Júlio César de Mello e Souza (1895-1974), escritor que usou o pseudônimo de Malba Tahan. Licenciado em humanidades e engenharia civil, catedrático de arquitetura, a matemática dividia com o Islã sua apaixonada preferência: Quem complica a matemática não gosta dela, é um sádico que se diverte vendo os alunos sofrerem. Carioca de família pobre e numerosa, nasceu no dia 6 de maio de 1895 e ainda menino já vendia composições prontas a colegas preguiçosos (foi aluno e depois professor no Colégio Pedro II) por 400 réis cada. Escrever desde então, sempre foi sua especialidade: são, ao todo, 115 obras, entre livros de matemática e de contos juvenis O Homem que Calculava, Histórias sem Fim, Céu de Alá, Mártires da Armênia -, que fascinaram pelo menos três gerações de adolescentes. Tudo porque o autor possuía o privilegiado dom de contar histórias e inventar fantásticas aventuras passadas no oriente, onde nunca pôs os pés.
Peço que publiquem nos principais jornais a seguinte nota: Malba Tahan acaba de morrer e pede, a todos, perdão pelas faltas, erros, ingratidões e injustiças. E também pede, pelo amor de Deus, que todos os crentes rezem por ele. Essa foi apenas uma entre as muitas cláusulas de um texto que o escritor Malba Tahan entregou à Associação Brasileira de Imprensa, de que era conselheiro, para ser publicado a título de último desejo, no dia de sua morte. Mas a modéstia e a originalidade de tais pedidos caixão de terceira classe, nada de coroas, flores anônimas, nem luto, nem discursos (exceto uma pequena fala, ditada por ele mesmo, em defesa dos leprosos) não são estranháveis em sua rica biografia. Malba Tahan morreu no dia 18 de junho de 1974, aos 79 anos, no Recife, de enfarte.
(Fonte: Veja, 26 de junho, 1974 Edição n.° 303 DATAS Pág; 23)
Júlio César de Mello e Souza nasceu no dia 6 de maio de 1895 na cidade de Queluz, estado de S. Paulo, Brasil e celebrizou-se sob o psedónimo de Malba Tahan. Foi um caso raro de um professor de matemática, quase tão famoso como um jogador de futebol. Na verdade, foi um professor criativo e ousado que estava muito além do ensino exclusivamente expositivo do qual foi um feroz crítico. “O professor de Matemática em geral é um sádico”, acusava. “Ele sente prazer em complicar tudo.” Além disso, criou uma didáctica própria e divertida, até hoje viva e respeitada.
Procurando lançar-se como escritor, Mello e Souza resolveu criar uma figura exótica e estrangeira e fazer-se passar como tradutor dos seus contos e livros. Com base na sua paixão pela cultura árabe, cuja língua estudou, e nas suas leituras enquanto jovem dos Contos das Mil e Uma Noites, construiu um personagem raro: Malba Tahan.
Malba Tahan nasceu em 1885 na aldeia de Muzalit, Península Arábica, perto da cidade de Meca, um dos lugares santos do islamismo. A convite do emir Abd el-Azziz ben Ibrahim, assumiu o cargo de queimaçã (prefeito) da cidade árabe de El-Medina. Estudou no Cairo e em Constantinopla. Aos 27 anos, recebeu uma grande herança do pai e iniciou uma longa viagem pelo Japão, Rússia e Índia. Morreu em 1921, lutando pela libertação de uma tribo na Arábia Central. Em cada aventura, Malba Tahan acabava sempre por se envolver com algum engenhoso problema matemático, que resolvia magistralmente.
O sucesso desta ideia foi imediato. De tal modo que Mello e Souza acabou por escrever dezenas de livros para o “seu” Malba Tahan, tais como:
A Sombra do Arco-Íris (o seu livro predilecto)
Lendas do Deserto
Lendas do Céu e da Terra
Céu de Allah
Contos e lendas orientais
Salim, o Mágico
Lendas do Oásis
Mil Histórias sem Fim
O Homem que Calculava (traduzido para várias línguas, vendeu mais de 2 milhões de exemplares só no Brasil onde está na 42ª edição).
Júlio César de Mello e Souza viveu 79 anos (1895 – 1974), a maior parte, no Rio de Janeiro. Desde 6 de Maio de 1995, data do centenário do seu nascimento, aí se celebra o Dia da Matemática no dia do seu nascimento, 6 de Maio.
(Fonte: www.educ.fc.ul.pt/docentes)