Richard Wagner, transformou-se no compositor predileto dos nazistas durante o Terceiro Reich

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Paixões e ódios

Richard Wagner (Leipzig, 22 de maio de 1813 – Veneza, 13 de fevereiro de 1883), o gênio da vida conturbada, transformou-se no compositor predileto dos nazistas durante o Terceiro Reich. Wagner desperta emoções extremas, da paixão ao ódio. A paixão vai por conta da sua música arrebatadora e das suas concepções sobre ópera e harmonia. O ódio se deve menos à prolixidade de suas óperas do que aos traços pouco amáveis de sua biografia: o anti-semitismo, a insistência em calotear os credores e o hábito de seduzir as mulheres dos melhores amigos e protetores. Entre elas, a mulher do comerciante Otto Wesendonck, Mathilde, e Cosima von Bülow (que também era filha de Franz Liszt). Wagner era um produto típico do nacionalismo alemão do século XIX e transformou-se no compositor predileto dos nazistas durante o Terceiro Reich. Por isso, a sua música não entra no Estado de Israel. Vez por outra um regente tenta inseri-la num programa de concerto, mas a reação do público é sempre avassaladora.

O que interessa na obra de Wagner são suas dez últimas óperas, de O Navio Fantasma a Parsifal, compostas dentro do conceito de “obra de arte integrada” (gesamtkunstwerk). A ação contínua em cada ato substitui a velha segmentação da partitura em recitativos e números musicais, e o objetivo é a fusão perfeita da palavra à música e à ação cênica. Nas linhas horizontais a música evolui continuamente, entrelaçando “motivos-guia” (leitmotiv). Cada leitmotiv evoca uma ideia, um sentimento ou um personagem. Com isso desaparece a melodia quadrada e a consequente necessidade de amarrar as verticais e âncoras da tonalidade. Isso posto, Wagner alterna as escalas diatônica e cromática conforme as conveniências de expressão, numa liberdade até então desconhecida na história da música. Em Tristão e Isolda e no segundo ato de Parsifal o cromatismo chega próximo do atonalismo.

Até 51 anos de idade, Wagner enfrentou enormes vicissitudes financeiras e tremendas dificuldades para representar suas óperas, superexigentes em matéria de orquestra, cantores e cenários. Em 1864 teve a sorte de conhecer o jovem rei Luiz II da Baviera, um psicótico apaixonado pela arte Wagneriana, e daí até o fim da vida nada mais faltou ao compositor. O rei financiou inclusive a construção do Teatro de Bayreuth, projetado pelo próprio Wagner para ali encenar suas óperas. Durante a vida, o compositor só pode realizar dois festivais, o de 1876, para a estreia da Tetralogia de O Anel do Nibelungo, e o de 1882, para a de Parsifal.

Poucos anos após a sua morte, em 1883, os herdeiros retomaram os festivais, que conheceram excepcionais dias de glória na década de 30. Após a II Guerra Mundial, o festival reabriu em 1951, sob a direção dos netos, e mais tarde bisnetos do compositor. Desde então apresentam-se anualmente no Festspielhaus seis ou sete das dez grandes óperas de Wagner, entre meados de julho e fim de agosto. Embora essas óperas sejam presença assídua nos grandes teatros líricos do mundo, uma peregrinação ao Festival de Bayreuth é obrigação de todo Wagneriano devoto.

(Fonte: Veja, 11 de novembro de 1992 – ANO 25 – Nº 46 – Edição 1261 – MÚSICA/ Por Mario Henrique Simonsen – Pág; 98/99)

 

 

 

Um autodidata na ópera alemã

Compositor autodidata, o alemão Richard Wagner (1813-1883), é autor de algumas das óperas como A Valquíria, Rienzi, Lohengrin e O Idílio de Siegfried.

Trajetória do compositor

Nascido em Leipzig, na Alemanha, em maio de 1813, Wagner iniciou seus estudos musicais influenciado pela literatura e pela filosofia românticas. Começou a estudar piano e contraponto aos 11 anos.

Durante o período que passou na Baviera, Wagner se apaixonou por Cosima von Bullow, a esposa do maestro Hans von Bulow (1830-1894). Cosima abandonou o marido e partiu com Wagner para Bayreuth. Lá, tiveram dois filhos antes do casamento.

Na cidade, o compositor construiu um teatro exclusivamente para apresentar suas obras. A estrutura fez muito sucesso e colecionou uma legião de admiradores.

No auge da fama, Wagner morreu devido a problemas no coração, em 13 de fevereiro de 1883. Foi enterrado na sua própria casa em Bayreuth.

(Fonte: Zero Hora – 17 JUNHO 2006 – GERAL – MÚSICA – Pág: 27)

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