Ingmar Bergman, foi diretor de clássicos como “O Sétimo Selo”, “Morangos Silvestres” e “Cenas de um Casamento”

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Ingmar Bergman: foi uma das figuras-chave do cinema moderno

 

 

O lendário cineasta sueco Ingmar Bergman, que influenciou gerações de cinéfilos com suas obras sombrias sobre temas como a morte e os tormentos sexuais (Foto: Catraca Livre/Divulgação)

O lendário cineasta sueco Ingmar Bergman, que influenciou gerações de cinéfilos com suas obras sombrias sobre temas como a morte e os tormentos sexuais
(Foto: Catraca Livre/Divulgação)

 

 

“O Sétimo Selo” e “Morangos Silvestres” estão entre suas obras mais famosas.

 

 

Ingmar Bergman (Uppsala, ao norte de Estocolmo, 14 de julho de 1918 – Faro, na Suécia, 30 de julho de 2007), lendário diretor sueco, foi um dos maiores nomes da história do cinema. Considerado um dos mais importantes diretores do século 20, ele é o autor de clássicos como “O Sétimo Selo”, “Morangos Silvestres” e “Cenas de um Casamento”.

Ao longo da carreira de mais de 60 anos, ele criou 54 filmes, 126 produções teatrais e 39 peças de rádio, além de programas para a atelevisão.

Bergman foi um dos fundadores da Academia Europeia de Cinema, em 1988, e durante sua longa carreira, foi indicado ao Oscar nove vezes. Ele venceu a estatueta de melhor filme estrangeiro três vezes. O diretor sueco também foi premiado diversas vezes nos Festivais de Berlim e Cannes.

 

Trajetória

O diretor sueco começou sua carreira nos anos 1950 e dirigiu mais de 40 filmes, entre eles “Gritos e sussuros” “Fanny e Alexander”,“Persona” e “O silêncio” que o elevaram ao status de um dos maiores mestres do cinema moderno.
Nascido no dia 14 de julho de 1918 em Uppsala, ao norte de Estocolmo, Ingmar Bergman foi casado cinco vezes, teve nove filhos e sua vida privada o levou a ser alvo da atenção pública em vários momentos.

Bergman teve casamentos com mulheres belas e talentosas, além de várias relações amorosas com suas atrizes principais, dentre elas, Liv Ullman, com quem teve uma filha, Linn Ullman.

Ullman estrelou dez de seus filmes, entre eles “Cenas de um casamento” (1973), que explora os conflitos sexuais e psicológicos de um casal em crise.

Trinta anos depois, já separados, Bergman e a atriz voltaram a trabalhar juntos em “Saraband”, que mostra a relação dos protagonistas de “Cenas” num outro momento, na terceira idade. “Saraband”, de 2003, foi o último filme de Bergman.

Ingmar Bergman exorcizou sua infância traumática por meio de obras-primas do cinema que exploraram a ansiedade sexual, a solidão e a busca por um sentido na vida.

A morte era um dos temas preferidos do diretor e estava presente em muitas de suas obras, como “O sétimo selo”, em que um cavaleiro encontra a morte em pessoa e disputa com ela uma partida de xadrez que pode decidir seu destino. No longa, o cavaleiro é interpretado por Max von Sydow, um dos atores favoritos do diretor, com quem trabalhou em 13 filmes.

Em “Morangos silvestres”, a morte também está presente. Aqui, um artista na terceira idade faz uma viagem para receber uma homenagem e aproveita o caminho para relembrar momentos e se despedir da vida.

 

Herança artística

O carinho que Bergman dedicava à morte e ao sexo como temas fizeram do diretor o maior ídolo do cineasta americano Woody Allen. Diversos filmes de Allen, tais como “Noivo nervoso, noiva neurótica”, “A última noite de Boris Grushenko”
e “Memórias” fazem referências a obras de Ingmar Bergman.

Numa homenagem feita a Bergman no 70º aniversário deste, Allen disse: “Ingmar Bergman é provavelmente o maior artista do cinema desde a invenção da câmera cinematográfica”.

 Infância difícil

O pai de Ingmar Bergman, um pastor luterano que tornou-se capelão do rei da Suécia, costumava humilhar e surrar o filho, uma criança doente.

Bergman falou várias vezes do amor profundo que nutria por sua mãe, de seu hábito de refugiar-se em fantasias e de seu gosto pelo macabro. Críticos atribuem os temas de repressão, culpa e castigo, constantes em sua obra, à educação rígida que o diretor teve em sua infância.

Em entrevista rara concedida em 2001, Bergman disse que durante toda sua vida ele foi atormentado e inspirado por demônios pessoais. “Os demônios são inúmeros, aparecem nos momentos mais impróprios e geram pânico e terror”, disse ele na época. “Mas já aprendi que, se consigo controlar as forças negativas e atrelá-las a minha carruagem, elas podem trabalhar em meu benefício.”

Nunca o vínculo autobiográfico ficou mais claro que em “Fanny e Alexander”, que Bergman afirmou ser sua obra-prima como cineasta. Produzido em duas versões, de três e de cinco horas, o filme recebeu quatro Oscar em 1984, um deles de melhor filme em língua estrangeira.

“Fanny e Alexandre” é um panorama detalhado de uma família de classe alta de Uppsala nos anos que antecederam a 1ª Guerra Mundial. O garoto Alexander, 10 anos, e sua irmã Fanny, 8, são mental e fisicamente abusados por seu padrasto, o bispo local, inspirado no pai de Bergman. O tímido e fraco Alexander usa poderes sobrenaturais para vingar-se de seu padrasto de maneira sinistra.

 

 Reconhecimento internacional

O reconhecimento internacional pleno chegou para ele com “O sétimo selo”, de 1956, que recebeu o prêmio do júri do Festival de Cannes em 1957.

Nos dez anos seguintes Bergman criou “Morangos silvestres”, “O silêncio” (que incluiu uma cena sexual forte que provocou um choque com a censura sueca), “A fonte da donzela” e “Através de um espelho”. Os dois últimos receberam o Oscar de melhor filme em língua estrangeira.

Em janeiro de 1976 ele foi preso durante um ensaio do Real Teatro Dramático por policiais à paisana, que o levaram para ser interrogado sobre suposta sonegação de impostos.

Ele não chegou a ser formalmente acusado, mas a humilhação que sentiu o levou a sofrer um colapso nervoso. Condenando publicamente à burocracia sueca, ele deixou seu país para viver um longo exílio artístico em Munique, na Alemanha.

Em 1984, Bergman retornou ao Real Teatro Dramático com uma versão aclamada de “Rei Lear”. No ano seguinte ele pôs fim a seu exílio auto-imposto e passou a produzir uma seqüência de obras clássicas no teatro nacional.

O diretor sueco Ingmar Bergman realizou ao longo de sua vida, dedicada à sétima arte, dezenas de filmes que compõem uma das mais importantes filmografias do século 20.

Confira abaixo a lista dos principais longas-metragens do cineasta.

“Crise” (1945)

“Chove em nosso amor” (1946)

“Um barco para a Índia” (1947)

“Música na noite” (1947)

“Porto” (1948)

“O demônio nos governa” (1948)

“Juventude, divino tesouro” (1950)

“Quando as mulheres esperam” (1952)

“Mônica e o desejo” (1952)

“Uma lição de amor” (1954)

“Sonhos de mulheres” (1955)

“Sorrisos de uma noite de amor” (1955)

“O sétimo selo” (1956)

“Morangos silvestres” (1957)

“O rosto” (1958)

“O olho do diabo” (1960)

“Através de um espelho” (1961)

“O silêncio” (1963)

“Para não falar de todas essas mulheres” (1964)

“Stimulantia” (1965)
“Persona – Quando duas mulheres pecam” (1966)

“A hora do lobo” (1967)

“Vergonha” (1968)

“O rito” (1968)

“A paixão de Ana” (1969)

“A hora do amor” (1971)

“Gritos e sussurros” (1972)

“Cenas de um casamento” (1973)

“A flauta mágica” (1975)

“Face a face” (1976)

“O ovo da serpente” (1977)

“Sonata de Outono” (1978)

“Da vida das marionetes” (1980)

“Fanny e Alexander” (1982)

“Depois do ensaio” (feito para televisão mas que depois foi para o cinema) (1984)

“Saraband” (filme exibido pela televisão sueca em 2003 e posteriormente lançado para o cinema em 2004).

 

 

 

11 DOS FILMES MAIS IMPORTANTES DE INGMAR BERGMAN

 

Quando as Mulheres Esperam (1952)

 

Quando as Mulheres Esperam (1952)

 

Ingmar Bergman já havia dirigido dez filmes ao lançar “Quando as mulheres esperam”: Aguardando os maridos, quatro mulheres falam sobre seus relacionamentos. Por meio de flashbacks e diferentes conceitos estéticos, o sueco proporcionava um vislumbre de sua visão de mundo. Moralidade e lealdade, luto e alegria de viver são temas que ele abordaria repetidamente.

 

 

Noites de Circo (1953)

 

Noites de Circo (1953)

 

 

Também em “Noites de circo”, Bergman falou de angústia, casos de amor e escapadas eróticas – aqui, no entanto, num tom bastante sombrio, tendo um circo como pano de fundo. Emoções refletidas na arena da vida: mais uma vez a grande tela era um espelho da alma do cineasta. Nas bilheterias, porém, o filme foi um fracasso comercial.

 

 

Sorrisos de Uma Noite de Amor (1955)

 

Sorrisos de Uma Noite de Amor (1955)

 

Após o fracasso de “Noites de circo”, Bergman dirigiu alguns filmes mais leves, tratando seus temas clássicos também na forma de comédia. Sobretudo “Sorrisos de uma noite de amor”, uma comédia social situada na virada do século 19, foi um grande sucesso, não só nas bilheterias, mas também em Cannes, onde recebeu um prêmio especial de “humor poético”.

 

 

O Sétimo Selo (1957)

 

O Sétimo Selo: Uma das obras-primas do diretor sueco Ingmar Bergman (Foto: Entretenimento Ácido/Divulgação)

 

Foi com “O Sétimo Selo” que Bergman atingiu o estrelato, passando à categoria de diretores respeitados mundialmente. O longa é uma alegoria da vida: o indivíduo, sua busca eterna por Deus, e a morte como única certeza, disse Bergman sobre o filme encenado no fim da Idade Média, no qual a Morte aparece em pessoa.

 

 

Morangos Silvestres (1957)

 

Morangos silvestres (1957)

 

O ano de 1957 foi de triunfo para o diretor incansável, também ativo no teatro. Depois de “O Sétimo Selo”, ele produziu uma segunda obra-prima. Em “Morangos silvestres”, refletia sua vida na tela mais uma vez, além de mirar o futuro: Victor Sjöström, no papel do Professor Isak Borg (na foto com Ingrid Thulin) era uma visão de seu próprio “eu” como ancião.

 

 

A Fonte da Donzela (1960)

 

 

A Fonte da Donzela (1960)

 

 

Mais uma vez, um drama medieval. Novamente, um filme sobre culpa, religião, vingança e castigo. “A Fonte da Donzela” rendeu a Bergman o primeiro de seus três Oscars de Melhor Filme Estrangeiro. Uma forte cena de estupro, no entanto, fez com que o filme fosse temporariamente confiscado no estado alemão da Baviera.

 

 

O Silêncio (1963)

 

O Silêncio (1963)

 

O rótulo de “cineasta dos escândalos” veio enfim com “O silêncio”. Duas irmãs e o filho de dez anos de uma delas estão presos num hotel numa cidade cuja língua não entendem. Cenas de sexo explícito e a ligação entre sexualidade e religião abalaram muitos espectadores no início dos anos 60. “O silêncio” foi censurado e proibido diversas vezes.

 

 

Persona (1966)

 

Persona (1966)

 

O próprio cinema se tornou tema no filme “Persona”. Mais uma vez, duas mulheres, sua relação mútua e também delas com o mundo exterior. Sexualidade e fé são novamente pontos-chave da narrativa. Desta vez, contudo, o filme segue caminhos experimentais, além de refletir em profundidade sobre arte e cinema.

 

 

Gritos e Sussurros (1972)

 

Gritos e Sussurros (1972)

 

 

Também neste filme, Bergman se manteve fiel: um profundo olhar sobre a psique feminina, grandes emoções, atores excepcionais numa peça intimista. Nas palavras do diretor François Truffaut, na época: o filme começa como “As três irmãs”, de Tchekhov; termina como “O Jardim das Cerejeiras”, e no meio tempo há muito Strindberg. “Gritos e sussurros” foi sucesso de bilheteria.

 

 

Cenas de um Casamento (1973)

 

 

Cenas de um Casamento (1973)

 

 

Para os fãs de Bergman, algo como a síntese de sua carreira: o olhar por trás de um casamento de fachada, a realidade atrás das aparências. Um casal com dois filhos, que acabara de ser retratado em uma revista como casal feliz, já não tem mais afinidade. Produzido com poucos meios, ele foi lançado omo minissérie de TV, sendo depois adaptado para o cinema.

 

 

Fanny e Alexander (1982)

 

Fanny e Alexander (1982)

 

 

“Fanny e Alexander” também foi lançado em duas versões, uma para o cinema e outra mais longa, para a TV. Aqui, mais uma vez, Bergman enfoca a infância e a casa de seus pais. Um filme familiar, poético e divertido, além de bem-humorado, apesar de também trazer algumas cenas sérias e cheias de amargura. Mais uma vez uma obra-prima cinematográfica do diretor sueco.

 

Ingmar Bergman morreu em 30 de julho de 2007, aos 89 anos, em sua casa na ilha do Faro (conhecida como a ilha “das ovelhas”), na costa sudeste da Suécia.

(Fonte: Deutsche Welle – CINEMA – 11 DOS FILMES MAIS IMPORTANTES DE INGMAR BERGMAN / Autoria: Jochen Kürten – 14.07.2018)

(Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Cinema – cinema / Cinema Europeu – Do G1, com agências – 30/07/07)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral  – 27033 – CULTURA – GERAL – AGÊNCIAS INTERNACIONAIS – 31/07/07)

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