Anna Akhmátova, foi uma das poucas artistas soviéticas a não ter contemporizado com o stalinismo e ter sobrevivido aos períodos de maior repressão

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Foi uma dos melhores poetas da União Soviética

Voz da revolução

Anna Akhmátova (Odessa, 23 de junho de 1888 – Leningrado, 5 de março de 1966), poeta russa de tom ligeiramente classicista, uma das poucas artistas soviéticas a não ter contemporizado com o stalinismo e ter sobrevivido aos períodos de maior repressão.

Ela publicou dois livros até 1921, ano em que seu ex-marido, o também poeta Nicolai Gumilióv (1886-1921), foi fuzilado, acusado de exercer “ativiaddes contra-revolucionárias”.

Depois, ela só voltou a lançar poemas em 1940. Nesse período, seu único filho Lev Gumilev, foi preso diversas vezes sem motivo aparente. Supõe-se que o governo perseguia o filho para manter a poeta sob ameaça.

Com a morte de Stálin, em 1953, Anna Akhmátova foi “reabilitada”. Ou seja, ganhou postos oficiais, como a presidência do Sindicato dos Escritores (do qual fora expulsa nos anos 40), mas seus poemas mais políticos continuam proibidos.

Nos versos de um Boris Pasternak (o autor de Doutor Jivago), se explica que é do íntimo dos poetas que nasce essa arte que incomoda o poder e dignifica o homem.

poesia russa do século XX é uma aventura em que a política e a literatura se cruzam a cada passo. Na voz dos poetas russos modernos, a violência dos fatos históricos (a Revolução Bolchevique de 1917, o terror da ditadura stalinista, a guerra contra o nazismo) se mistura com com as novas formas de expressão (simbolismo, futurismo, construtivismo) para dar origem a uma arte variada e portentosa.

Fica claro que, na União Soviética, escrever não só era perigoso como podia ser mortal. Mesmo com todos os riscos, foram muitos os que insistiram em continuar a escrever, e a escrever bem, até o fim.

(Fonte: Veja, 4 de setembro de 1985 – Edição 887 – LIVROS/ Por Mário Sérgio Conti – Pág: 133/134)

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