Eduardo Modiano, economista e engenheiro que comandou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 1990 e 1992

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Ex-presidente do BNDES, que era sócio e proprietário no Grupo Modiano

Eduardo Modiano em almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro em 1991, quando era presidente do BNDES. (Foto: Carlos Wrede / Agência O Globo)

Ele comandou o banco nos anos 90 e iniciou processo de privatização de estatais

Eduardo Modiano, um dos pais da privatização

Eduardo Marco Modiano (Rio de Janeiro, 1952 – Rio de Janeiro, 6 de dezembro de 2017), economista e engenheiro, era sócio e proprietário no Grupo Modiano, comandou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 1990 e 1992, durante o governo de Fernando Collor de Mello, e integrou a comissão diretora do Programa Nacional de Desestatização, que iniciou o processo de privatização das empresas estatais no país.

Economista foi um dos grandes responsáveis pela modernização do Brasil

Foi um dos formuladores do Plano Collor, presidente da comissão diretora do Plano Nacional de Desestatização e teve um papel importante na criação da chamada “tablita”, no governo José Sarney.

Ele foi um dos principais formuladores do Plano Collor e parte da equipe da ministra Zélia Cardoso de Melo, que comandou o confisco das poupanças do país em um esforço para combater a inflação. Com o impeachment de Collor, pediu demissão do BNDES.

Antes de sua participação no governo, fez parte de discussões sobre os planos econômicos do governo de José Sarney, tanto Plano Cruzado quanto do Plano Bresser. Ele foi o responsável direto pelo desenvolvimento da Unidade de Referência de Preços (URP), uma ferramenta que permitia que o acúmulo inflacionário não fosse repassado rapidamente para os preços e salários, o que impedia a rápida propagação da inflação. Mas a ideia original foi alterada e ele não gostou: “A URP é minha, mas o arrocho salarial é do Bresser”.

Modiano ocupou diversos cargos em instituições financeiras, como no banco Itamarati e no banco Crefisul, e também foi consultor do banco Fonte-Cindam. Deixou a instituição quando o presidente, Luiz Antônio Gonçalves, foi acusado de crime contra o sistema financeiro por firmar empréstimos mútuos entre empresas nas quais o próprio Fonte Cindam tinha participação. Modiano foi excluído do processo promovido pela Comissão de Valores Mobiliário (CVM).

 

LILIANE E EDUARDO MODIANO COM ANDRÉA SALETTO (Foto de: Paulo Deus)

 

Com PhD pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), obtido em 1978, Modiano foi professor da do Departamento de Economia da PUC-Rio de 1979 a 1984. Entre 1985 e 1986, foi diretor da Macrométrica Pesquisas Econômicas e da Consultoria de Análise e Projeções Econômicas, de acordo com informações do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDoc) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

No fim de 1985, quando a equipe econômica de Sarney trabalhava na formulação do Plano Cruzado, Modiano participou em São Paulo de uma reunião com João Sayad, na época ministro do Planejamento. No encontro, discutiram-se “algumas fórmulas que este havia desenvolvido para adaptação dos contratos na economia de alta inflação”, segundo informações do CPDoc. Foi quando surgiu a tablita, que retirava das dívidas a previsão inflacionária embutida.

Também no governo Sarney, Modiano tomou parte nas conversas que levaram ao Plano Bresser, tendo sido responsável pelo desenvolvimento da Unidade de Referência de Preços (URP). O objetivo era fazer com que o acúmulo inflacionário não fosse repassado rapidamente para os preços e salários, impedindo a rápida propagação da inflação.

A ideia original, contudo, foi alterada, levando Modiano a dizer: “A URP é minha, mas o arrocho salarial é do Bresser.”

Entre 1987 e 1990, voltou à PUC-Rio, onde foi diretor do Departamento de Economia. De 1989 a 1990, foi economista-chefe do Banco Sterling.

Em 1990, tornou-se presidente do BNDES, tendo participado da formulação do Plano Collor, que bloqueou os recursos das cadernetas de poupança e aplicações financeiras. Também comandou a comissão diretora do Programa Nacional de Desestatização, que começou a privatização de empresas estatais.

Em 1993, assumiu a vice-presidência de investimentos do Banco Itamarati. Depois, foi vice-presidente de investimentos do Banco Crefisul, comandando também o conselho de administração do Grupo Modiano, cargo que ocupou até 1994. Em seguida, tornou-se consultor do Banco Fonte Cindam.

Modiano permaneceu na instituição até maio de 1999, quando seu então presidente, Luiz Antônio Gonçalves, foi acusado de crime contra o sistema financeiro por firmar empréstimos mútuos entre empresas nas quais o próprio Fonte Cindam tinha participação”.

Modiano, arrolado no processo, pediu a sua exclusão em junho de 1999, afirmando que atuava no banco como assessor e consultor de investimentos na área de fusão, aquisição e reorganização de empresas e em processos de privatização. Em agosto de 1999, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acatou os argumentos do economista, que foi então excluído do inquérito.

Modiano escreveu ainda os livros “Da Inflação ao Cruzado: a Política Econômica do Primeiro Ano da Nova República”, de 1986, e “Inflação: Inércia e Conflito”, de 1988.

 

 

BNDES: ‘PRESIDENTE PIONEIRO’

 

 

Eduardo Modiano foi um presidente pioneiro. Assumiu a direção do banco num momento de grande desafio: implantar a desestatização. A estrutura do BNDES deu apoio e em 1991 o primeiro leilão aconteceu.

 

Modiano bate o martelo na privatização da Usiminas em 1991 (Foto: Carlos Wrede / Agência O Globo)

 

Eduardo Modiano morreu em 6 de dezembro de 2017 no Rio de Janeiro, aos 65 anos, em decorrência de um câncer.

Em nota, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, destacou o pioneirismo de Modiano:

“Eduardo Modiano foi um presidente pioneiro. Quanto aprendizado!! Tempos difíceis mas inspiradores. Modiano encarou o desafio. Hoje nós honramos sua memória”.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/economia – ECONOMIA / POR O GLOBO – 07/12/2017)

(Fonte: http://www.valor.com.br/brasil – BRASIL – 07/12/2017)

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