Laíla, conhecidíssimo diretor de carnaval que passou por agremiações como Beija-Flor de Nilópolis, Salgueiro, Vila Isabel e Unidos da Tijuca

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Diretor de carnaval Laíla

 

Laíla (Rio de Janeiro, 27 de maio de 1943 – Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, 18 de junho de 2021), diretor de carnaval, como era conhecido Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, era uma das figuras mais importantes da folia carioca, com passagens por escolas como Beija-Flor, Vila Isabel, Unidos da Tijuca e União da Ilha, entre outras.

 

Laíla, que passou por agremiações como Beija-Flor de Nilópolis, Salgueiro, Vila Isabel e Unidos da Tijuca, atuava no carnaval carioca há mais de 50 anos. Seu último desfile foi defendendo as cores da União da Ilha, que acabou rebaixada para o grupo de acesso em 2020.

O conhecidíssimo diretor de carnaval Laíla era famoso há mais de 50 anos no samba, por sua disciplina ao comandar a harmonia das agremiações. Com oito títulos no carnaval carioca, conta com passagens pela Beija-Flor, Salgueiro, Vila Isabel, Unidos da Tijuca, União da Ilha, entre outros.

 

Laíla começou sua carreira no Salgueiro e em 1975 foi para a Beija-Flor acompanhado pelo carnavalesco Joaosinho Trinta. Mas chegou a trabalhar também na Unidos da Tijuca, Vila Isabel e Grande Rio. Ele voltou para a escola de Nilópolis em 1995, quando ajudou a agremiação a conquistar oito títulos, incluindo o tricampeonato em 2003, 2004 e 2005 e um bicampeonato em 2007 e 2008.

 

Foi diretor de carnaval da Beija-Flor até 2018. A última escola em que esteve foi a  União da Ilha, da qual saiu após o rebaixamento da agremiação no desfile de 2020. Foi um carnaval cercado por disputas internas que resultou na primeira queda de uma escola comandada por ele para o grupo de acesso. Apesar disso, Laíla ainda registra o título de ser o segundo maior vencedor da folia carioca. Ele só perde para Joãosinho Trinta, que tem nove conquistas.

Laíla teve três passagens diferentes pela escola de Nílópolis: entre 1975 e 1980, 1987 e 1992 e, por fim, 1994 e 2018. No período mais recente e duradouro, o laço se manteve por 23 anos e somou oito vitórias da Deusa da Passarela com Laíla comandando a Comissão de Carnaval.

 

Mais de 50 carnavais

 

Laíla tinha mais de 50 anos de carnaval, cerca de 30 deles passados passados na Beija-Flor de Nilópolis. Mas ao longo desse tempo esteve também à frente dos desfiles de outras escolas. Era conhecido por sua genialidade e personalidade forte. O começo foi no Salgueiro, na década de 1970, na mesma época em que despontavam nomes importantes na folia carioca, como Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Maria Augusta, Lícia Lacerda e Arlindo Rodrigues.

Na Beija-Flor teve três passagens diferentes, a última se encerrou em 2018. Em 2019 se transferiu para a Unidos da Tijuca e fez também o desfile da Água de Ouro, de São Paulo. A última escola por onde passou foi a União da Ilha, em 2020. Ele deixou a agremiação, após o seu rebaixamento para a Série A, primeiro vivida por Laíla.  Desde então ficou sem escola, o que o deixava triste, segundo familiares e amigos.

Como diretor de carnaval participou de desfiles marcantes e que entraram para a história. Um deles foi o de 1989, quando a Beija-Flor levou para a avenida o enredo ” Ratos e Urubus, larguem a minha fantasia” em que o grande destaque foi a imagem de um “Cristo mendigo”.A imagem do Cristo foi proibida pela Justiça de desfilar na Sapucaí. A alegoria acabou entrando no sambódromo coberta por um pano preto, exibindo um cartaz com a frase: “Mesmo proibido olhai por nós!”.

A grande polêmica do desfile teria sido fruto de uma desavença entre Laíla e Joãosinho Trinta. Conta-se que enquanto o primeiro queria que a escola levasse a imagem de um Cristo abraçando a comunidade, Joãosinho teria optado pelo “Cristo mendigo”. A proibição partiu da Arquidiocese do Rio. A escola ficou em segundo lugar na apuração, perdendo para a Imperatriz Leopoldinense. Mas, o desfile da Beija-Flor entrou para a história do carnaval carioca.

Laíla faleceu em 18 de junho de 2021 aos 78 anos, vítima da Covid-19. Internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Israelita Albert Sabin, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, os familiares informaram uma parada cardíaca por volta das 11h30.

Mas, segundo a mulher, morreu triste porque ultimamente estava afastado do carnaval.

Diretor de marketing da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) e filho do patrono da Beija-Flor Anísio Abraão David, Gabriel David disse que a relação de Laíla com a escola e sua família sempre foi tão próxima que ele nem se lembra quando foi a primeira vez que o viu na vida. A última que ele se recorda: foi na eleição para escolha da nova diretoria da liga, em março. Na sua opinião, revolucionou o conceito de desfile das escolas de samba e foi uma perda irreparável para o carnaval:

— Foi a perda de uma pessoa histórica para o samba, como um todo. Uma pessoa que ajudou a Beija-Flor a ser o que ela é. Para a gente é a perda de um amigo, de uma pessoa muito próxima, de alguém por quem a gente tem um carinho absurdo e eterno. Esse momento é difícil não só para a Beija-Flor. Todo mundo que gosta de carnaval está triste. É a perda de uma pessoa histórica para a Beija-Flor, sem dúvida. Nem me lembro a primeira vez que vi o Laíla pela primeira vez. Eu era criança ainda e convivi minha vida inteira com ele. A última vez que a gente esteve junto foi na eleição da liga e conversamos muito. Tive oportunidade de aprender muito com ele. Era como se fosse um tio para mim. Laíla revolucionou o conceito dos desfiles. Poucos artistas tinham uma visão tão ampla do desfile como ele. Muito do que ele criou foi replicado inclusive por outras escolas.

O intérprete Neguinho da Beija-Flor lembrou que Laíla acompanhou a carreira dele desde o começo, bem antes de ele ir para a escola de Nilópolis, tendo sido produtos dos seus primeiros discos. Lembrou ainda a personalidade forte do amigo de mais de cinco décadas, capaz de criar desafetos, mas destacou o seu profissionalismo e importância para o carnaval.

— Laíla acompanhou minha carreira muito antes de eu ir para a Beija-Flor, ainda no Cordão da Bola Preta, em  1971. Foi produtor dos meus primeiros discos na (gravadora) Top Tape. Primeiro Zuzuza, depois ele. Foi o melhor diretor de carnaval e melhor diretor de harmonia de todos os tempos. O carnaval perde o melhor profissional na área em que ele atuava, de todos os tempos. Era um amigo de mais de 50 anos. Um homem de personalidade forte. Não concordava, às vezes, com determinada maneira como ele conduzia as coisas, mas era um excelente profissional e amigo. Vou ser grato a ele eternamente por ter sido uma pessoa importante na minha carreira — destacou.

A porta-bandeira da azul e branco de Nilópolis, Selminha Sorriso, lembrou de um diretor de carnaval rigoroso,  mas ao mesmo tempo terno e que se desmanchava diante do sorriso de uma criança:

— Só tenho de agradecer o que aprendi. Não era fácil trabalhar com ele.  Ele era uma pessoa muito exigente. Comandava a tropa com rigor, no entanto, buscando de cada um de nós o melhor, a superação pessoal. Foi a pessoa que me levou para a escola, a mim e ao Claudinho (mestre-sala). Ele nos incentivava a fazer o melhor e eu só tenho que agradecer muito. No começo eu não entendia muito bem, porque ele estava cobrando tanto e um dia ele disse:  “o pai entende quando precisa cobrar do filho para que o filho cresça, para que ele seja o melhor, para que ele faça o seu melhor”.  Ele nunca nos deixou acomodar, nunca nos deixou nos sentirmos fragilizados. Tirava da gente a força que a gente desconhecia. Só tenho a agrader àquele baixinho com cara de bravo, mas que tinha um coração do tamanho do mundo e não podia ver criança, que arrancava o maior sorrisão dele  —  revelou Selminha.

O Carnavalesco Fran Sérgio contou que a amizade com Laíla durava quase 30 anos. Os dois começaram a trabalhar juntos em 1995, na Beija-Flor de Nilópolis. De lá os dois saíram juntos para a Unidos da Tijuca, em 2019, e depois para a União da Ilha, em 2020. Ainda em 2019, os dois fizeram o desfile da paulistana Águia de Ouro. Ele disse que perdeu um mestre:

—  Comecei a trabalhar com ele na Beija-Flor, em 1995. Ele já tinha estado lá antes e estava retornando. Eu estava lá como desenhista. Ali a gente se conheceu e ele começou a me ajudar muito, a me ensinar muito com toda a sua vivência de carnaval. Era um grande mestre, um monstro sagrado do carnaval. Tentava ensinar todo mundo com a experiência dele. Tinha uma personalidade forte, exigia muito. Para trabalhar com ele tinha que provar que era bom. Ele exigia muito. Mas isso também era bom. Estava muito animado, a fim de fazer mais carnaval. Aí veio essa Covid. A morte dele é uma perda irreparável, do grande mestre, do professor e de um grande amigo, uma pessoa que sempre me ajudou, me incentivou e me influenciou. Vai deixar muita saudade.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/rio – RIO DE JANEIRO / por Geraldo Ribeiro e Pedro Zuazo – 18/06/2021)

(Fonte; https://www.msn.com/pt-br/entretenimento/famosos – ENTRETENIMENTO / FAMOSOS / FAMOSOS E CELEBRIDADES / por Caroline Ferreira / fornecido por Microsoft News – 18/06/2021)

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/entretenimento/noticias – ENTRETENIMENTO / NOTÍCIAS / por Estadão Conteúdo / fornecido por Microsoft News – 18/06/2021)

(Fonte: GAÚCHAZH – ANO 58 – N° 20.053 – 21 DE JUNHO DE 2021 – MEMÓRIA / TRIBUTO – Pág: 23)

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