Maximiliano Maria Kolbe, protagonizou um dos mais rápidos processos de santificação de toda a história da Igreja

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São Maximiliano Kolbe, meses  antes de ser preso pela Gestapo

São Maximiliano Kolbe, meses
antes de ser preso pela Gestapo

Maximiliano Maria Kolbe (8 de janeiro de 1894 – 14 de agosto de 1941), frade missionário franciscano, foi uma vítima do nazismo em Auschwitz

Morto em 14 de agosto de 1941 e beatificado em 17 de setembro de 1971, frei Kolbe protagonizou um dos mais rápidos processos de santificação de toda a história da Igreja.

No século XX, seu único similar é a causa de Santa Maria Goretti, que morreu em 1902, aos 12 anos, no interior da Itália, de pois de levar 14 facadas de seu agressor sexual, e foi canonizada em 1950.

A santificação do frei Kolbe, ocorreu no dia em que se celebrou o oitavo centenário do nascimento de São Francisco de Assis, o fundador de sua ordem.

No dia 10 de outubro de 1982, na Praça de São Pedro, realizou-se sua solene canonização. Foi a primeira homenagem oficial da Igreja Católica a uma vítima do nazismo e, também, mais um gesto polonês de João Paulo II.

Na missa em que Wojtyla rezou em Auschwitz, em 1979, durante sua visita à Polônia, o papa fez uma oração especial no local em que foi martirizado o santo. “Neste lugar do terrível genocídio, que causou a morte de 4 milhões de homens de diversas nacionalidades, frei Maximiliano, oferecendo-se voluntariamente à morte por um irmão, no bunker da fome, alcançou uma vitória espiritual semelhante à de Cristo.”

Santo de Guerra

Em represália a mais uma tentativa de fuga ocorrida no sinistro campo de concentração de Auschwitz, instalado pelos nazistas na Polônia, o comandante ordenou que dez prisioneiros do bloco 14A fossem enfiados num bunker – cela subterrânea escura e sem ventilação – e ali deixados até morrer de fome.

Entre os escolhidos estava o sargento Franciszek Gajowniczek (1901-1995), da resistência nacionalista, que chorava e dizia ter uma família numerosa. Um homem que não havia sido incluído no grupo de condenados saiu das fileiras e, com passos decididos, dirigiu-se ao comandante.

Franciszek Gajowniczek, em 1971 (Foto: Aleksander Jałosiński /Agencja FORUM)

Franciszek Gajowniczek, em 1971 (Foto: Aleksander Jałosiński /Agencja FORUM)

Nem os mais antigos prisioneiros de Auschwitz lembravam ter visto alguém que, sem ordem prévia, tivesse saído de forma, em completo desrespeito às regras do campo de concentração. “Que deseja esse porco polonês?”, perguntou o comandante. “Quero morrer no lugar daquele ali”, disse o homem, apontando para o sargento Franciszek Gajowniczek.

Pela primeira vez na história de Auschwitz, o comandante falou diretamente com um “número” do campo. “Mas quem é você?”, berrou o oficial. “Sou um padre católico”, respondeu o homem. Na hierarquia de valores nazista, os “porcos padres”  vinham logo depois dos “porcos judeus”. “Aceito”, foi a decisão do comandante, traçando um xis sobre o número 5659 do sargento Gajowniczek e substituindo-o na lista de condenados pelo número 16670.

Foi assim que o frade franciscano Maximiliano Maria Kolbe, de 47 anos, viveu até as últimas consequências o ensinamento de Cristo: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar a sua vida pelos seus amigos.” (João, 15:13)

Tal rapidez só foi possível porque João Paulo II dispensou o preenchimento do preceito do cânone 2 138 do Código de Direito Canônico, que exige, para a canonização de um beato, o exame e o reconhecimento de outros milagres – ao menos dois -, além daqueles que tenham sido considerados válidos para a beatificação.

Essa dispensa já fora concedida anteriormente por João XXIII a São Gregório Barbarigo, bispo de Pádua nos anos 600, e a São João d’Ávila, místico espanhol dos anos 500.

A cerimônia do dia 10 de outubro teve um convidado de honra: o sargento Gajowniczek, salvo pelo santo, hoje com 81 anos, que vive no interior da Polônia junto a sua numerosa descendência.

(Fonte: Veja, 10 de março de 1982 – Edição 705 – SANTO DE GUERRA – Pág: 68)

 

 

Beatificado: o padre polonês Maksymilian Kolbe, que em 1941 se ofereceu para morrer em lugar de outro prisioneiro do campo de concentração nazista de Auschwitz; Dia 17 de outubro de 1971, pelo papa Paulo VI, no Vaticano, perante 30 000 pessoas; entre as quais o homem salvo da morte, Franciszek Gajowniczek, hoje com setenta anos.

(Fonte: Veja, 27 de outubro de 1971 – Edição 164 – DATAS – Pág: 92)

 

 

 

 

 

São Maximiliano Kolbe

Mártir de Auschwitz

“Não esqueça o amor!” São Maximiliano

“Evite a tristeza e as preocupações, porque não há motivos para estar triste.” São Maximiliano Kolbe

O bloco 14 era dividido em duas partes, térreo e superior, éramos em 400 prisioneiros. A situação higiênica é indescritível, um banheiro para 400 prisioneiros.

Padre Kolbe esteve no campo 77 dias, chegou dia 28 de maio 1941, era tranqüilo, um homem onde resplendia a bondade, um verdadeiro amigo. Aqueles que o conheciam sempre o ajudavam devido a sua fragilidade. Eu nunca me aproximava dele, ele sempre falava com os outros padres, a respeito da Imaculada e da Santíssima Trindade, somente os mais velhos o escutavam. A coisa mais interessante era perceber o quanto era bom.

– 29/07/1941, mais ou menos 13h00, momento pausa no trabalho e a sirene soou, deu medo, o som não era o mesmo, naquele dia entendíamos que era algo de ruim, e todos deveriam deixar o trabalho e ir para o pátio, é o momento do apelo, ou seja, o controle de prisioneiros de cada bloco. Alguns não suportavam o trabalho e morriam, mas vivo ou morto tinha que estar no momento do apelo, não podia faltar nenhum prisioneiro. Deus me permitiu estar em tantos apelos não sei como consegui. Naquele dia era apelo punitivo, somente para o nosso bloco, e nenhum outro bloco, podia nem mesmo ver pela janela se não também eram punidos.

Depoimento de Micherdzirski (Miguel) ex-prisioneiro número 1261, que esteve 04 anos no campo de concentração de Auschwitz. Foi transportado para o campo no dia 26/06/1940 com 19 anos. Deu seu testemunho no dia 08/01/2004, na Polônia em ocasião dos 110 anos do nascimento de São Maximiliano Kolbe.

– 30/07/1941 as 19h15, foi o momento que Padre Kolbe saiu da fila, do dia 29/07 ao 30/07 ficamos no pátio em pé sem comer, sem dormir, a noite era muito fria, e durante o dia muito calor. Os soldados colocavam a comida na nossa frente, e jogavam no chão, muitos não aguentavam, não tendo mais força e acabavam morrendo. Eu, Padre Kolbe e Francisco estávamos na mesma fila, na 5º ou 6° fila. Fritz andava entre as filas, e quando parava na frente de um prisioneiro significava que era seu fim, era condenado, quando Fritz se aproximou de mim, me sumiu a visão, tremia minhas pernas, meu único desejo era de viver, minha oração era “Deus não deixe ele tocar em mim”.

Naquele momento não podíamos ter nenhum tipo de reação, não podia manifestar nem mesmo uma expressão, porque seria o suficiente para morrer. Quando tudo acabou foi um alivio, mas de repente se percebe que alguém sai do lugar, naquele momento o silêncio reinava, só se ouvia os passos daquele homem, Padre Kolbe. Ele calmamente se aproximou de Fritz e disse: “Quero morrer no lugar desse homem”. Em um lugar onde milhões morriam, morrer por um não significava nada.

Fritz perguntou: “Quem é o senhor?”.Calmamente Padre Kolbe responde: “Sou um Polaco sacerdote católico”. Sete milhões de prisioneiros passaram por lá, essa foi a primeira vez que Fritz chamava um prisioneiro de senhor, éramos sempre chamados de porcos, besta e outros nomes terríveis. Padre Kolbe disse simplesmente: “Porque ele tem mulher e filhos” ela salvava o valor do sacramento matrimonial e a paternidade.

O que mais impressionou, não foi o fato que ele morria por alguém, isso era normal em um lugar como aquele, mas naquele dia os Tedescos perderam a guerra, era inacreditável Fritz falar com um prisioneiro, e ter aceitado a troca, ele podia simplesmente atirar em Padre Kolbe e nos outros, ou então soltar os cachorros neles. No campo de concentração era inaceitável gesto de martírio, os Tedescos não admitiam, os prisioneiros só podiam morrer, por suas mãos. Padre kolbe morreu para salvar um único prisioneiro, mas naquele dia ele trouxe a Auchwitz a esperança e o amor.

Foram 386 horas de sofrimento, e de fome. A Imaculada fez com Padre Kolbe tudo aquilo que desejava, fez dele um grande dom. Humanamente era difícil entender aquele ato, aquele momento marcou a história de Auschwtiz, a história de cada prisioneiro, ele trouxe a cada um de nós a dignidade e a vontade de viver. ”

“Padre Kolbe e os outros nove prisioneiros foram levados para o bloco 11, no Bunker da fome. Passaram-se duas semanas e os prisioneiros morriam um após o outro, mas no fim da terceira semana, ainda sobreviviam quatro, entre eles Padre Kolbe.

Para os carrascos, a morte deles estava sendo longa porque a cela (Bunker) era necessária para outras vítimas. Por isso, no dia 14 de agosto de 1941 às 12h50, da Vigília da Assunção de Maria Virgem ao céu, foi conduzido ao bunker, o carrasco Boch, um alemão, diretor da sala dos enfermos. Ele aplica no braço esquerdo de cada um, a injeção venenosa de ácido fênico. Padre Kolbe com a oração entre os lábios estende o braço ao carrasco.

Não podendo resistir aquilo que meus olhos viam, com o pretexto de ter que ir trabalhar, fui para fora. Quando os guardas e o carrasco deixaram o bunker, eu retornei: encontrei Padre Maximiliano Kolbe, sentado e apoiado no muro, com os olhos abertos e a cabeça inclinada: era a sua posição habitual. A sua face era radiante e serena.

Jesus disse: “tudo está cumprido”. Inclinando a cabeça, entrega o espírito. Talvez também Padre Kolbe tenha pronunciado essas palavras, antes de inclinar a cabeça e suspirar. No dia da Assunção da Virgem Maria ao céu, no dia 15 de agosto, o seu corpo foi queimado no forno crematório e suas cinzas foram jogadas ao vento. Em 28 de janeiro de 1942, o certificado de morte de Padre Kolbe foi levado pelo oficial central do campo de concentração ao convento de Niepokalanòw.”

(Fonte: http://www.miliciadaimaculada.org.br – Testemunho de Sig. Borgowiec – Fonte: site MI Internacional)

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