Antônio Carlos Viana, escreveu vários livros e ganhou duas vezes o prêmio APCA de literatura, instituído pelos críticos de arte de São Paulo, um dos mais importantes do país

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Acadêmico e contista sergipano

Viana escreveu vários livros e ganhou duas vezes o prêmio APCA de literatura (Foto: Instituto Marcelo Déda/Divulgação)

Viana escreveu vários livros e ganhou duas vezes o prêmio APCA de literatura (Foto: Instituto Marcelo Déda/Divulgação)

 

Antônio Carlos Viana (Aracaju, 5 de junho de 1944 – Aracaju, 14 de outubro de 2016), escritor, tradutor e acadêmico, autor premiado duas vezes pela APCA (Academia Brasileira de Críticos de Arte). 

Ao longo de quatro décadas de carreira, o escritor sergipano Antonio Carlos Viana construiu uma obra de poucos títulos, mas de grande força expressiva. A concisão era um elemento importante na sua relação com a literatura, e se refletiu no número de obras publicadas (seis, ao todo) e no apreço pela narrativa curta, que o tornou um dos mais respeitados contistas do país. Sua precisão e poder de síntese estavam a serviço de uma prosa seca, que iluminava a humanidade de figuras marginalizadas em contos que transitam entre a sordidez e a exuberância.

Sua estreia na ficção foi em 1974, com a coleção de contos “Brincar de manja”. Depois, publicou quase uma obra por década: “Em pleno castigo” (1981), “O meio do mundo” (1993), “Aberto está o inferno” (2004), “Cine privê” (2009) e “Jeito de matar lagartas” (2015) — os dois últimos, lançados pela Companhia das Letras, conquistaram o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) de melhor livro de contos.

Viana escreveu vários livros e ganhou duas vezes o prêmio APCA de literatura, instituído pelos críticos de arte de São Paulo, um dos mais importantes do país.

O primeiro prêmio veio em 2009, com o livro “Cine Privê”. Em 2015, mais um prêmio da Associação Paulista, com o livro “Jeito de Matar Lagartas”.

Mestre em teoria literária pela PUC do Rio Grande do Sul e doutor em literatura comparada pela Universidade de Nice, na França, era considerado um dos maiores da atualidade. Sua obra mais recente, “Jeito de Matar Lagartas”, lançado pela Companhia das Letras em 2015, ganhou o prêmio APCA na categoria contos daquele ano. A coletânea traz textos que, em conjunto, formam a imagem de um desencontro perene que perpassa desde a perda da inocência na infância até o distanciamento entre sexo e corpo na velhice.

Foi o segundo prêmio da crítica de Viana. Em 2009, seu “Cine Privê”, publicado em 2009 pela mesma editora, também foi agraciado com o APCA em contos. Os contos ali trazem personagens condenados à invisibilidade e, de certa forma, ao abuso -como um homem cujo trabalho é limpar as cabines individuais de um cinema pornô ou uma adolescente pobre que troca favores sexuais por tratamento de dentes.

Nascido em Aracaju, em junho de 1944, Viana era mestre em teoria literária pela PUCRS e doutor em literatura comparada pela Universidade de Nice, França, e além de um contista consagrado, considerado um dos maiores da literatura brasileira contemporânea, era tradutor e professor universitário aposentado. Entre suas obras publicadas, estão “Brincar de Manja” (Cátedra, 1974), “O Meio e o Mundo” (Libra & Libra, 1993), “Aberto Está o Inferno” (Companhia das Letras, 2004), “Cine Privê” (Companhia das Letras, 2009), e outros.

 

Antônio Carlos Viana, escritor e professor  (Foto: Paulo Henrique Britto/Arquivo Pessoal)

Antônio Carlos Viana, escritor e professor (Foto: Paulo Henrique Britto/Arquivo Pessoal)

 

“Parece que, com o tempo, eu fui me centrando, sem o saber, nos dois extremos da vida: a infância e a velhice.  O livro ‘Cine Privê’ estava mais ligado à miséria, aos marginalizados, se bem que crianças e velhos sejam também marginalizados na nossa sociedade, que valoriza tanto o corpo jovem”, disse Viana em entrevista.

Viana revelou que escrever “Jeito de Matar Lagartas” foi um grande desafio. “Eu achava que tinha desistido da vida de escritor por causa das doenças que tomaram conta de mim. Comecei a sentir fortes dores nas costas e senti que o bicho ia pegar. Antes que a situação piorasse, eu me concentrei na finalização dos contos e mandei para a editora…Em dezembro, o livro já estava para sair, mas não me interessava, de verdade. Eu estava tomando muita morfina, ficando completamente louco, brigando com todo mundo…”.

Antonio Carlos Viana morreu em 14 de outubro de 2016, em Aracaju (SE).

Viana sofria há anos de um mieloma -um câncer nas células brancas do sangue presentes na medula óssea. O escritor sergipano passou por um tratamento no começo de 2015 e se recuperou. Há um mês, porém, a doença retornou.

Segundo seu filho, o também escritor André Viana, “vamos celebrar a vida de Antonio Carlos Viana hoje, 15 de outubro, na Biblioteca Epifanio Doria, em Aracaju. Digo evento, e não velório, porque acredito que a gente precise sair um pouco desse quartinho triste e escuro do fim da vida e bailar no salão iluminado dos grandes homens e mulheres.

Colegas e amigos escritores lamentaram a morte de Viana via redes sociais. O cronista e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Humberto Werneck, escreveu: “Um brinde, hoje e sempre, ao grande Antonio Carlos Viana, que se foi de vez nesta madrugada, em Aracaju, não sem antes nos legar sua arte superior”.

O escritor carioca Marcelo Moutinho se disse atônito com a notícia. “Viana é referência para todo contista brasileiro. A relativa marginalização do conto em nosso universo literário nunca impediu que continuasse a se dedicar ao gênero. E o fez, sempre, com brilhantismo. Cada novo livro seu era uma aula de como escrever conto”, escreveu em sua página pessoal.

A editora Companhia das Letras também postou uma mensagem, prestando solidariedade à família e aos amigos de “um dos principais contistas do Brasil em atividade”.

(Fonte: http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2016/10 – SERGIPE – Do G1 SE – 15/10/2016)

(Fonte: http://correiodopovo.com.br/ArteAgenda/Variedades/Gente/2016/10 – Arte & Agenda – Variedades – Gente – 15/10/2016)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/livros – CULTURA – LIVROS – POR O GLOBO – 15/10/2016)

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(Fonte: http://www.valor.com.br/cultura – CULTURA & ESTILO – 14/10/2016)

(Folhapress)

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