Hermann Hesse, escritor alemão, foi ídolo da juventude pacifista

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ÍDOLO DOS HIPPIES

Hermann Hesse (Calw, 2 de julho de 1877 – Montagnola, Suíça, 9 de agosto de 1962), escritor alemão, foi ídolo da juventude pacifista, filho de pastor protestante nascido no sul da Alemanha em julho de 1877, submetido a psicanálise com Jung “por excesso de sensibilidade” e naturalizado suíço, exilando-se voluntariamente da Alemanha, como protesto contra o militarismo alemão que explodiu na Primeira Guerra Mundial.

Depois de revoltar-se contra a guerra e contra a civilização materialista em “O Lobo da Estepe” e percorrer a Índia mística em “Sidarta”, o grande romancista suíço, líder da juventude ocidental chega à reconciliação final 

Em seu último lançamento de um livro escrito entre 1904 e 1927, já Hermann Hesse se revela o sensível profeta dos principais problemas que inquietam a juventude atual: a transformação do homem num mero mecanismo insignificante dentro de estruturas massificadas que o tornam anônimo e sem rosto; o predomínio da ciência e sua destruição da natureza pela poluição industrial, e o conformismo da massa medíocre, que anula os valores individuais por meio das guerras e das ditaduras políticas.

 

Entre animais – Neste romântico “Fabulierbuch”, o autor de “O Lobo da Estepe”, “Sidarta” e “O Jogo das Contas de Vidro” utiliza contos medievais, lendas egípcias, episódios da vida de santos e histórias inventadas para expressar seus ideais próximos à ideologia hippie.

Refutando a era moderna, Hesse contrasta a idolatria da ciência com as possibilidades mágicas da religião, das seitas ocultistas e “outras superstições da Idade Média”.

Os melhores contos – “Um Homem Chamado Ziegler” e “Um Homem de Muitos Livros”, neles Hesse se autodefiniu. Em “Um Homem de Muitos Livros” surge o indivíduo medíocre que não se distingue dos outros componentes da massa sem rosto.

Com essas alegorias simbólicas, Hesse formula um código de conduta abraçado entusisticamente por seus jovens leitores: a vida não permite a ninguém retirar-se dos grandes desafios que ameaçam a sobrevivência da humanidade e do indivíduo: “Talvez tenha sido essa a causa da sua desgraça: nunca é bom que um homem fique só.”

(Fonte: Veja, 28 de outubro de 1970 – Edição 112 – LITERATURA – Pág: 79/80)

 

 

 

 

 

 

 

 

A magia de Hesse

Hesse: uma sensibilidade arisca

Hesse nasceu no fim dos chamados tempos modernos, pouco antes do retorno da Idade Média, o que define seu conceito a respeito da época em que viveu (1877-1962). Do pai, herdou a inclinação para o ceticismo e a crítica. Da mãe, a vivacidade, a fantasia, a atração pelas religiões e a especulação filosófica.

Em suma, a coerência consigo mesmo, que Hesse demonstrou de maneira heroica durante a sua vida. Herói é o indivíduo que escolheu como meta e ideal a vivência exata do sentido de si mesmo e tem a coragem de enfrentar o seu destino, como outros aspectos de si mesmo, como por exemplo a recusa da realidade, à qual não atribui nenhuma importância.

Delas igualmente nascem as explosões de dor ante o leito de morte do pai, as lembrança infantis, as evocações do avô endeusado. O homem se contempla no passado: vê um estudante que recusa a atávica vocação (pai e avô foram pastores) e os estudos teológicos, foge da escola e tem uma comunhão intensa, sofrida, com a natureza (mais talvez do que com o homem).

Agnóstico, mas apenas até certo ponto, o apolítico Hesse criticou a filosofia do Terceiro Reich, que chamou de “diabólica”. No exílio voluntário da Suíça, assiste de longe ao desmoronamento da pátria, lamenta os dissidentes que chegam a desejar a derrota da nação, mais abandonados e solitários do que todas as outras vítimas da guerra, que contam com a solidariedade de toda a Europa.

Em 1952, Hesse escreve sem retórica, sereno, sobre a velhice. A morte viria, dez anos depois.

(Fonte: Veja, 8 de dezembro de 1976 –- Edição 431 –- LITERATURA/ Por Bruna Becherucci – Pág: 160)

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