Charles de Gaulle, o homem que resgatou a honra da França

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Disciplina de soldado, fervor patriótico e rigor intelectual moldaram De Gaulle

O homem que resgatou a honra da França

Charles de Gaulle (Lille, França, 22 de novembro de 1890 – Colombey-les-Deux-Églises, 9 de novembro de 1970), lutou na Primeira Guerra Mundial, organizou o movimento de resistência França Livre na Segunda Guerra e foi fundamental na construção da 5ª República Francesa.

Quando Charles de Gaulle foi aprisionado nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, ele dedicou sewu tempo aos estudos. Durante a Segunda Guerra Mundial, organizou o movimento de resistência França Livre. Na política, ele foi fundamental na construção da 5ª República Francesa. E isso é apenas a parte mais conhecida da vida do general e estadista francês.

De Gaulle foi um governante controvertido. Havia quem o adorasse e a ele atribuísse a salvação da França; mas havia também aqueles que nele viam uma personalidade autoritária e vocação de ditador. Como militar, De Gaulle foi frequentemente visto com reserva por seus superiores, mas quase sempre muito admirado e respeitado por seus subordinados. Um personagem singular, genial e complexo, de origem social tradicional e conservadora em nada permitiria prenunciar o aparecimento de um ser tão incomum.

O homem que lutou na Primeira Guerra Mundial, organizou o movimento de resistência França Livre na Segunda Guerra e foi fundamental na construção da 5ª República Francesa. Após ter ocupado ininterruptamente a presidência da República por mais de uma década, o general De Gaulle só se decidiu dela se afastar e renunciar aos mais de três anos de mandato que ainda teria pela frente após um longo período de desgaste, iniciado com as revoltas estudantis de maio de 1968 e encerrado com a derrota de um projeto de lei de sua autoria submetido a referendo em abril de 1969.

Contudo, sua contribuição pessoal para a história da França de 1940 em diante foi de tal envergadura que a sua figura iria deixar marcas profundas na alma e na memória de todos.

As principais datas da história da França contemporânea aparecem incontornavelmente associadas a De Gaulle: 1940, ano da ocupação da França pela Alemanha, em que o general De Gaulle emergiria como a voz solitária a pregar a resistência contra o invasor e a afirmar que a guerra não estava perdida e que a França iria dela sair vitoriosa; 1944, desembarque das tropas aliadas na Normandia e entrada triunfal das tropas francesas em Paris guiadas por De Gaulle; 1958, auge da Guerra da Argélia e retorno de De Gaulle ao poder para pôr fim à grave crise que tomava conta do país.

Como general e como estadista, De Gaulle está para a França do século XX como Napoleão para o XIX. Foram os maiores militares e estadistas da França do seu tempo. Ambos foram indivíduos absolutamente singulares, tanto nos campos de batalha como na condução do Estado! Ninguém pôde com eles rivalizar em gênio militar, ousadia política e visão histórica do papel da França no mundo que lhes foi contemporâneo. Contudo, entre um e outro havia enormes diferenças, quando não oposições. Napoleão foi o último governante de uma França humilhada e subjugada pela Alemanha nazista, que sob sua obstinada direção devolveu ao seu país a condição de potência europeia.

Napoleão tinha o mais poderoso exército sob o seu comando e, com ele, levou a Revolução Francesa e toda a Europa, mas, apesar dele, acabou sendo militarmente derrotado em Waterloo. De Gaulle não contava com mais do que algumas poucas forças da armada francesa que se negaram a voltar à França após o armistício com a Alemanha e se reuniram sob a sua liderança em Londres e nas colônias francesas da África Equatorial.

Contando com tão poucos recursos, ele conseguiu ainda ocupar um lugar honroso na reconquista do seu país e devolver à França um papel importante entre as grandes nações do planeta. Napoleão lutou para levar a Revolução Francesa a toda a Europa, mas restabeleceu a escravidão nas colônias francesas do Caribe logo que assumiu o poder. De Gaulle não pretendia mais que livrar a França do jugo alemão e, ao chegar ao poder, daria início ao processo de descolonização do grande Império Francês.

Enfim, a lista de diferenças é grande e não há por que se alongar sobre elas. Afinal, aquele que combateu de Portugal à Rússia para levar os valores da Revolução Francesa ao mundo não pode ser comparado a quem lutou para recuperar a autonomia e a honra de um país ocupado.

Apesar de imprevista, a notícia da sua morte não provocou qualquer comoção nacional, o que costuma acontecer quando um grande líder – desaparece subitamente. Havia mais de um ano que ele se encontrava afastado do poder e da vida política do país.

 

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/2014/08/1496997- ÚLTIMAS NOTÍCIAS – LIVRARIA da FOLHA – Ricardo Corrêa Coelho – 07/08/2014)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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