Peter Ludwig, colecionador compulsivo, colecionou expoentes da pop art

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O empresário alemão, de visão única, colecionou nomes como Warhol, Lichtenstein, Chagall e Richter.

Peter Ludwig

Peter Ludwig de visão única, colecionou nomes como Warhol, Lichtenstein, Chagall e Richter (Foto: Stadt Köln/ Divulgação)

Peter Ludwig (Coblença, Renânia-Palatinado, 9 de julho de 1925 – Aquisgrão, 22 de julho de 1996), colecionador e mecenas alemão, talvez tenha sido o colecionador mais compulsivo da história.

Filho de um fabricante de cimento, ele iniciou suas aquisições depois de se casar coma herdeira de uma poderosa marca de chocolates igualmente apaixonada por arte, Irene Monheim.

O gosto do casal era eclético: ia da arte pré-colombiana às relíquias medievais, desaguando nas tendências contemporâneas. Figura controversa, Ludwig teve sua reputação arranhada, nos anos 1980, ao encomendar bustos dele e da mulher a Arno Breker, que fora o escultor favorito de Hitler.

Mas sua coleção, hoje espalhada por mais de 30 museus, sobretudo na Alemanha, é admirável.

(Fonte: Veja, 1º de maio de 2002 – ANO 35 – Nº 17 – Edição 1749 – Veja Recomenda – Pág: 104/105)

 

 

Foundation Peter e Irene Ludwig em 1975 (Foto: Jean-Olivier Hucleux, retrato do Ehepaares Ludwig, 1975-1976/ Divulgação)

 

 

Coleção do mecenas alemão Peter Ludwig mostra expoentes da pop art

A exposição “Visões na Coleção Ludwig” apresenta parte de uma das mais importantes coleções particulares do planeta em três cidades brasileiras. Seleção inclui obras de Andy Warhol e Basquiat e também Picasso.

 

Obras da coleção Ludwig, no CCBB em São Paulo

 

Nos anos 1960, o empresário e mecenas alemão Peter Ludwig (1925-1996) foi um dos grandes responsáveis pela popularização de artistas americanos da pop art na Europa. Com grande interesse por arte contemporânea, Ludwig também contribuiu para a difusão do neoexpressionismo alemão.

Até 21 de abril, parte das apostas de Ludwig está exposta no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em São Paulo. A mostra Visões na Coleção Ludwig – que depois passará pelo Rio de Janeiro e por Belo Horizonte – apresenta 78 obras de arte de uma das mais importantes coleções particulares do mundo.

“Peter Ludwig estimulou a produção dos artistas integrados à sua coleção”, disse Ania Rodríguez, curadora da exposição ao lado de Evgenia Petrova e Joseph Kiblitsky (ambos representantes do Museu Ludwig no Museu Russo de São Petersburgo), em entrevista à DW Brasil. Além de grandes nomes da pop art, segundo Rodríguez, a coleção inclui também “a maioria dos movimentos estéticos que marcaram o século 20”, igualmente promovidos por Ludwig.

Picasso e arte pop

A obra Grandes cabeças (1969), de Pablo Picasso, por exemplo, faz parte da seleção exposta no CCBB e representa o início do interesse do mecenas pela arte contemporânea. “A coleção Ludwig é considerada a terceira mais importante coleção privada de Picasso no mundo”, aponta a curadora.

A mostra também dá ao público a chance de ver de perto obras de diferentes períodos estéticos. Além de Picasso, os visitantes encontrarão produções de grandes nomes da pop art (ou associados a ela), como Andy Warhol (Retrato de Peter Ludwig, 1980), Roy Lichtenstein (Ruínas, 1965), Tom Wesselmann, Claes Oldenburg (Banana-splits e glacês em degustação, 1964), Jeff Koons (Querubins, 1991), Jean-Michel Basquiat e outros.

 

 

O trabalho de Vladimir Yankilevsky se encontra entre pintura e escultura

 

 

Ao lado de obras de Jasper Johns (Sombra, 1959) e Cy Twombly (Sem título, 1968), o neoexpressionismo alemão, movimento que resgatou a pintura como meio de expressão a partir da década de 1980, é representado por nomes como Georg Baselitz, Markus Lüpertz e Anselm Kiefer.

Artistas contemporâneos, como o russo Vladimir Yankilevsky (Tríptico Nº 14 autorretrato, 1987), o sul-coreano Lee Sang-Won (Da série Tempo e Espaço, 1996) e o grego Pavlos (Guarda-roupa IV, 1968), evidenciam o olhar de Peter e Irene Ludwig para obras produzidas em diversos contextos geopolíticos, na medida em que as fronteiras da coleção avançavam.

 

 

Peter Ludwig foi um dos responsáveis por popularizar a arte pop na Europa

 

 

“Decidimos que a exposição deveria mostrar o recorte de arte contemporânea que é um dos destaques da coleção. Quisemos trazer ao Brasil obras representativas dos interesses de Peter e [de sua esposa]Irene Ludwig como colecionadores”, explicou Rodríguez. “Sua concepção da arte como expressão intimamente ligada à vitalidade de um contexto fez com que Ludwig se voltasse para espaços em plena transformação como a Rússia, Cuba ou [até] a China nos anos 1990”, completou.

Visionário da pop art

Nascido em 1925 em Koblenz, oeste da Alemanha, Peter Ludwig estudou história da arte, arqueologia, história e filosofia a partir de 1946, depois de prestar serviço militar e ter sido prisioneiro de guerra nos Estados Unidos. Em 1951, casou-se com Irene Monheim (filha de um dos empresários mais renomados da indústria do chocolate), com quem compartilhava o interesse pelas artes. Na mesma época, tornou-se entrou para a fábrica Leonard Monheim de chocolates – depois rebatizada de “Ludwig Schokolade” – e começou a se dedicar à sua coleção de arte ao lado da esposa.

 

 

“Querubins” (1991), obra do artista americano Jeff Koons

 

 

A partir dos anos 1970, chegou a adquirir ao menos uma obra por dia. Sua vasta compilação não decorava apenas a sua casa e escritórios, mas era constantemente emprestada para museus na Alemanha. Em muitos casos, os empréstimos acabaram por se transformar em doações.

Ania Rodríguez ressalta que, “com os trabalhos expostos [no CCBB], os visitantes poderão mapear as coordenadas geográficas das viagens que o mecenas fazia em busca de obras, bem como refletir sobre os contextos estéticos que, em muitas ocasiões, marcaram suas épocas dentro da história da arte”.

A coleção de Ludwig totaliza aproximadamente 20 mil peças, distribuídas em mais de dez museus em países como Alemanha (onde o maior expoente é o Museum Ludwig, em Colônia), Suíça, Hungria, Rússia, Áustria e China.

(Fonte: http://www.dw.com/pt-br – NOTÍCIAS – CULTURA/ Por Marco Sanchez – 04.02.2014)

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