou escândalo quando foi exibida no festival de Cannes daquele ano e não entrou em circuito comercial.
Em 1967, ele rodou “Os Pastores da Desordem” que denunciou o regime dos coronéis gregos. Politizado, ele se opunha à ditadura grega, mas o filme fracassou nas bilheterias.
Gloria Mundi
Sempre provocante, em 1975 ele lançou seu filme mais explosivo, “Gloria Mundi”, que falava da tortura na Argélia, estrelado por sua mulher Olga Karlatos. Gerou uma onda de protestos na França e teve que ser retirado de cartaz após um atentado a bomba ao cinema Marbeuf.
Com seu último filme, “Les Equilibristes”, em 1992, um retrato amargo do amigo Jean Genet, vivido por Michel Piccoli, ele conseguiu enfurecer até os existencialistas, além dos admiradores do autor.
Nico Papatakis faleceu no dia 17 de dezembro em Paris, aos 92 anos. Morreu na cidade em que desenvolveu sua carreira.
“Papatakis era um homem de coragem, ele era um criador refinado e audacioso”, declarou o ex-ministro francês da Cultura Jack Lang.
(Fonte: http://pipocamoderna.com.br/nico-papatakis-1918-2010/59492 – por Pipoca Moderna – 23 dez 2010)