Dilermando Reis, considerado um dos maiores violonistas brasileiros, criou a primeira e única orquestra de violões do país

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Criou a primeira e única orquestra de violões do país

Dilermando Reis se apresenta para jornalistas no Rio de Janeiro, em 1972 - (Foto: Luis Alberto/Agência O Globo)

Dilermando Reis se apresenta para jornalistas no Rio de Janeiro, em 1972 – (Foto: Luis Alberto/Agência O Globo)

 

Primeiro violonista pop do país

Dilermando Reis (Guaratinguetá, 22 de setembro de 1916 – Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1977), considerado um dos maiores violonistas brasileiros. Da infância pobre na cidade paulista de Guaratinguetá, onde nasceu, Dilermando Reis costumava recordar as tardes passadas na varanda da velha casa da família, quando seu pai, Francisco, músico diletante e seresteiro, tocava violão acompanhando a mulher em nostálgicas canções. Sob a tutela do pai, aos 9 anos Dilermando já dedilhava um cavaquinho emprestado, comprando, logo depois, seu primeiro violão – adquirido por 10 000 réis, de um boêmio que passava pela rua. Aos 15, passou a acompanhar, em excursões pelo interior, seu segundo e mais importante mestre, o cego Levino da Conceição (1883-1955), que o levaria para o Rio de Janeiro em 1932.

Numa época em que tocar violão ainda era “coisa de malandro”, sobreviveu dando aulas na casa de música A Guitarra de Prata. Em 1935, pelas mãos de Renato Murce (1900-1987), começou a trabalhar na antiga Rádio Transmissora, onde acompanhou nomes famosos como Carmem Miranda. Anos mais tarde, já considerado um dos maiores violonistas brasileiros, ganharia um programa semanal radiofônico exclusivamente seu, tendo o violão como estrela. É dessa época a primeira e única orquestra de violões do país, por ele organizada e com a qual se apresentou em cassinos, teatros e shows. Desse tempo também, as primeiras serestas e as noitadas na velha Lapa, com Noel Rosa, Chico Alves e outros.

Contratado pela Continental há 32 anos, gravou dezenas de discos em 78 rotações, vinte LPs e uma série de sete volumes, intitulada “Uma Voz e Um Violão em Serenata”, com o cantor Francisco Petrônio (1923-2007). Lançou discos com músicas de Ernesto Nazareth (1863-1934) e com choros de Pixinguinha, transpostos da flauta para o violão.

 

 

Dilermando Reis interpreta Pixinguinha (1972)| (Foto: Órfãos do Loronix/Divulgação)

Dilermando Reis interpreta Pixinguinha (1972)| (Foto: Órfãos do Loronix/Divulgação)

 

Seu último trabalho, o álbum “O Melhor de Dilermando Reis””, preparado durante anos, foi lançado pela gravadora. Foi através de sua interpretação que músicas como “Abismo de Rosas”, de Américo Jacomino (1889-1928) – (“Canhoto”) e “Sons de Carrilhão”, de João Pernambuco (1883-1947), ficaram eternizadas.

De suas próprias composições, as mais conhecidas são a valsa “Noite de Luar” e o choro “Magoado”. Morando no bairro do Engenho Novo há mais de trinta anos, dividia seu tempo com a mulher, dona Celeste, entre as aulas de violão, as gravações e seu emprego como fiscal de rendas do Estado do Rio de Janeiro, posto conseguido através de um velho amigo, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Aliás, a morte de Juscelino, companheiro de muitas serenatas, foi o primeiro passo para a sua morte. Profundamente chocado, Dilermando sofreria, dias depois, um enfarte, que desencadearia o edema pulmonar que o matou no domingo, dia 2 de janeiro de 1977.

(Fonte: Veja, 12 de janeiro, 1977 –- Edição 436 –- DATAS – Pág; 68)

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