Claude Lévi-Strauss, etnólogo, filósofo, intelectual e mestre do estruturalismo francês.

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Ele é considerado o fundador da Antropologia Estruturalista.

Entre 1935 e 1939, lecionou sociologia na USP.

Claude Lévi-Strauss (Bruxelas, 28 de novembro de 1908 – Paris, 30 de outubro de 2009), antropólogo, educador, etnólogo, filósofo, intelectual e mestre do estruturalismo francês.

A eleição de Claude Lévi-Strauss para a Academia Francesa de Letras não se deveu exclusivamente ao reconhecimento do valor intelectual do mestre do estruturalismo. Na verdade, sua escolha, para a vaga de Henri de Montherlant, definida no dia 24 de maio de 1973, representou a primeira vitória conquistada por alguns imortais que, nos últimos anos, tentam demolir as arraigadas tradições que habitam o suntuoso prédio do Quai Conti, na margem esquerda do Sena. Por exemplo, a de evitar que homens de ideias políticas não conservadoras portem o fardão verde e a espada. No escrutínio que decidiu a admissão de Lévi-Strauss, dez dos 27 votantes marcaram seus votos em branco com uma cruz – sinal não de hesitação, mas de forte desaprovação ao candidato.

Para Lévi-Strauss, em todo caso, a eleição significou apenas o coroamento da ciência que ajudou a desenvolver. “É a etnologia em geral, e não apenas a minha etnologia, que entra na Academia”, disse ele.

Inigualável candura – Nascido em Bruxelas, em 28 de novembro de 1908, de uma família francesa de artistas, a carreira deste professor de perfil elegante contrasta com a da maioria de seus colegas de Academia, que, segundo confessam, pouco conhecem da obra do etnólogo. Como os “Tristes Trópicos”, “Antropologia Estrutural”, “O Totemismo de Hoje”, “O Pensamento Selvagem” e outros livros. Dos liceus do interior da França, onde ensinava filosofia, ele partiu, em 1934, para o Brasil, fascinado pelas notícias sobre a pacificação de tribos selvagens. Como professor de sociologia da Universidade de São Paulo, viajou pelo Brasil central, recolhendo informações sobre os bororos e tupinambás, descritos com inigualável candura em “Tristes Trópicos”. De volta à França, foi hostilizado pelo governo do marechal Pétain e se refugiou nos Estados Unidos, onde acabou ensinando na Escola Livre de Nova York.

Quando assumiu, em 1947, a vice-direção do Museu do Homem, em Paris, já tinha formulado o princípio do método estruturalista: “Um objeto, um fenômeno, só encontra seu sentido fora de si; o objeto é considerado um momento do vasto sistema de reações que forma o mundo sensório”. Em 1959, finalmente, tornou-se o titular da cadeira de antropologia social do College de France, onde guarda 2,5 milhões de fichas de referência d emilhares de civilizações primitivas que pesquisou.

Omissões – É provável que a entrada de Lévi-Strauss no fechado círculo acadêmico ajude a velha instituição, fundada em 1635 pelo cardeal Richelieu, a reconquistar a respeitabilidade perdida nos últimos tempos. Mais difícil, certamente, será ver a conhecida vitalidade intelectual do etnólogo conciliada com a monotonia das atividades dos imortais. Em artifo publicado no jornal “Le Figaro”, o dramaturgo Eugene Ionesco lançou um velado ataque a instituição, afirmando que a Academia “não deve ser uma senhora”. Segundo ele, imortal desde 1970, “a Academia é um ambiente civilizado, onde se aprende cortesia e de encontram os últimos homens polidos da Terra, mas que deve se abrir para o mundo, pois suas omissões sempre foram mais graves que os erros na escolha de seus membros”. Entre os grandes ausentes, por exemplo, estão André Malraux, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Jean Genet, e os prêmios Nobel Jacques Monod biologista francês laureado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1965 e Saint-John Perse, agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1960.

A aceitação de nomes como esses, entretanto, esbarraria em questões delicadas. Pensou-se em Malraux, em 1970, para a vaga deixada por Jerôme Carcopino, mas a ideia foi logo abandonada. Seria improvável que o antigo ministro de Charles de Gaulle aceitasse ocupar a cadeira de um antigo membro do governo colaboracionista de Vichy. E os acedêmicos não pretendiam correr o risco de serem desprestigiados sugerindo nomes que não levam a imortalidade a sério. Seria o caso de Sartre, que recusou um Prêmio Nobel. E de Perse, que irritou-se com o título de “Príncipe dos Poetas” que a própria Academia pretendeu-lhe atribuir.

De fato, o espírito conservador é um pecado tão velho quanto a própria Casa de Richelieu, Balzac, Baudelaire, Verlaine e Zola nunca foram aceitos. Victor Hugo, para ser imortal, submeteu-se ao vexame de ver sua candidatura derrotada sete vezes. Nem por isso, porém, suas obras deixaram de ser importantes para a literatura francesa – muito mais que as de diversos imortais que vivem apenas de curtas referências em enciclopédias.
(Fonte: Veja, 6 de junho de 1973 – Edição n° 248 – LITERATURA – Pág; 94)

Claude Lévi-Strauss, antropólogo de carreira nada convencional, que nasceu em Bruxelas, em 1908, o mais importante antropólogo do século 20.

Convidado a lecionar para as primeiras turmas da recém-fundada Universidade de São Paulo, onde chegou em 1935 e deu aulas durante todo o ano letivo, Lévi-Strauss iniciou no Brasil sua pioneira atividade de campo, investigando a formação de grupos indígenas brasileiros.

Além de São Paulo e do interior do Brasil, Lévi-Strauss trabalhou também em Nova York antes de entrar para o renomado Colégio de França, em 1959. Enquanto traça a trajetória acadêmica do antropólogo, uma de suas principais ideias reconstitui a obra desse fenômeno professor.
(Fonte: Veja, 24 de janeiro de 1990 – ANO 23 – N° 3 – Edição n° 1 114 – LIVROS – Pág; 77)

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