Ciro Alegría, expoente máximo e o último representante do romance indigenista do século XIX na América espanhola

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Ciro Alegría (Huamachuco, Peru, 4 de novembro de 1909 – 17 de fevereiro de 1967), escritor peruano e também o último representante do romance indigenista do século XIX na América espanhola, que teve nele e em Ricardo Guiraldes (1886-1927), argentino, expoentes máximos.

Ele é o autor dos seguintes romances : A Serpente de Ouro (1935), Os Cães Famintos (1939) e O Mundo é Grande e outros (1941), sua obra-prima e um dos romances mais notáveis ​​da literatura norte-americana, com inúmeras edições.

Publicado em 1941, “Grande e Estranho é o Mundo”, foi o último romance do escritor. Sem conseguir escapar aos clichês do gênero – como a visão ufanista da natureza e de seus cenários e um maniqueísmo de tom viril -, o autor focaliza os conflitos sociais entre uma comunidade de índios e os latifundiários que tentam se apoderar das terras que eles trabalham e possuem há várias gerações.

Através do relato desse conflito, Alegría levanta o perfil da comunidade do Rumi, espaço reconstituído como um Paraíso Perdido, onde os habitantes são indivíduos puros e justiceiros. Em oposição a eles, suas nuanças e sutilezas, os senhores da terra são caracterízados pela ambição sem escrúpulos, a injustiça e o ódio racial.

É inquestionável a intenção de Alegría em denunciar a realidade peruana da época. Como documento, o romance registra com belas tinturas uma geografia – a história de seus habitantes.

Alegría herdou os esquemas literários românticos do século XIX. Mas a realidade que descreve, a existência dos índios peruanos ainda devia esperar alguns anos para ser expressa com verdadeira força. Devia esperar a ruptura do naturalismo e o surgimento do realismo mágico de “Los Ríos Profundos”, do também peruano José María Arguedas (1911-1969), ou “O Século das Luzes”, do cubano Alejo Carpentier (1904-1980).

 

(Fonte: Veja, 15 de julho de 1981 – Edição 671 – LIVROS/ Por JUAN CARLOS CHACÓN – Pág: 81)

 

 

 

 

 

 

 

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