MEDIÇÃO DA INTELIGÊNCIA

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MEDIÇÃO DA INTELIGÊNCIA

Já se tentou de tudo nesse inóspito território em que vicejam preconceitos raciais, sexuais e nacionais, além de alguns ramos científicos. Abaixo, algumas dessas tentativas.

1849 – O médico americano  Samuel George Morton (1799-1851) publica resultados das medidas de capacidade craniana de 623 homens. Segundo ele, asiáticos e caucasianos têm o mesmo volume cerebral. Já os negros teriam 65 centímetros cúbicos a menos de massa encefálica.

1892 – O poeta Walt Whitman (1819-1892) lega em testamento seu cérebro para que a Sociedade Antropométrica Americana o estude. Isso, no entanto, não ocorre porque um assistente de laboratório deixa cair o troféu cinzento no chão, espatifando-o.

1905 – O psicólogo francês Alfred Binet (1857-1911) cria o primeiro teste de inteligência para avaliar capacidades de raciocínio e de resolução de pequenas tarefas.

1906 – O anatomista da Universidade de Colúmbia Edward Anthony Spitzka (1876-1922) fatia os cérebros de 130 cadáveres de homens brancos e conclui: americanos e canadenses têm os maiores cérebros do mundo. Alemães e austríacos, em contrapartida, têm os menores.

1917 – O Exército americano começa a testar a inteligência de seus integrantes. A brilhante conclusão: oficiais têm maior capacidade intelectual que os recrutas.

1936 – O psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) lança a tese de que a inteligência da criança se desenvolve a partir de condicionantes ambientais e de fatores biológicos

1966 – O ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1956, William Shockley (1910-1989), inventor do transístor, saiu de sua lide eletrônica para defender a esterilização de pessoas de baixo QI e a criação de um banco de sêmen de gênios, para gerar superdotados – preferencialmente laureados com o Nobel, como ele -, com o propósito de melhorar geneticamente a gente americana. Pois bem: um maluco criou esse banco de esperma de gênios na Califórnia, foram feitas fecundações com mulheres interessadas na experiência, nasceram crianças filhas dos tais iluminados – e essas crianças, eram absolutamente normais com base em testes de QI que lhes foram aplicados.

1970 – O paleontologista da Universidade Harvard Stephen Jay Gould (1941-2002) reexamina os dados de Samuel Morton e conclui: Morton falseou os dados sobre a capacidade craniana dos negros e brancos, eliminando da amostra os africanos que tinham cabeças grandes e os caucasianos de cabeça pequena. Gould recalcula tudo e revela que não há diferenças reais de tamanho dos cérebros segundo a raça.

1990 – O psicólogo cognitivo e educacional Howard Gardner, da Universidade Harvard, defende que existem pelo menos seis diferentes tipos de inteligência, que vão da lógico-matemática à corporal-cinestésica, passando pela das relações pessoais, espacial e musical.

Século XXI – O psicólogo John Philippe Rushton (1943-2012), da Universidade de Ontário Ocidental, produziu um insólito estudo em que afirmava que a diferença entre as raças residia no tamanho do pênis, inversamente proporcional ao tamanho do cérebro – dizia ele.

(Fonte: Veja, 26 de outubro de 1994 – ANO 27 – Nº 43 – Edição 1363 – CIÊNCIA – Pág: 84/87)

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