Nelson Bunker Hunt, magnata do petróleo texano, ex-homem mais rico do mundo

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O magnata do petróleo texano e JR Ewing da vida real era um pregador evangélico proprietário de cavalos de corrida

Nelson Bunker Hunt recebe o troféu após a vitória de um dos seus cavalos em 1974 - (Foto: Reprodução)

Nelson Bunker Hunt recebe o troféu após a vitória de um dos seus cavalos em 1974 – (Foto: Reprodução)

 

Nelson Bunker Hunt (El Dorado, Arkansas, 22 de fevereiro de 1926 – Dallas, Texas, 21 de outubro de 2014), ex-homem mais rico do mundo

Nelson Bunker Hunt poderia ter nascido em El Dorado, Arkansas – o que, pensando nisso, era um lugar de origem muito adequado para alguém que cresceu com dinheiro para queimar. Mas, espiritualmente, ele era um texano por completo, um magnata do petróleo que foi por um breve momento candidato ao título de homem mais rico do mundo.

Os Hunts, do Texas, são uma lenda coletiva, que remonta ao explorador de petróleo HL Hunt, que fez fortuna no recém-descoberto campo petrolífero de East Texas, na década de 1920, e ao longo do caminho teve 15 crianças com três esposas. Uma delas foi Nelson Bunker, e foi, sem dúvida, o mais célebre e celebrado.

Nelson Bunker Hunt, à esquerda, e agente Bloodstock Eugenio Colombo no Fasig-Tipton (Foto: www.kyphotoarchive.com)

Nelson Bunker Hunt, à esquerda, e agente Bloodstock Eugenio Colombo no Fasig-Tipton (Foto: www.kyphotoarchive.com)

Ele também entrou no ramo do petróleo, mas no exterior, tentando e perdendo no Paquistão e na Arábia Saudita, antes de encontrar seu El Dorado, na Líbia, em 1961, com a descoberta das imensas jazidas de petróleo no Sarir, ainda hoje o maior campo na África do Norte. A Hunt International Petroleum, que ele fundou com os irmãos Lamar e William Herbert, o fez fabulosamente rico – pelo menos até que Muamar Kadafi chegasse ao poder e nacionalizasse Sarir, em 1973.

Destemido, Hunt focou em outros empreendimentos de petróleo, e diversificou em negócios rentáveis no gado, na mineração e no mercado imobiliário, além de ser proprietário de cavalos de corrida puro-sangue. Entre os bens, possuía vastas áreas de petróleo e agropecuária em todo o mundo, bem como o Rancho Circle T, a 45 quilômetros de Dallas. Para alguns, Nelson encarnava o JR Ewing da série de TV de mesmo nome da cidade texana.

Então, veio um desastre. No início dos anos 70, os irmãos começaram a acumular grandes quantidades de futuros comprados em prata. Mas, no final da década, a compra tinha se transformado em uma tentativa de monopolizar o mercado mundial de prata cujo preço, seguindo o ouro, subiu no início de 1980 para mais de US$ 50 por onça (28,3 gramas). Segundo algumas estimativas, a Hunts controlava metade da prata do mundo, no valor de mais de US$ 7 bilhões.

Mas em 27 de março de 1980 – uma data que passou para os anais dos desastres de mercado como a “Quinta-feira de Prata” – a estrutura especulativa entrou em colapso, e com ela a maior parte do dinheiro dos Hunts. O Federal Reserve tinha levantado drasticamente as taxas de juros para combater a inflação e o estouro da “bolha de prata”. Naquele dia, os Hunts não conseguiram bancar as ações, e os papéis de US$ 7 bilhões se transformaram em uma dívida de US$ 1,7 bilhão.

Multas, reclamações e ações judiciais consumiram grande parte da riqueza restante dos Hunts. Os ativos mais seletos da família foram vendidos e Nelson Bunker foi forçado a pedir falência, reportando, em 1989, US$ 10 milhões brutos em seu nome. Mas seus hábitos, para todos os efeitos, não mudaram muito.

“Um bilhão de dólares não é mais o que costumava ser”, comentou ele em meio a suas agruras financeiras. Em uma audiência no Congresso, que examinava a “derrocada de prata”, ele foi questionado sobre sua riqueza. “Eu não tenho os números na minha cabeça”, respondeu ele. “As pessoas que sabem o quanto elas valem, geralmente não valem tanto assim.”

Suas ambições do porte do Texas foram acompanhados por um corpo grande como o Texas (ele pesava 125 quilos), e uma excentricidade enorme como o Texas. Por toda a riqueza, muitas vezes viajou em classe econômica, ou usava o metrô em visitas a Nova York. Nelson Bunker era um conservador que detestava o comunismo e o governo federal, em igual medida. Ele era um membro do conselho da John Birch Society, da direita radical, e de expedições financiadas para encontrar o Titanic e a Arca de Noé.

Era também um pregador evangélico, cujas posições incluíam a presidência da Sociedade Bíblica do Texas e chefe da Cruzada Estudantil Internacional para Cristo, criada para ajudar as cidades do interior. Ele também era um dos grandes financiadores do filme “Jesus”, de 1979. Produtores afirmam que é o filme mais visto da história – visto por 3 bilhões de pessoas e traduzido em quase todas as línguas.

Em seus dias de glória, ele possuía mais de mil puros-sangues em estábulos ao redor do mundo. Seus cavalos triunfaram em mais de cem importantes corridas, incluindo o Epsom Derby. A riqueza de Hunt pode ter quase desaparecido, mas em 2000 ele ainda estava comprando cavalos. “Eu realmente não sei de nada”, comentou ele, em palavras que lembravam o depoimento ao Congresso no crash pós-prata. “Só estou tentando ganhar algumas corridas.”

Nelson Bunker Hunt morre nos EUA depois de perder a fortuna

(Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo -14342376#ixzz3mNvZbByR – TEXAS – MUNDO/ POR RUPERT CORNWELL / THE INDEPENDENT – 24/10/2014)

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