Choi Eun-hee, atriz sul-coreana que foi sequestrada por agentes norte-coreanas por ordem do falecido pai do atual dirigente Kim Jong Un e obrigada a participar de filmes para o regime

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Choi Eun-hee, estrela raptada pela Coreia do Norte para fazer filmes

 

Foto de Choi Eun-hee em altar montado em hospital de Seul – (Foto: / AFP)

 

Atriz e marido cineasta produziram obras de propaganda e arte, sob as ordens do pai do Kim Jung-un

Choi Eun-hee (Hangul, 20 de novembro de 1926 – Gangseo-gu, Seul, Coreia do Sul, 16 de abril de 2018), atriz sul-coreana que foi sequestrada por agentes norte-coreanas por ordem do falecido pai do atual dirigente Kim Jong Un e obrigada a participar de filmes para o regime

A artista foi sequestrada em 1978 por agentes norte-coreanos sob ordens do pai do ditador Kim Jong-un, a atriz sul-coreana foi levada ao Norte e obrigada a rodar filmes para o regime durante oito anos. A grande estrela do cinema do Sul foi raptada por espiões a mando de Kim Jong-il. Ela havia sido alçada ao estrelato logo após a Guerra da Coreia (1950-1953), em meio à divisão da península.

Na ocasião do sequestro, a atriz havia viajado a Hong Kong para discutir sua escola de arte com um possível investidor. No caminho, acabou em um barco cargueiro que a transferiu até a Coreia do Norte. Ela permaneceu drogada e faminta durante a viagem de oito dias.

Pouco depois, seu marido, o célebre diretor de cinema Shin Sang-ok, também apareceu no Norte em circunstâncias misteriosas. O casal ficou detido pelo regime durante oito anos e rodou uma dezena de filmes para Kim Jong-il, filho de Kim Il-sung, o fundador da dinastia comunista norte-coreana.

 

 

 

Choi Eun-hee posa ao lado de Shin Sang-ok, em 1999 – (MYCHELE DANIAU / AFP)

 

 

A ideia do ditador cinéfilo era que os astros do cinema realizassem filmes capazes de rivalizar com a indústria internacional. Kim Jong-il governou a Coreia do Norte de 1994 até a morte, em 2011. No mesmo ano, Choi explicou a complexa relação com o sequestrador. Segundo ela, o governante norte-coreano “os respeitava como artistas e apoiava totalmente”. Ainda assim, a estrela destacou que “nunca o perdoaria pelo escandaloso sequestro”.

O casal tinha autorização para fazer filmes de valor artístico, não apenas peças de propaganda do regime, contou Choi. O ditador, inclusive, não economizava nas filmagens: pediu uma locomotiva lotada de dinamite para uma cena de acidente de trem e também mobilizou um helicóptero militar para gravar um vendaval.

Segundo Choi, Kim Jong-il tinha uma filmoteca pessoal de 15 mil produções do mundo todo. Mesmo sequestrados, a atriz e seu marido viajavam ao exterior para filmagens e festivais de cinema, sob a vigilância e a companhia de agentes norte-coreanos.

“Eu estava desesperada, e ele tentou me mudar de ideia dizendo: ‘Olhe para mim, Choi. Não pareço um anão gordo? Me fez rir”, recordou a atriz na entrevista sobre o sequestrador.

 

 

MELHOR ATRIZ E FUGA AOS EUA

 

 

Choi Eun-hee foi eleita melhor atriz no Festival Internacional de Cinema de Moscou, em 1985, por seu papel em “Salt”, um filme sobre os coreanos que combatiam o colonizador japonês entre 1910 e 1945.

Em 1986, após participar do Festival de Berlim, ela escapou do regime norte-coreano ao entrar na embaixada dos Estados Unidos em Viena. Choi contou que um jornalista japonês a escondeu em um táxi e levou à missão diplomática.

“Quando cheguei à embaixada dos Estados Unidos na Áustria, e me disseram ‘Bem-vinda ao Ocidente’, comecei a chorar”, lembrou Choi em 2015. “Ainda tenho pesadelos com agentes norte-coreanos me perseguindo.”

 

 

Kim Jong-il, à esquerda, e o filho Kim Jong-un, durante parada militar em 2010 – (Kyodo News via AP)

 

O casal permaneceu nos Estados Unidos por dez anos e voltou à Coreia do Sul em 1999. O cineasta Shin morreu em abril de 2006, em Seul. A história de Choi, que atuou em mais de uma centena de filmes antes do sequestro, inspirou livros e filmes.

O funeral da atriz será realizado na quinta-feira, em Seul. A Coreia do Norte sequestrou centenas de sul-coreanos nas décadas posteriores à guerra na península, desde soldados a pensadores. Segundo o instituto Asan, de Seul, mais de 500 pessoas raptadas ainda vivem na Coreia do Norte, entre elas uma dezena de japoneses.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/mundo – MUNDO / POR O GLOBO / AFP – 17/04/2018)

(Fonte: Zero Hora – Ano 54 – N° 19.070 – 24 abril de 2018 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 27)

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