Primeiro Censo da Vida Marinha

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Primeiro Censo da Vida Marinha

Cientistas vasculharam os mares por dez anos e descobriram que cada gota está repleta de vida
Cientistas ligados ao Censo da Vida Marinha passaram dez anos vasculhando os mares em busca de respostas, explorando suas águas salgadas desde as zonas mais superficiais até as profundezas das fossas abissais, e desde os polos até o equador. Descobriram que cada gota em cada canto do oceano está repleta de vida.
Boa parte da biodiversidade que o mar abriga é microscópica, pequena demais para ser vista. Há 20 mil tipos diferentes de bactérias em apenas um litro de água do mar. E apesar de minúsculos, os micróbios oceânicos produzem metade do oxigênio do planeta. Se fossem colocados juntos numa balança, pesariam mais do que todos os peixes.
No outro extremo, muitas das grandes criaturas que antes reinavam nos oceanos foram pescadas até a extinção. A abundância anterior da vida marinha é hoje uma memória tão distante que os relatos do Censo que falam de lagostas tão comuns que eram usadas como fertilizante, e em cardumes de bacalhau tão onipresentes que podiam ser pescados do mar com baldes, parecem inacreditáveis.
Os recifes de coral são as florestas tropicais do mar, e há mais espécies de vida marinha em poucos metros quadrados de recife do que em toda a extensão dos mares da Europa. Mas, na maior parte do mundo, os recifes são hoje uma sombra do que já foram, ficando literalmente mais desbotados a cada dia. As altas temperaturas observadas nos oceanos estão causando o branqueamento de corais em todo o mundo. Com a progressiva morte das minúsculas algas que vivem dentro deles, os corais estão morrendo de fome e muitos deles morrerão ainda agora, em 2010.
A boa notícia é que, apesar de já termos perdido algumas espécies, ainda há tempo de reverter a situação, pois o número de extinções ocorridas no mar é relativamente pequeno. O Censo nos mostrou como o mar é, como ele foi e como ele poderá ser se decidirmos tomar conta do nosso ‘planeta oceano’. Os habitantes do mar nos alimentam, nos protegem das tempestades, são fonte de remédios e de muitos deleites, mas agora eles precisam de nós tanto quanto nós precisamos deles.
* Nancy Knowlton é pesquisadora do Museu Nacional de História Natural, do Instituto Smithsonian, especialista em biologia marinha e autora de ‘Citizens of the Sea’, um dos livros produzidos pelo Censo da Vida Marinha.

(Fonte: www.estadao.com.br – Ciência/Planeta/ Por Nancy Knowlton, exclusivo para o Estado de S.Paulo – 04 de outubro de 2010 – Tradução de Augusto Calil)

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