Foi a primeira escritora negra a se projetar nacionalmente

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Ruth Guimarães, a primeira escritora negra a se projetar nacionalmente

Pupila de Mário de Andrade, autora publicou mais de 50 obras entre romance, contos, crônicas, poemas e traduções
Ruth Guimarães foi a primeira escritora negra a se projetar nacionalmente (Foto: Luciano Dinamarco/Flickr)

Ruth Guimarães Botelho (Cachoeira Paulista, 13 de junho de 1920 – Cachoeira Paulista, 21 de maio de 2014), autora publicou mais de 50 obras entre romance, contos, crônicas, poemas e traduções.

Nascida em 13 de junho de 1920, no interior de São Paulo, Ruth Guimarães foi a primeira escritora negra a se projetar nacionalmente. Estreou na literatura em 1946 com seu primeiro e único romance, Água Funda, que fala da vida caipira no sul de Minas Gerais no período pós-escravocrata.

Ao longo de sua carreira, publicou mais de 50 obras: além do romance, contos, crônicas, livros infantis, coletâneas folclóricas e traduções.

Conheça sua trajetória:

Escrita precoce
Embora paulista, Guimarães viveu boa parte da infância em Minas Gerais, em uma fazenda administrada pelo pai. Foi lá onde conviveu com o povo caipira, de quem coletou boa parte das histórias orais que compõem sua obra literária. Aos 5 anos de idade, já lia os jornais locais. Aos 10, publicou seus primeiros poemas nas páginas dos periódicos.

Primeiro romance
Em 1938, antes de completar 18 anos, Ruth Guimarães se mudou para São Paulo, onde ingressou no curso de Filosofia da Faculdade de Letras e Filosofia da USP. Ao mesmo tempo, trabalhou em um laboratório farmacêutico e passou a frequentar as reuniões promovidas pelo escritor Amadeu de Queiroz no porão da Drogaria Baruel. Lá, teve contato com autores como Menotti Del Picchia, James e Jorge Amado, Péricles Eugênio da Silva Ramos e Edgard Cavalheiro.

Cavalheiro, aliás, ajudou-a a publicar, em 1950, seu segundo livro, Os Filhos do Medo. Editado pela Editora da Livraria do Globo, ele foi lançado em um evento conjunto com Sagarana, de Guimarães Rosa, e Praia Viva, de Lygia Fagundes Telles. Aos 26 anos, Guimarães conquistou renome no círculo literário e recebeu elogios de Érico Veríssimo e uma crítica positiva de Antonio Candido no Correio Paulistano.

Reconhecimento internacional

Entre 1942 e 1944, Ruth Guimarães teve contato direto com Mário de Andrade, que atuou como mentor em uma pesquisa sobre contos folclóricos de assombração. Tornaram-se amigos, mas o escritor morreu em 1945, antes de ver o resultado da pesquisa, a obra Os Filhos do Medo. O livro rendeu a Ruth Guimarães um verbete próprio na renomada Encyclopédie Française de la Pléiade, publicada pela Editora Gallimard, tornando-a a única escritora latino-americana a receber tal distinção.

Magistério e retorno à literatura

Depois do sucesso dos primeiros livros, a autora precisou dar um tempo em sua carreira literária. Mudou-se novamente para o interior de São Paulo e se dedicou à família — três dos seus nove filhos sofriam com uma doença genética, e o marido teve tuberculose. Ingressou então no magistério, tornando-se professora de português em escolas estaduais.

Ao mesmo tempo em que ajudou a formar gerações de alunos, contribuiu com crônicas em jornais de São Paulo e Porto Alegre, e traduzia obras principalmente do francês — foi uma das responsáveis por popularizar Fiódor Dostoiévski no Brasil nos anos 1960. A partir dessa década, voltou à literatura, dando continuidade às pesquisas folclóricas e à publicação de coletâneas e livros infantis.

O último livro publicado por Ruth Guimarães em vida foi Calidoscópio – A Saga de Pedro Malazarte, em 2006. Em 2008, ela assumiu a Secretaria Municipal de Cultura de Cachoeira Paulista, cidade no interior do estado. No mesmo ano, a pedido de amigos como Lygia Fagundes Telles, Ignácio de Loyola Brandão e Paulo Bomfim, candidatou-se e conquistou uma cadeira na Academia Paulista de Letras.

Para comemorar o centenário da escritora, a Faro Editorial anunciou a publicação de quatro livros inéditos: Contos Negros e Contos Indígenas, lançados este mês, e Contos de Céu e Terra e Contos de Encantamento, previstos para 2021.

Morreu em maio de 2014, aos 93 anos, por complicações de diabetes.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA/ POR O GLOBO – 21/05/2014)
(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – O Estado de S.Paulo/ NOTÍCIAS/ GERAL/ CULTURA – 21 de maio de 2014)
(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – N° 17.756 – TRIBUTO/ Por Bruna Ayres – 23 de maio de 2014 – Pág: 37)
(Créditos autorais: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/10 – Revista Galileu/ SOCIEDADE/ HISTÓRIA/ NOTÍCIA/ por MARÍLIA MARASCIULO – 22 OUT 2020)
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