Foi pioneiro no tratamento de crianças psicóticas, sobretudo de autistas

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Foi pioneiro no tratamento de crianças psicóticas, sobretudo de autistas, crianças que não conseguem se comunicar com o mundo exterior

Bruno Bettelheim (Viena, 28 de agosto de 1903 – Los Angeles, 13 de março de 1994), respeitado e ilustre psicanalista austríaco radicado nos Estados Unidos. Bettelheim deixou um legado de ensinamentos e experiências que revolucionou a educação das crianças e lhe rendeu respeitosos tributos na imprensa do mundo inteiro. Ele se tornou conhecido por duas vertentes de seu trabalho. A primeira foi o tratamento pioneiro, nas décadas de 40 e 50, de crianças psicóticas, sobretudo de autistas, crianças que não conseguem se comunicar com o mundo exterior.

A segunda vertente foram os mais de doze livros que Bettelheim escreveu sobre a educação infantil e o arsenal de bons conselhos que deixou aos pais. Em Uma Vida para Seu Filho, publicado no Brasil em 1988 e que vendeu 130 000 exemplares, o psicanalista mostrou que criar filhos é uma arte e que todo pai dedicado e afetuoso pode acertar na educação dos pimpolhos mesmo que trabalhe fora, chegue cansado em casa e disponha de pouco tempo para cuidar das crianças. Em A Psicanálise dos Contos de Fadas, ensinou que as fábulas e as histórias da carochinha ajudam a criança a enfrentar a vida e que a infância é para brincar, não para aprender a fazer contas antes da hora.

Sobrevivente de um campo de concentração nazista, Bruno Bettelheim deixou a imagem de humanista que dedicou a vida a desvendar os segredos do universo infantil. Bettelheim fundou a célebre escola para crianças com distúrbios mentais da Universidade de Chicago, Sonia Shankman Orthogenic Scholl, e dirigida por ele durante trinta anos. A clínica, tratava em média de quarenta crianças, em regime aberto, ficou famosa por seu pioneirismo no tratamento dos autistas – doença que atinge milhares de americanos e considerada a mais precoce de todas as psicoses. A clínica recebia também crianças com quadros psicóticos – e muitas delas passavam vários anos sob os cuidados de Bettelheim até que se curassem.

O psicanalista aposentou-se de suas funções na Universidade de Chicago em 1973, depois de trinta anos de trabalho na clínica. Com a morte da esposa, em 1984, passou a ter crises de depressão. Bettelheim instalou-se na década de 40 nos Estados Unidos, depois de passar um ano num campo de concentração nazista. No livro Diálogo com as Mães, editado no Brasil em 1977, Bettelheim transcreve uma palestra para um grupo de mães. No encontro, ele explica por que não podia ser visto como um homem infalível. “Eu lido com crianças com as quais nem sempre a teoria dá respostas imediatas a problemas no cotidiano”, disse ele. “Não estou interessado em ser justo. Meu propósito é resolver o conflito, ainda que isso exija ser temporariamente injusto”, escreveu. Mas em outros livros, no entanto, ele condenou os castigos físicos de crianças em quaisquer circunstâncias. Bettelheim foi para uma clínica de repouso em Los Angeles, onde se suicidou.

(Fonte: Veja, 12 de setembro de 1990 – Edição n° 1 147 – ANO 23 – N° 36 – COMPORTAMENTO – Pág; 56/57)

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