A primeira instituição brasileira de pesquisa científica

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A primeira instituição brasileira de pesquisa científica

A primeira tentativa de coordenação unificada da investigação científica agropecuária

A pesquisa agropecuária brasileira

A pesquisa agropecuária brasileira inicia-se após a vinda da Família Real para o Brasil, mas sua organização e sistematização só ocorrem com a criação da Embrapa em 1973

A história da pesquisa agropecuária no Brasil começa com a criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1808, por D. João VI. Os historiadores o reconhecem como a primeira instituição brasileira de pesquisa científica. As expedições de naturalistas e botânicos estrangeiros pelo interior do país também são citadas, porque iniciaram estudos sobre a flora brasileira.

Foi D. Pedro II quem criou as primeiras instituições de ensino e pesquisa agrícola: o Imperial Instituto Bahiano de Agricultura e os Imperiais Institutos das províncias do Rio de Janeiro, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Sul. Em 1860 foi criado o Ministério da Agricultura, sob a forma de Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura. Entre suas contribuições destacam-se: a introdução e seleção de plantas cultivadas, a exemplo da cana-de-açúcar e da batata inglesa, a seleção de animais e o melhoramento de pastagens.

Em 1887, o café já representava 60% das exportações e, assim, foi criado o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), que viria a ser, nas décadas subsequentes, a principal organização de pesquisas voltada para a cafeicultura.

República Velha – Três anos depois da instauração da República, o Ministério da Agricultura é transformado numa diretoria do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Os Imperiais Institutos de Agricultura desapareceram ou enfrentaram crises até a primeira década do século XX. Com a extinção do Ministério da Agricultura, a Sociedade Nacional da Agricultura, fundada em 1897, passa a ocupar-lhe o lugar.

O Ministério foi recriado em 1906 com as seguintes atribuições: promover o ensino, a pesquisa e a experimentação agrícolas, por intermédio de instituições e estações experimentais. Em 1910, foram criadas as Estações Experimentais de Cana-de-Açúcar em Campos, no Rio de Janeiro, a de Cana-de-Açúcar de Escada, Pernambuco (1911), as Sericícolas de Barbacena, Minas Gerais (1912) e a de Algodão de Coroatá, Maranhão (1913). A de Campos destacou-se no trabalho de melhoramento de cana-de-açúcar, cujas variedades ficaram conhecidas pelo prefixo CB (Campos Brasil) e chegaram a ser exportadas para o Irã, África do Sul, México, Sudão e Formosa.

Após a Primeira Guerra Mundial, o país começou a perceber a importância da química na agricultura. Foi criado o Instituto de Química, com as seguintes atribuições: fiscalização de adubos, inseticidas e fungicidas, cumprimento das funções do extinto Serviço de Fiscalização da Manteiga e o ensino de química.

Em 1934 é retirado do Instituto de Química a área de alimentação animal, transferindo-a para o Departamento Nacional de Produção Animal e tem seu nome mudado para Instituto de Química Agrícola, sendo extinto em 1962. Outra organização importante, criada em 1920, foi o Instituto de Biologia de Defesa Agrícola, cujos objetivos eram a aquisição de conhecimentos sobre as doenças dos vegetais cultivados e silvestres. Em 1933, teve seu nome alterado para Instituto de Biologia Vegetal. Foi extinto em 1938 e em seu lugar foi criado o Instituto de Experimentação Agrícola. Na década de 1920 foram implantados os Serviços Especializados: Algodão, Sementeiras, Viticultura e Silvicultura.

A primeira tentativa de coordenação unificada da investigação científica agropecuária em nível institucional

A Era Vargas – A primeira reforma ocorrida no Ministério sob os auspícios da Revolução de 1930 trouxe racionalizações: o organograma foi simplificado, com a transferência, para outras áreas do governo, de atividades e atribuições não condizentes com o setor agrícola. Porém, a pesquisa continuou descoordenada. A primeira tentativa de coordenação unificada da investigação científica agropecuária aconteceu em 1933.

Com a ascensão de Juarez Távora, em 1932, dá-se início a um novo processo de reformas. Foram implantadas quatro diretorias-gerais: as de Agricultura, Indústria Animal, Indústria Vegetal e Pesquisas Científicas. O maior avanço da nova estrutura foi a criação da Diretoria-Geral de Pesquisas Científicas, em 1933. Estabeleceu-se uma matriz organizacional que constituiu a primeira tentativa de coordenação unificada da investigação científica agropecuária em nível institucional.

Em 1938, no Estado Novo, a pesquisa passou por nova reforma. Foi criado o CNEPA (Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas). Considera-se que este foi o grande marco do intervencionismo estatal na investigação científica. A partir dele, dá-se inicio à articulação da pesquisa e experimentação agrícolas com o ensino agronômico em seus diferentes niveis de especialização.

Em 1943, o CNEPA foi reestruturado, tendo como unidades centrais a Universidade Rural e o SNPA (Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas). À Universidade Rural coube promover o ensino superior de agronomia e Veterinária e oferecer cursos de especialização para pesquisadores. O SNPA passou a coordenar e dirigir as pesquisas agronômicas, através da Rede Nacional de Experimentação Agrícola.

Segunda Guerra Mundial – A passagem da economia agrícola para a industrial é sustentada por um regime de expropriação pela indústria dos execedentes gerados no setor agroexportador, por meio de mecanismos de confisco cambial. A agricultura, nesse contexto, foi discriminada, o que resultou em pouca demanda por tecnologia.
A passagem Em 1962, foram extintos os CNEPA e o SNPA, o ensino rural passou para o Ministério da Educação. No da Agricultura foi criado o DPEA (Departamento de Pesquisas e Experimentação Agropecuária), que agrupou todos os setores da pesquisa.

A pesquisa e extensão rural promovidas pelo governo constituíam, até 1967, áreas de trabalho estanques, desarticuladas entre si. Os efeitos disso na agricultura brasileira eram desastrosos.
Na década de 1970, tem início a formulção de novas diretrizes para o setor agrícola. A estrutura do Ministério é modificada mais uma vez, em 1971, e o EPE (Escritório de Pesquisa Agropecuária) e passa a ser o órgão de direção superior da pesquisa agropecuária no país. Promoveu-se encontros com as diretrizes estaduais, as coordenações regionais do Ministério da Agricultura, os órgãos de extensão rural do sistema ABCAR e as secretarias estaduais de agricultura. O estreitamento das relações com os demais órgãos de investigação científica no Brasil se deu por intermédio das comissões nacionais de pesquisa. Em 1971, encontravam-se em funcionamento 24 comissões nacionais.

(Fonte: Especial Terra Viva – Ano 2 – Editora Lua – MAPA 150 anos de história – Pág; 28/30)
(Fonte: Terra e Alimento, 500 Anos de Agricultura no Brasil Embrapa)

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