Theodor Adorno, filósofo, sociólogo e compositor alemão.

0
Powered by Rock Convert

Theodor Adorno (1903-1969), filósofo, sociólogo e compositor alemão. Membro da Escola de Frankfurt, foi também diretor-adjunto, co-diretor e diretor do Instituto para Pesquisa Social de Frankfurt.

Na Alemanha da década de 30, as coisas aconteciam depressa. Hitler comandava a ascensão nazista ao poder, as crises sociais eram graves. Walter Gropius (1883-1969) e a Bauhaus haviam reformulando a arquitetura, o expressionismo dominava a pintura, Arnold Schoenberg (1874-1951) e Igor Stravinski (1882-1971) podiam se considerar donos da cena musical europeia.

E Theodor Wiesengrund-Adorno, recém saído das universidades alemãs, aluno de Alban Berg (1885-1935), o primeiro discípulo de Schoenberg, acabava de ingressar, em Frankfurt, no Instituto de Pesquisas Sociais, cuja principal característica seria a crítica radical e constante.

Suas obras atingem tanto a sociologia teórica (“Sociológicas” I e II) quanto a filosofia ortodoxa (“Três Estudos sobre Hegel”). Foi na música, porém, que Adorno inaugurou um novo tipo de preocupação. E este trabalho, incluindo dois ensaios, representa, de certo modo, um modelo teórico da análise musical diferente de tudo o que se fazia até então. O primeiro, sobre Schoenberg, foi escrito de 1940 a 1941. Sete anos depois, Adorno ajuntou um estudo sobre Stravinski.

Desmitificação – O autor desenvolveu seu livro jogando Schoenberg contra Stravinski, deixando claro que a criação musical não é o fruto da inspiração do compositor, como queria a crítica romântica tradicional. Ao criar, diz Adorno, o artista remete à obra o momento histórico que vive, suas condições sociais e a situação política de seu tempo.

Tudo isso lhe é apresentado na forma da música de sua época que ele contesta. Nesse sentido, Schoenberg reflete, decididamente, o progresso – já que realmente foi de encontro ao que se fazia no começo do século 20. Stravinski, no entanto, escolheu aqui e ali, dentro dos períodos da história da música, fórmulas que juntava a novos ritmos oriundos do folclore russo.

Pouco antes de sua morte, em 1969, aos 63 anos, Adorno já se desencantara com o rumo que tomara a vanguarda musical, acusando-a de uma abstração excessiva. Ironicamente, ele próprio não conseguiu ultrapassar seu tempo. E, de pensador revolucionário e explosivo até a década de 1950, acabou por adotar uma posição bastante cautelosa e prudente na velhice. A importância da “Filosofia da Nova Música”, no entanto, permanece. E sua atualidade, anos depois de escrita, é incontestável.

(Fonte: Veja, 21 de agosto de 1974 – Edição 311 – LITERATURA/ Por João Marcos Coelho – Pág; 114)

Powered by Rock Convert
Share.