Brálio Pedroso, teatrólogo paulista que revolucionou a linguagem da televisão

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Bráulio Nuno de Almeida Pedroso (São Paulo, 30 de abril de 1931 – Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1990), teatrólogo paulista que revolucionou a linguagem da televisão ao escrever o roteiro farsesco e calcado no cotidiano brasileiro da novela Beto Rockfeller, da TV Tupi, em 1968.

Antes de Beto Rockfeller, as novelas de televisão eram dramalhões ambientados em épocas e países distantes. A sinopse de Rainha da Sucata, de Silvio de Abreu, com pitadas de comédia e ambientada em São Paulo, seria inimaginável sem que antes tivesse existido Beto Rockfeller.

Bráulio Pedroso deixou consolidada a renovação da novela brasileira, atribuída a Beto Rockefeller, que estreou na TV Tupi em 1968, e é até hoje considerada um divisor de águas na teledramaturgia do País.

Além de autoria de outras novelas, como O Rebu, Super-Plá, O Bofe, Pulo do Gato, Feijão Maravilha, entre tantos outros textos escritos para a TV, deixou também peças, contos, ideias de projetos não concretizados.

 

Pedroso estreou como dramaturgo com a peça O Fardão, que ganhou o Prêmio Molière de 1966 – e escreveu outras dezessete peças de teatro. O curioso é que sua obra para a televisão escasseou depois do primeiro sucesso. Para a Rede Globo de Televisão, fez o roteiro nada convencional de O Rebu, cujo enredo se passa no intervalo de uma noite. “Prefiro o teatro é menos descartável”, afirmou Pedroso, que também considerava cansativo escrever novelas.

Dia 15 de agosto, Bráulio Pedroso sofreu uma queda no banheiro de seu apartamento, no bairro da Gávea, Rio de Janeiro, e quebrou a coluna cervical. Foi encontrado morto, aos 59 anos, pelo ator Cláudio Marzo, que era seu hóspede.

 

Obra de Bráulio Pedroso é preservada

 

Agora, anos depois de sua morte, a obra de Bráulio Pedroso ganha nova vitalidade. Desde o dia 10 de outubro, o acervo do escritor encontra-se no arquivo do Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa, graças à doação de seus três filhos, João Manoel, Felipe e Cristine.

Durante estes dez anos, coube a João Manoel Pedroso a guarda do material, distribuído por algumas centenas de pastas, com originais de textos, sinopses, microfilmes. Se bem que boa parte do material seja conhecida, há muita coisa inédita, entre elas quatro peças, sinopses de programas para TV e até mesmo um musical em parceria com Tom Jobim “Gira América: Ida e Volta”, e um roteiro de cinema, O Bom Ladrão, com argumento de Fernando Sabino e Nelson Pereira dos Santos como provável diretor.

Para João Manoel, a doação desse material à Casa de Rui Barbosa teve dois impulsos básicos: preservar a obra do pai e possibilitar o acesso tanto aos textos conhecidos como aos inéditos: “Já há algum tempo eu pensava nessa doação e me pareceu que os dez anos de morte constituía uma data simbólica forte para efetuá-la. Tenho percebido também que muitos autores podem passar algum período no esquecimento.”

(Fonte: Veja, 22 de agosto, 1990 – Edição 1144 – Datas – Pág; 99)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – GERAL – CULTURA – 26 de dez de 2000)

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