Um dos pioneiros dos filmes de sexploitation e uma das forças propulsoras da revolução sexual

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Joseph Sarno, diretor cult de filmes como Sin in the Suburbs e Moonlighting Wives, que ajudaram a estabelecer o subgenêro cinematográfico conhecido como “sexploitation” e a derrubar os tabus contra conteúdo erótico no cinema dos Estados Unidos.

Sarno preencheu o espaço intermediário entre os filmes nudistas e de pin-ups dos anos 50 e começo dos 60 e os filmes pornográficos explícitos como Deep Throat, surgidos no começo dos anos 70.

Os primeiros filmes do cineasta eram clara e quase exclusivamente eróticos, embora não incluíssem muita nudez e os atos sexuais em geral acontecessem fora de quadro. Filmados em estilo aplicadamente artístico, trabalhos como Red Roses of Passion (1966) e Odd Triangle (1968) exploravam os primeiros e ansiosos passos rumo à liberação sexual por parte da classe média suburbana dos Estados Unidos, nascida cedo demais para aproveitar a autoexpressão desinibida que caracterizou a geração do baby boom (os norte-americanos nascidos entre 1946 e 1964).

“Ele foi um dos pioneiros dos filmes de sexploitation e uma das forças propulsoras da revolução sexual dos anos 60”, diz Bowen. “Seus filmes eram francos, simples, com estilo muito distinto. Em sua melhor forma, eram altamente sacanas sem que mostrassem sexo explícito”.

Joseph William Sarno nasceu em 15 de março de 1921 em Brooklyn, e cresceu em Long Island, em Amityville. O pai dele era contrabandista de bebidas alcoólicas na era da Lei Seca, e sua mão uma organizadora sindical socialista. Sarno se matriculou na Universidade de Nova York mas deixou o curso imediatamente depois do ataque japonês a Pearl Harbor, para se alistar na marinha. Ele serviu como aviador naval no Pacífico Sul.

Sarno se casou pela primeira vez antes de ser despachado para o teatro de operações. Seu primeiro e segundo casamentos terminaram em divórcios. Ele deixa sua terceira mulher, Peggy Stefans Sarno; três filhas, Stephanie Colantoni, de Manhattan; Patricia Vicoli, de Tamarac, Flórida; e Eleanor Fossen, de Sebastopol, Califórnia; dois filhos, William, de Highland Mills, Nova York; e Matthew, de Brooklyn; quatro netos e seis bisnetos.

Depois da guerra, Sarno encontrou trabalho como redator publicitário e vendia histórias de aventuras para revistas como Coronet. Sua carreira cinematográfica começou na marinha, onde ele foi solicitado a dirigir filmes de treinamento, porque um erro em sua ficha indicava que já havia filmado bombardeios aéreos. Sarno aceitou a missão, e saiu em busca de um livro sobre cinematografia.

Ao longo dos anos seguintes, ele dirigiu dezenas de filmes de treinamento para a marinha, bem como filmes industriais para empresas que serviam as forças armadas. Sua primeira incursão aos longasmetragens aconteceu quando um produtor independente o contratou para escrever o roteiro de um filme erótico, Nude in Charcoal, lançado em 1961 e exibido, como todos os filmes de Sarno, em cinemas combinados a casas de strip-tease.
Sarno escreveu os roteiros dos 75 longas em 35 milímetros que dirigiu nos 15 anos seguintes, e também os de seus filmes pornográficos subsequentes. O primeiro filme pelo qual recebeu crédito como diretor foi Lash of Lust (1962), mas nunca chegou às telas. Atipicamente, era um drama erótico de época sobre a Gália na era romana, filmado nas florestas do interior do Estado de Nova York.

Com Sin in the Suburbs (1963), Sarno enfim desenvolveu o estilo que o caracterizaria. O vislumbre que ele oferecia sobre a vida sexual de moradores entediados dos subúrbios obteve grande sucesso comercial e ajudou a lançar o subgênero conhecido como sexploitation.

“Eu queria acima de tudo uma caras franca, realista, e estava mais interessado em psicologia e desenvolvimento de personagens do que os demais cineastas da época”, disse Sarno em 2006 em entrevista durante o Festival de Cinema de Turim.
Sarno começou a filmar em cores com Moonlighting Wives (1966), sobre uma ambiciosa dona de casa do subúrbio que organiza uma quadrilha de prostituição a fim de resolver seus problemas de dinheiro. Em 1968, tentando explorar o sucesso de I Am Curious (Yellow), um filme sueco de vanguarda transformado em sucesso por seu conteúdo sexual, um ano antes, ele viajou à Suécia para dirigir Inga, uma história sobre o despertar sexual de uma mulher. O sucesso do filme, e a emoção de filmar em um estúdio anteriormente usado por Ingmar Bergman, inspirou Sarno a realizar viagens anuais à Suécia, onde rodava filmes com atores e equipes locais para o mercado norte-americano.

No começo dos anos 70, ele realizou alguns de seus filmes mais alegres e bem dirigidos, especialmente Confessions of a Young American Housewife (1974), Abigail Lesley Is Back in Town (1975), Laura’s Toys (1975) e Misty (1976). Mas o sucesso dos filmes de sexo explícito eliminou o mercado para seu estilo de filmes eróticos.
Depois de 1977, ele dirigiu dezenas de filmes de sexo explícito, todos gravados em vídeo e rodados sob pseudônimo. Ainda que tenha filmado Deep Throat II, continuação não explícita de Deep Throat, em 1974, e que tenha trabalhado com algumas das maiores estrelas do gênero em filmes como All About Gloria Leonard (1980) e Deep Inside Annie Sprinkle (1981), ele não tinha interesse por filmar atos sexuais.
Sarno deixou de filmar em 1990, mas jovens estudiosos do cinema e cineastas redescobriram seus primeiros filmes e ele se tornou tema de tributos e retrospectivas nos Estados Unidos e na Europa.

Em 2004, ele retornou ao território dos filmes de sexploitation com Suburban Secrets, um tema que fazia referência aos seus anos de glória. Muitos de seus trabalhos dos anos 60 e 70 foram relançados em DVD por companhias como a Something Weird Video. Joseph Sarno, diretor de filmes eróticos morreu no dia 26 de abril de 2010, aos 89 anos, em Manhattan. A morte foi confirmada por Michael Bowen, que está escrevendo sua biografia.

(Fonte: diversão.terra.com.br – WILLIAM GRIMES – 30 DE abril de 2010)

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