Jurandir Ferreira, escritor revelação da literatura com Um Ladrão de Guarda-Chuvas.

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Jurandir Ferreira (Poços de Caldas, 2 de setembro de 1905 – Poços de Caldas, 1997), escritor mineiro, revelação do romance da literatura com Um Ladrão de Guarda-Chuvas.

Prêmio Guimarães Rosa de 1994, Um Ladrão de Guarda-Chuvas surgiu num momento em que a literatura brasileira parecia estagnada.

Nascido em 2 de setembro de 1905, em Poços de Caldas, foi a cidade em que nasceu e residiu a maior parte da vida.

O primeiro romance só apareceu em 1948, com a edição de O céu entre montanhas, de Jurandir Ferreira. O autor incluído entre Os 18 melhores contos do Brasil, editado pela Bloch em 1968 publicou ainda coletâneas de contos, crônicas e poesias, além de um segundo romance e da novela Um ladrão de guarda-chuvas, que lhe valeu o Prêmio Guimarães Rosa de 1994.

Do conjunto de sua obra onze títulos publicados em geral por editoras paulistas, como Martins, Saraiva e Duas Cidades destacam-se as crônicas, traçadas com estilo leve e seguro, que compõem o painel de uma vila interiorana, com sua gente, seus costumes e suas transformações.

Na vida do intelectual Jurandir Ferreira, nota-se que, paralelamente à carreira de escritor, ele se empenhou em construir um sistema literário orgânico em Poços, podendo ser considerado, pelo seu enorme esforço, o principal divulgador da literatura moderna naquelas regiões montanhosas.

Um escritor que teve dez livros publicados e trata-se de um singular romancista pela elegância do estilo, que parece brotar espontaneamente de uma necessidade interna, mas é fruto de critério que levou tempo e esforço para apurar.

ARQUEOLOGISTA – Formado em farmácia pela faculdade de Pouso Alegre, Jurandir iniciou-se na imprensa antes dos 20 anos de idade. Depois de uma experiência bancária em Poços, mudou-se para São Paulo, onde ficou três anos trabalhando em jornais como A Ronda e O Combate.

Voltando à sua cidade natal, abriu uma farmácia, um laboratório de análises clínicas, um laboratório industrial de medicamentos oficinais e um serviço de controle de qualidade.

E foi pioneiro, em 1929, ao lançar um desses jornais internos de empresa, informativo que se tornaria comum no país décadas depois.

Em 1948, publicou seu primeiro romance, Um Céu entre Montanhas, e no ano seguinte, Fábulas, poesias. Aos 49 anos lançou Telêmaco, romance, e foi convidado pela Editora Saraiva a escrever outro, “diferente”.

Foi quando fez a primeira versão de Um Ladrão de Guarda-Chuvas, “baseado em histórias que me eram contadas por um médico de São João da Boa Vista, acostumado a receber escritores em sua casa e que comumente se decepcionava com as grandes figuras e sua empáfia.”

Considerado curto, Um Ladrão de Guarda-Chuvas foi devolvido pela Saraiva, que, em seguida, parou de publicar ficção. Vieram mais três livros de contos, A Campainha e o Camundongo, Saia Branca e A Asa do Dragão. Outro de versos, O Tocador de Requinta, e dois de crônicas, A Visita e Da Quieta Substância dos Dias.

Durante esses anos todos, Ferreira mexeu em Um Ladrão de Guarda-Chuvas, “aqui e ali”. Habituado ao laboratório e tendo sempre trabalhado com controle de qualidade, sabe que tudo tem doses precisas e que um elemento a mais desanda a estrutura, de maneira que manteve seu romance no tom exato.

“Então surgiu o Concurso Guimarães Rosa, do governo de Minas Gerais, e decidi desenterrar e enviar o livro; queria me desembaraçar dele”, confessou com modéstia e um fino senso de humor.

(Fonte: Veja, 14 de junho de 1995 – Ano 28 – N° 24 – Edição 1396 – LIVROS/ Por Ignácio de Loyola Brandão – Pág: 116/117)
(Fonte: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-22052007-135951/pt-br – São Paulo, 2007)

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