Wilson Simonal, cantor, que caiu no ostracismo ao ser acusado de informante da ditadura

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Simonal, nos anos 70, foi criador do “Patropi”

 

 

Wilson Simonal de Castro

Wilson Simonal (Foto: Feedback Magazine / Divulgação)

 

 

Wilson Simonal de Castro (Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1938 – São Paulo, 25 de junho de 2000), cantor carioca talentoso, que caiu no ostracismo ao ser acusado de informante da ditadura

Simonal caiu em desgraça durante a ditadura militar, por ter supostamente delatado artistas que simpatizavam com a esquerda. Simonal foi o maior representante da “pilantragem”, gênero musical que turbinava as canções mais singelas com um suingue endiabrado.

Seria banal não fosse o fato de Simonal ter sido um grande cantor, que contou com a colaboração do compositor e arranjador César Camargo Mariano, em versões sacolejantes como Escravos de Jó, Pára Pedro e Mamãe eu Quero, e hits de outrora como Sá Marina, Zazueira e Nem Vem Que Não Tem.

Acusado de ser informante da ditadura nos anos 70, o cantor viu seu sucesso definhar e viveu mais de duas décadas no ostracismo. O episódio que tirou Simonal das paradas aconteceu em 1971. Enganado pelo contador Rafael Viviani, ele recorreu a amigos policiais para dar-lhe uma “lição”. A história ganhou as manchetes e ele passou a ser chamado de “amigo de milico”.

Em 1974, Simonal foi condenado por cumplicidade na agressão ao contador. Na sentença, foi declarado informante do Dops, um dos órgãos de repressão política. Ficou 12 dias na prisão. Em 1991, o cantor conseguiu um habeas data da Presidência da República, provando que o episódio de 1971 não o ligava aos órgãos de repressão. Carioca, começou a cantar no final da década de 50. Em 1961, fez suas primeiras apresentações no Beco das Garrafas, cantando bossa nova. Naquele ano, lançou Balanço Zona Sul. No disco A Nova Dimensão do Samba (1962), o cantor já cultivava o apelido de Rei do Suingue.

Inovador por fundir samba com ritmos americanos, encantou o público e, em 1966, assumiu o comando do programa Show em Si Monal, na TV Record, no qual emplacou os sucessos “Meu Limão Meu Limoeiro” e “Lobo Bobo”. Com a adaptação de “País Tropical”, de Jorge Ben, criou a expressão “Patropi”, que se tornou uma forma de referência ao Brasil. O último de seus 39 discos, Brasil, saiu em 1994.

Vítima de uma disfunção hepática crônica – degeneração das funções do fígado – o cantor Wilson Simonal passou o mês de junho internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Morreu na manhã do domingo 25, aos 62 anos.

(Fonte: http://www.terra.com.br/istoegente/48/tributo – TRIBUTO / por Gustavo Maia – 25 de junho de 2000)

(Fonte: Veja, 25 de dezembro de 2002 – ANO 35 – Nº 51 – Edição 1 783 – Veja Recomenda – DISCOS – Pág: 133)

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