Satyendranath Nath Bose, físico teórico influenciou o trabalho de Albert Einstein, fez importantes contribuições para a descoberta da “partícula de Deus”

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O herói esquecido do Bóson de Higgs

Retrato do físico indiano Satyendranath Bose, que ajudou a descobrir as partículas chamadas bósons (AP)

Retrato do físico indiano Satyendranath Bose, que ajudou a descobrir as partículas chamadas bósons (AP)

 

Satyendranath Bose; Físico influenciou Einstein

 

Satyendranath Nath Bose (Calcutá, Índia, 1º de janeiro de 1894 – 4 de fevereiro de 1974), cientista e físico indiano que fez importantes contribuições para a descoberta da “partícula de Deus”, físico teórico influenciou o trabalho de Albert Einstein.

 

Um papel prova catalisador

 

O professor Bose, formado pela Universidade de Calcutá, estava trabalhando na Europa em 1924 no campo da teoria atômica em que Max Plansk, Albert Einstein, Ernest Rutherford e Niels Bohr foram pioneiros.

 

Em um pequeno artigo intitulado “A Lei de Planck e a Hipótese dos Quanta de Luz”, Bose aventurou a ideia de que a radiação poderia ser considerada uma forma de gás composta por fótons. Ele enviou uma cópia para Albert Einstein na Universidade de Berlim.

 

De acordo com Ronald W. Clark em “Einstein: The Life and Times” (1965), “Einstein ficou tão impressionado com o artigo que ele mesmo o traduziu para o alemão e o enviou ao editor do ‘Zeitschrift für Physik’, que publicou isso em julho.”

 

Einstein percebeu imediatamente, de acordo com Clark, que os métodos estatísticos elaborados por Bose poderiam ser estendidos a átomos comuns sob uma suposição desenvolvida simultaneamente por Louis de Broglie (1892-1987) – que as partículas materiais tinham as propriedades simultâneas de onda e partículas que o próprio Einstein tinha também assumido muitos anos antes.

 

Surgimento da Mecânica das Ondas

 

Einstein entregou dois artigos sobre o que chamou de “estatísticas de Bose-Einstein” perante a Academia Prussiana de Ciências. O segundo desses artigos estimulou o pensamento do físico vienense Erwin Schrödiner (1887-1961), que procedeu nos quatro meses seguintes a erigir, nas palavras de Clark, “a estrutura básica do que ficou conhecido como mecânica ondulatória”.

 

Assim, Bose participou do significativo intercâmbio de ideias e insights que impulsionaram a compreensão da física nesse período. Alguns anos atrás, ele disse sobre Einstein:

“Sua resposta rápida e imediata… provou ser o ponto de virada na minha carreira como cientista.”

 

Após seu retorno à Índia, Bose tornou-se chefe do departamento de física da Universidade de Dacca. Em 1946 foi convidado a ocupar a cadeira de física na Universidade de Calcutá, onde permaneceu até 1956. Em 1958 foi eleito membro da Royal Society da Grã-Bretanha.

 

Enquanto o mundo celebrava o possível descobrimento do Bóson de Higgs em 4 de julho, na Índia, muitos estavam ofendidos com o aparente esquecimento da contribuição de um indiano: Satyendranath Bose, o físico homenageado pelo termo “bóson”.

Apesar de Bose ter tido muito pouco envolvimento direto com a teoria que predizia a chamada “partícula de Deus”, na Índia a pouca atenção a um de seus cientistas foi vista como um insulto grande demais para ser ignorado.

Por que o Bóson de Higgs é chamado de “partícula de Deus” e outras respostas às dúvidas mais comuns 

O governo do país emitiu um comunicado oficial, chamando Bose de “herói esquecido”, e reclamando que o físico não recebeu um Nobel durante sua vida, apesar de outros dez acadêmicos da mesma área terem recebido a láurea.

O bóson se chama assim como uma homenagem ao cientista, que trabalhou com Albert Einstein na década de 1920, definindo uma das duas classes básicas de partículas subatômicas. O trabalho descrevia partículas que carregam forças e ocupam o mesmo espaço se estiverem no mesmo estado — como em um raio laser. Todas as partículas que têm este comportamento, tanto a de Higgs quanto fótons, gravítons e outros, são chamados de bósons.

Quando Peter Higgs propôs a existência de um bóson específico em 1964 para explicar o que daria massa às partículas que compõem toda a matéria, Bose estava morando em sua cidade natal de Kolkata, após 25 anos coordenando o departamento de Física da Universidade de Dacca, no atual Bangladesh.

A imprensa indiana se mostrou indignada com o anúncio do feito na Suíça, por conta do silêncio generalizado sobre Satyendranath Bose. Ele teria sido “ignorado na maior parte das notícias sobre esta descoberta”, escreveu o professor de Yale Priyamvada Natarajan em um artigo no Hindustan Times.

“Indianos são sensíveis quando essa falta de reconhecimento acontece. É um calo no pé de todas as sociedades pós-coloniais”, explica o psicólogo político Ashis Nandy, do Centro para o Estudo de Sociedades em Desenvolvimento, em Nova Delhi. “Quanto antes deixarmos isso de lado, melhor”. Nandy, que entrevistou Bose antes de sua morte, afirmou que o próprio cientistas jamais esteve preocupado com rankings e prêmios.

 

O físico indiano faleceu em fevereiro de 1974, aos 80 anos.

A primeira-ministra Indira Gandhi liderou a nação no luto pelo homem nomeado em 1958 como “professor nacional”, não pertencente a nenhuma instituição ou estado, por causa da aclamação internacional que seu trabalho conquistou para o país.

(Fonte: https://www.nytimes.com/1974/02/06/archives – New York Times Company / ARQUIVOS / Os arquivos do New York Times / por (AP) – CALCUTTA, Índia, 5 de fevereiro – 6 de fevereiro de 1974)

Sobre o Arquivo
Esta é uma versão digitalizada de um artigo do arquivo impresso do The Times, antes do início da publicação on-line em 1996. Para preservar esses artigos como eles apareceram originalmente, o The Times não os altera, edita ou atualiza.
Ocasionalmente, o processo de digitalização apresenta erros de transcrição ou outros problemas; continuamos a trabalhar para melhorar essas versões arquivadas.

(Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-07-10 – CIÊNCIA / iG São Paulo – 10/07/2012)

(Com informações da AP)

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