Uma breve história das mudanças climáticas
Uma cronologia da mudança climática no mundo
Marcos importantes, descobertas científicas, inovações técnicas e ação política
Novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) subiu o tom de alerta sobre o aquecimento global.
Além de apresentar projeções sobre o futuro do planeta, o documento afirmou ser “extremamente provável” (“95% de certeza”) que o aquecimento observado desde a metade do século 20 seja resultado da influência humana no clima.
Imagem do conceito de aquecimento global mostrando os efeitos da terra seca no ambiente em mudança das árvores. O conceito de mudança climática. Conceito ambiental e aquecimento global, grandes árvores vivem e morrem. (Crédito da fotografia: Cortesia © Copyright de Vecteezy/ REPRODUÇÃO/ DIREITOS RESERVADOS)
1712 – O ferreiro britânico Thomas Newcomen inventa a primeira máquina a vapor amplamente utilizada, abrindo caminho para a Revolução Industrial e o uso de carvão em escala industrial.
1800 – A população mundial chega a um bilhão.
1824 – O físico francês Joseph Fourier descreve o “efeito estufa” natural da Terra. Ele escreve: “A temperatura [da Terra]pode ser aumentada pela interposição da atmosfera, porque o calor no estado de luz encontra menos resistência ao penetrar no ar do que ao repassar para o ar quando convertido em não luminoso aquecer.”
1861 – O físico irlandês John Tyndall mostra que o vapor d’água e alguns outros gases criam o efeito estufa. “Esse vapor aquoso é um cobertor mais necessário à vida vegetal da Inglaterra do que a roupa ao homem”, conclui. Mais de um século depois, ele é homenageado por ter uma proeminente organização de pesquisa climática do Reino Unido – o Tyndall Center – em sua homenagem.
1886 – Karl Benz revela o Motorwagen, muitas vezes considerado como o primeiro automóvel verdadeiro.
1896 – O químico sueco Svante Arrhenius conclui que a queima de carvão na era industrial aumentará o efeito estufa natural. Ele sugere que isso pode ser benéfico para as gerações futuras. Suas conclusões sobre o tamanho provável da “estufa artificial” estão no mesmo patamar – alguns graus Celsius para dobrar o CO2 – dos modelos climáticos modernos.
1900 – outro sueco, Knut Angstrom, descobre que mesmo nas pequenas concentrações encontradas na atmosfera, o CO2 absorve fortemente partes do espectro infravermelho. Embora ele não perceba o significado, Angstrom mostrou que um gás residual pode produzir aquecimento do efeito estufa.
1927 – As emissões de carbono da queima de combustíveis fósseis e da indústria atingem um bilhão de toneladas por ano.
1930 – A população humana chega a dois bilhões.
1938 – Usando registros de 147 estações meteorológicas ao redor do mundo, o engenheiro britânico Guy Callendar mostra que as temperaturas subiram ao longo do século anterior. Ele também mostra que as concentrações de CO2 aumentaram no mesmo período e sugere que isso causou o aquecimento. O “efeito Callendar” é amplamente descartado pelos meteorologistas.
1955 – Usando uma nova geração de equipamentos, incluindo os primeiros computadores, o pesquisador norte-americano Gilbert Plass analisa em detalhes a absorção infravermelha de vários gases. Ele conclui que dobrar as concentrações de CO2 aumentaria as temperaturas em 3-4°C.
1957 – O oceanógrafo norte-americano Roger Revelle e o químico Hans Suess mostram que a água do mar não absorve todo o CO2 adicional que entra na atmosfera, como muitos supunham. Revelle escreve: “Os seres humanos estão agora realizando um experimento geofísico em larga escala …”
1958 – Usando equipamento que ele mesmo desenvolveu, Charles David (Dave) Keeling (1928-2005) inicia medições sistemáticas de CO2 atmosférico em Mauna Loa no Havaí e na Antártica. Em quatro anos, o projeto – que continua até hoje – fornece a primeira prova inequívoca de que as concentrações de CO2 estão aumentando.
1960 – A população humana chega a três bilhões.
1965 – Um painel do Comitê Consultivo do Presidente dos EUA adverte que o efeito estufa é uma questão de “preocupação real”.
1972 – Primeira conferência ambiental da ONU, em Estocolmo. A mudança climática dificilmente aparece na agenda, que se concentra em questões como poluição química, testes de bombas atômicas e caça às baleias. Como resultado, é formado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep).
1975 – A população humana chega a quatro bilhões.
1975 – O cientista americano Wallace Broecker coloca o termo “aquecimento global” em domínio público no título de um artigo científico.
1987 – A população humana chega a cinco bilhões
1987 – Protocolo de Montreal acordado, restringindo produtos químicos que danificam a camada de ozônio. Embora não tenha sido estabelecido tendo em mente as mudanças climáticas, teve um impacto maior nas emissões de gases de efeito estufa do que o Protocolo de Quioto.
1988 – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) formado para coletar e avaliar evidências sobre mudanças climáticas.
1989 – A primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher – possuidora de um diploma em química – adverte em um discurso à ONU que “Estamos vendo um grande aumento na quantidade de dióxido de carbono atingindo a atmosfera… O resultado é que mudanças no futuro são prováveis ser mais fundamental e mais difundido do que qualquer coisa que conhecemos até agora.” Ela pede um tratado global sobre mudanças climáticas.
1989 – as emissões de carbono da queima de combustíveis fósseis e da indústria chegam a seis bilhões de toneladas por ano.
1990 – O IPCC produz o Primeiro Relatório de Avaliação. Ele conclui que as temperaturas subiram de 0,3 a 0,6°C no último século, que as emissões da humanidade estão aumentando o complemento natural de gases de efeito estufa da atmosfera e que se espera que essa adição resulte em aquecimento.
1992 – Na Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, os governos concordam com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Seu principal objetivo é “a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça uma perigosa interferência antrópica no sistema climático”. Os países desenvolvidos concordam em retornar suas emissões aos níveis de 1990.
1995 – O Segundo Relatório de Avaliação do IPCC conclui que o equilíbrio das evidências sugere “uma influência humana perceptível” no clima da Terra. Esta foi considerada a primeira declaração definitiva de que os humanos são responsáveis pelas mudanças climáticas.
1997 – Acordo de Kyoto. As nações desenvolvidas se comprometem a reduzir as emissões em uma média de 5% até o período 2008-2012, com grandes variações nas metas de cada país. O Senado dos EUA declara imediatamente que não ratificará o tratado.
1998 – as fortes condições do El Niño se combinam com o aquecimento global para produzir o ano mais quente já registrado. A temperatura global média atingiu 0,52°C acima da média do período 1961-1990 (uma linha de base comumente usada).
1998 – publicação do controverso gráfico “taco de hóquei” indicando que o aumento da temperatura nos dias de hoje no hemisfério norte é incomum em comparação com os últimos 1.000 anos. A obra seria posteriormente objeto de duas investigações instauradas pelo Congresso dos Estados Unidos.
1999 – a população humana chega a seis bilhões.
2001 – O presidente George W. Bush remove os EUA do processo de Kyoto.
2001 – O terceiro relatório de avaliação do IPCC encontra “evidências novas e mais fortes” de que as emissões de gases de efeito estufa da humanidade são a principal causa do aquecimento observado na segunda metade do século XX.
2005 – o Protocolo de Quioto torna-se lei internacional para os países ainda dentro dele.
2005 – O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, seleciona a mudança climática como uma prioridade para seus mandatos como presidente do G8 e presidente da UE.
2006 – a Revisão Stern conclui que a mudança climática pode prejudicar o PIB global em até 20% se não for controlada – mas contê-la custaria cerca de 1% do PIB global.
2006 – as emissões de carbono da queima de combustíveis fósseis e da indústria atingem oito bilhões de toneladas por ano.
2007 – o Quarto Relatório de Avaliação do IPCC conclui que é mais de 90% provável que as emissões de gases de efeito estufa da humanidade sejam responsáveis pelas mudanças climáticas modernas.
2007 – o IPCC e o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore recebem o Prêmio Nobel da Paz “por seus esforços para construir e disseminar um maior conhecimento sobre as mudanças climáticas provocadas pelo homem e para estabelecer as bases para as medidas necessárias para neutralizar essas mudanças “.
2007 – Nas negociações da ONU em Bali, os governos concordam com o “roteiro de Bali” de dois anos com o objetivo de elaborar um novo tratado global até o final de 2009.
2008 – Meio século após o início das observações em Mauna Loa, o projeto Keeling mostra que as concentrações de CO2 aumentaram de 315 partes por milhão (ppm) em 1958 para 380 ppm em 2008.
2008 – Dois meses antes de assumir o cargo, o novo presidente dos EUA, Barack Obama, promete “engajar-se vigorosamente” com o resto do mundo sobre as mudanças climáticas.
2009 – A China supera os EUA como o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo – embora os EUA continuem bem à frente em uma base per capita.
2009 – Hackers baixam uma enorme parcela de e-mails de um servidor da unidade de pesquisa climática da Universidade East Anglia, no Reino Unido, e liberam parte do conteúdo na internet, episódio conhecido como “ClimateGate”.
2009 – Governos de 192 países do mundo se reúnem na cúpula do clima da ONU em Copenhague, com grandes expectativas de um novo acordo global, mas o resultado da conferência é apenas uma declaração política controversa, o Acordo de Copenhague.
2010 – Os países desenvolvidos começam a contribuir para um fundo de US$ 30 bilhões (R$ 67 bilhões) durante três anos. O objetivo é usar o dinheiro para ajudá-los a se adaptar aos impactos climáticos e tornar suas economias mais verdes.
2010 – Uma série de análises sobre o “ClimateGate” e o IPCC pede por mais abertura, mas isenta os cientistas de negligência.
2010 – A cúpula da ONU no México, não desmorona, como se temia, mas termina com acordos em questões pouco relevantes.
2011 – Uma nova análise de registros de temperatura da Terra por cientistas preocupados com as acusações do “ClimateGate” prova que a superfície terrestre do planeta de fato se aqueceu durante o século passado.
2011 – A população humana chega a 7 bilhões de pessoas.
2011 – Dados mostram que as concentrações de gases de efeito estufa estão aumentando em um ritmo mais rápido do que em anos anteriores.
2012 – O gelo no Ártico atinge uma extensão de 3.410.000 km², a menor área desde que as medições por satélite começaram, em 1979.
2013 – Dados do Observatório de Mauna Loa, no Havaí, informam que a concentração média diária de CO2 na atmosfera já ultrapassou 400 partes por milhão (ppm), pela primeira vez desde que as medições começaram, em 1958.
(Créditos autorais: http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature – CIÊNCIA/ NATUREZA/ CIÊNCIA E MEIO AMBIENTE – 5 de outubro de 2009)
(Créditos autorais: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/09/13 – NOTÍCIAS/Uma cronologia da mudança climática no mundo – 27 setembro 2013)
O correspondente da BBC para meio ambiente, Richard Black, fez uma cronologia sobre o tema, com marcos importantes, descobertas científicas, inovações técnicas e ações políticas.
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