Tomaz Edison de Andrade Vieira, presidente do Banco Bamerindus grande orgulho da iniciativa privada.

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Tomaz Edison: consolidou o império.

Tomaz Edison de Andrade Vieira (Tomazina, PR, 18 de outubro de 1931 – Piraí do Sul, 24 de julho de 1981), um dos mais criativos e vigorosos líderes do setor bancário, presidente do Banco Bamerindus, o sexto do país em volume de depósitos e grande orgulho da iniciativa privada do Paraná. Intransigente defensor da agricultura e do capitalismo, ele era também um homem simples. Se era um homem comum no lidar com as pessoas, Tomaz Edison dirigia o Bamerindus com mão de ferro. Sua filosofia para o bom andamento dos negócios limitava-se a dois pilares: “Austeridade e trabalho”. Chegava ao trabalho antes dos funcionários e jamais liberou vantagens especiais para si próprio ou outros diretores. O orgulho dos paranaenses é compreensível: o Bamerindus é o único dos dez maiores bancos brasileiros localizado fora do eixo Rio-São Paulo. Sempre utilizando a agricultura como estratégia principal, o Bamerindus possui 190 “agências pioneiras” – ou seja, é o único banco em cada um desses locais.

SEXTO LUGAR – Desde sua fundação em 1929, com o nome Banco Popular e Agrícola, o Bamerindus pagou dividendos impreterivelmente todos os dias 11 de janeiro e 11 de julho, adiantando-se à legislação que regula a relação com acionistas. Em julho de 1981, os jornais divulgaram os excelentes resultados obtidos pelo banco no primeiro semestre. O Bamerindus ocupa o sexto lugar no ranking nacional, com 52, 1 bilhões de cruzeiros em depósitos e ficou em terceiro lugar no conceito de lucro, com 2,781 bilhões de cruzeiros. Com 42 diretores, o conglomerado é constituído de trinta empresas, 27 000 empregados, 660 agências bancárias e 58 lojas de poupança, administrando 3,1 milhões de cadernetas. Possuindo, ainda, extensas fazendas de gado na Amazônia e o maior castanhal do mundo, com 50 milhões de árvores, no Pará.

O império Bamerindus consolidou-se e expandiu-se sob a agressiva gerência de Tomaz Edison. O fundador do Banco Bamerindus, Avelino Vieira, não viajava de avião em companhia dos filhos – uma cautela habitual entre muitos empresários que, também, viajam separados da mulher. Evitava-se, assim, que um acidente fatal fulmine a linha sucessória da família ou que os filhos, de repente, fiquem órfãos de pai e mãe. Avelino Vieira morreu em paz em 1974, aos 68 anos de idade. Mas seus filhos não herdaram a mesma preocupação com o acaso – e um desastre de avião, no dia 24 de julho de 1981, deixou o Banco Bamerindus.

Ao se espatifar no fundo de uma grota a 210 quilômetros de Curitiba, onde se ergue o quartel-general do banco, um bimotor Sêneca II, prefixo PT-EVQ, lotado com membros da família Vieira, não deixou sobreviventes. Morreram ali, instantaneamente, o presidente do Banco Bamerindus, Tomaz Edison de Andrade Vieira, o vice-presidente Cláudio Enoch de Andrade Vieira, e os três filhos de Cláudio, além do piloto Dalton Nicoletti.

Foi provavelmente, a mais chocante tragédia a devastar, de uma só vez, uma família de empresários brasileiros. Na verdade, o destino mostrou-se particularmente perverso com os dirigentes do Bamerindus. Com mais 5 minutos de voo, teriam chegado à pista da Fazenda Serrinha – o objetivo da viagem era mostrar a Fábio, recém-formado em Agronomia, um projetop de reflorestamento com 7 000 alqueires pertencentes ao grupo, como a fazenda e o próprio bimotor. O tempo não era dos melhores, mas Tomaz Edison e Cláudio Enoch, veteranos com mais de 1 000 horas de voo cada um, não sentiram necessidade de rever os planos, que incluíam a volta à noite a Curitiba. Afinal, a viagem era comandada por Nicoletti – com mais de 4 000 horas de voo em Sêneca e considerado pelo fabricante do bimotor, a brasileira Embraer, i piloto mais experiente nesse tipo de avião.

A viagem fatal da família Vieira durou exatamente 40 minutos. Supõe-se que, diante do mau tempo, Nicoletti tenha decidido entrar por um canyon existente na região, mas o aparelho, baixou demais e acabou batendo nas árvores. Na queda, com o impacto a mais de 200 quilômetros por hora, foi perdendo asas, motor, hélices e a fuselagem – que só seria encontrado, junto com os corpos, cinco dias depois, dia 24 de julho, na junção dos rios Capivari e Jaguariaíva.

Entretanto, a não ser nos negócios, a sorte parece ter-se afastado da família que dirige o Bamerindus. Em setembro de 1974, Avelino Vieira morreu em Águas de Lindóia, vítima de derrame cerebral, aos 68 anos. No dia 26 de janeiro, o filho mais jovem de Avelino, Luís Antônio, 36 anos, morreu de insuficiência cardíaca ao volante de seu carro, em São Paulo. Luís Antônio presidia a Caixa Econômica de São Paulo e estava sendo preparado para um dia suceder Tomaz Edison na presidência do Bamerindus.

“AMADOR AGUIAR” – Com a morte de Tomaz Edison e Cláudio Enoch, restam apenas um filho homem do fundador Avelino – José Eduardo de Andrade Vieira, 43 anos – e quatro filhas. A José Eduardo, que ocupa a diretoria internacional do banco, caberá substituir Tomaz Edison na presidência. Ao longo dos últimos anos, de fato, o presidente do Bamerindus vinha se firmando e consolidando o império. Aos 49 anos de idade, seu futuro parecia brilhante: o próprio ministro do Planejamento, Delfim Netto, via nele condições para ser “o Amador Aguiar dos anos 70”.

“Quando me desespero com a burocracia de Brasília, ou com tudo o mais que anda errado neste país, tomo um avião e sobrevoo o interior do Paraná”, “Daí sim, volto com a esperança de que o Brasil ainda pode dar certo.” Costumava dizer Tomaz Edison. Agora , passa às mãos de José Eduardo, que no momento do acidente, encontrava-se em Houston, no Texas. Não falta experiência ao novo presidente do Banco Bamerindus, eleito na manhã do dia 31 de julho, na sede do banco, em Curitiba. No ramo há 25 anos, José Eduardo exerceu todas as funções de uma carreira bancária. Na década de 60, foi para o Rio de Janeiro implantar e dirigir o Banco Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro. Na década de 70, em Curitiba, como diretor administrativo, reestruturou o grupo para enfrentar o rápido crescimento.

Desde 1979, José Eduardo esteve quase sempre fora do país, nos Estados Unidos e na Europa. Subitamente alçado à presidência, ele será auxiliado por seu tio, Mathias Vilhena de Andrade, novo vice-presidente do grupo e um dos principais conselheiros de Tomaz Edison. Chegou-se a comentar que quem dirigiria, de fato, o Banco Bamerindus seria Mathias Vilhena de Andrade. Mas, na verdade, o futuro do Bamerindus pertence mesmo ao último filho homem de Avelino Vieira.

As ideias de Tomaz Edison

1 – A nós, empresários, cabe a gravíssimoa responsabilidade de dizer, sem subterfúgios, o que queremos: uma sociedade capitalista e, portanto, democrática. Nesta ordem, porque o capitalismo é pressuposto de democracia.

2 – A inépcia da agricultura polonesa foi o fértil terreno onde nasceu e de fortaleceu a chamada “subversão” sindical. O melhor retrato das economias fechadas são as filas para comprar alimentos – em Moscou, Varsóvia e Havana.

3 – O agricultor tem uma incorrigível vocação capitalista.

4 – Lamento que o brasileiro, virado de costas para o interior, dispense um sentimento de menosprezo, pelo menos intelectual, em relação ao papel que a Agricultura desempenha.

5 – Quantos empresários conhecemos que estão dispostos a jogar o livre jogo de mercado, abrindo mão da falaciosa – mas confortável – proteção do Estado?
(Fonte: Veja, 5 de agosto de 1981 – Edição n° 674 – Economia e Negócios – Pág; 84)

Os irmãos Francisco Vieira e Avelino Antônio Vieira Neto ainda eram crianças quando o futuro profissional de ambos começou a ser planejado pelo pai, o banqueiro Tomaz Edison de Andrade Vieira. Herdeiros do clã fundador do banco paranaense Bamerindus — que chegou a ocupar a terceira posição entre as maiores instituições financeiras privadas do país –, os dois passaram boa parte da vida sendo preparados para um dia assumir o comando do banco. Mas dois episódios atrapalharam esse plano. Em 1981, Tomaz Edison, então presidente da instituição, morreu num acidente de avião. Francisco e Avelino eram adolescentes e, sem a presença do pai, viram-se numa situação desvantajosa quando começaram a trabalhar no banco e a disputar espaço nos cargos executivos com pelo menos três primos. Em 1997, houve o segundo grande revés. Com prejuízo de 250 milhões de reais em valores da época (cerca de 500 milhões em valores atuais), o Bamerindus sofreu uma intervenção do Banco Central e, em seguida, foi vendido ao banco inglês HSBC.
(Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0916/noticias – DNA de banqueiro/ Por Melina Costa, de Exame -17/04/2008)

1981: Avião desaparece com presidente e vice presidente do Bamerindus

Avião desapareceu com presidente do Bamerindus, Sr. Thomas Edison de Andrade Vieira, seu irmão e vice presidente do grupo, Claudio Enoch de Andrade Vieira e três filho deste, Avelino, Flávio e Marco. O avião decolou de Curitiba e seguia para uma fazenda em Serrinha, Município de Joaquim Távora, a 300 quilômetros de Curitiba. Como não era a primeira vez que o Sr. Thomas Edison ficava mais de 24 horas sem dar notícias as buscas só começaram ao meio dia do dia seguinte do embarque. Os primeiros sinais do acidente vieram de um sítio em Jaguariaíva onde uma mulher ligou para avisar que viu um avião cair por volta das 9 horas da manhã de sexta feira. Outras informações foram transmitidas por moradores do bairro da Ressaca, em Piraí do Sul, que afirmaram ter ouvido uma forte explosão, na sexta-feira pela manhã. No dia seguinte do acidente, a direção do conglomerado Bamerindus ficou reunida no hangar do Bamerindus a espera de notícias.
(Fonte: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria – 24/07/2007 – 1981: Avião desaparece com presidente e vice presidente do Bamerindus
/Enviado por: Ana Paula Amorim)

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