Dulcídio Wanderley Boschillia, árbitro famoso por estar envolvido em casos de suborno.

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Dulcídio Wanderley Boschillia (janeiro de 1938 — São Paulo, 14 de maio de 1998), árbitro famoso por ter sido acusado de agredir jogadores, abusar de sua autoridade e de estar envolvido em casos de suborno.

Sua atuação mais polêmica aconteceu em 1977, no jogo final do campeonato paulista entre Corinthians e Ponte Preta.

Boschillia expulsou um atacante da Ponte no início do jogo e assim facilitou a quebra de um jejum de 23 anos em que a equipe corintiana ficou sem o título paulista. Boschillia faleceu dia 14 de maio de 1998, aos 60 anos, de insuficiência renal, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 20 de maio de 1998 – Edição n° 1547 – ANO 31 – N° 20 – DATAS – Pág; 43)

Controvertido, recebia muitas críticas, mas era considerado imparcial pela maioria dos clubes (mesmo sem nunca ter negado ser são-paulino) e sempre era lembrado para jogos que envolviam um clima tenso. “Falam que sou são-paulino porque um dia carreguei a bandeira do São Paulo no estádio”, contou, em 1987. “Tenho simpatia pelo São Paulo, mas não passa disso. Fora de campo, posso ter minhas preferências, mas lá dentro não: sou árbitro.”

Começou a carreira de árbitro profissional em 1964, depois de ser goleiro em um time de várzea, conhecido como Wand. Nessa época, quase foi levado por José Poy para o São Paulo. Quando era policial, apitou partidas de futebol na Casa de Detenção, em São Paulo, algumas vezes envolvendo detentos que ele tinha prendido, mas era respeitado por eles apesar disso. “Até me cumprimentavam”, contou, em 1986. “Diziam que eu era gente. Isso, na linguagem da bandidagem, falando de um tira, é altamente significativo.”

Apesar de ter passado pelo DOI-CODI entre 1970 e 1972, na época da ditadura militar, não participou de torturas.”Eu nunca dei um tapa sequer em alguém”, dizia,sobre o período no órgão militar. “Minha função era burocrática.” Também fez parte da ROTA.

Na década de 1960 apitou um jogo entre Penapolense e São Bento de Marília, em Penápolis, pela Terceira Divisão Paulista. A torcida e os jogadores do time local pressionavam para que ele inventasse um pênalti (“Dá um pênalti para não morrer, depois o senhor muda tudo na súmula”, teria dito um dos jogadores, segundo Dulcídio), mas ele recusou-se e depois, no vestiário, teve de usar a arma que carregava na mochila para assustar “os mais exaltados”. Assim como naquela partida, durante boa parte de sua carreira ia aos estádios armado, embora não entrasse em campo com as pistolas.

Havia quem dissesse tê-lo visto apitando o segundo tempo de um jogo tumultuado em Americana, em 1973, com um revólver na cintura, o que ele também negava.

Apitou as decisões dos Campeonatos Brasileiros de 1975 e 1988, além das decisões dos Campeonatos Paulistas de 1974, 1975, 1977, 1981, 1983, 1986 e 1987 e do Campeonato Mineiro de 1985, entre outras decisões de estaduais. Foi ainda auxiliar no jogo que decidiu o Campeonato Paulista de 1971, quando correu para o meio-campo para indicar que o gol foi legal, decisão que o árbitro da partida, Armando Marques, reverteu.

Na, em 1987, quando o São Paulo foi campeão em cima do Corinthians, apitou apesar de ter sofrido um grave acidente de carro dezoito dias antes, na Rodovia Castelo Branco, quando faleceu sua segunda esposa, Berenice Bialski. Ele voltava de Tupã, onde tinha apitado a final da Terceira Divisão Paulista, entre Tupã e Palmital, com a esposa e os bandeirinhas, e bateu na traseira de um caminhão.

Ele foi aplaudido pela torcida antes de a partida começar. Ao final, depois de levantar a bola e chorar, desmaiou de dor ao ser abraçado por um amigo justamente na costela fissurada no acidente. “Eu tinha duas opções: encarar a realidade ou me entregar”, disse, após o jogo.

Partida da quebra do tabú dos 23 anos do Corínthians

A partida mais polêmica de sua carreira foi a final do Campeonato Paulista de 1977, quando foi acusado de suborno por expulsar o atacante Rui Rei, da Ponte Preta, aos treze minutos do primeiro tempo, supostamente para favorecer o Corinthians.

Rui Rei reclamara que o árbitro só estaria marcando faltas contra o time campineiro, ao que Dulcídio respondeu: “Não agita que eu te coloco para fora.”

O jogador seguiu reclamando e o árbitro, tão nervoso que deixou um dos cartões cair no chão, mostrou-lhe primeiro o cartão amarelo e depois o vermelho. “Ele me mandou tomar… Se eu não o botasse para fora, ele passaria a mandar no jogo”, contou, oito anos mais tarde. “E, lá dentro, só eu mando.

Também foi suspenso por 120 dias por agredir o zagueiro ponte-pretano Polozzi, que depois confirmaria que não foi Dulcídio que o agrediu.

Encerrou a carreira em 1988, ao completar 50 anos. No total, apitou 240 partidas de Campeonato Brasileiro entre 1971 e 1987, sendo o sétimo árbitro com mais jogos apitados no torneio.

Seu grande sonho era fazer parte do quadro de árbitros da Fifa, mas morreu sem realizá-lo, apesar de ter sido cogitado para assumir uma das vagas mais uma vez em 1986. Dulcídio morreu em 14 de maio de 1998, de um tipo raro de câncer, o lipossarcoma de retroperitônio, que se alastrou pelo corpo.

(Fonte: http://megaarquivo.com/2012/06/26/6215- 26 de junho de 2012)

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