Telmo Martino, jornalista carioca, escreveu no iG sobre televisão e sociedade entre 2002 e 2010.

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Telmo Martino (Botafogo, Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1930 – Rio de Janeiro, 3 de setembro de 2013), jornalista carioca, escreveu no iG sobre televisão e sociedade entre 2002 e 2010.

Martino passou por diversos veículos como as revistas “Senhor” e “Diners” e os jornais “Última Hora”, “Correio da Manhã”, “Folha de S.Paulo” e “Jornal da Tarde”. Neste último, a partir de 1971, publicou uma celebrada coluna social que levava seu nome até o final dos anos 1980.

Estudou no Colégio Santo Inácio, onde foi colega de Paulo Francis, três meses mais velho. Formou-se em Direito, mas nunca exerceu.

Em 1953, juntou-se como ator a um grupo amador de teatro, o Studio 53, de Carlos Alberto (irmão de Rosamaria) Murtinho, que, durante uma temporada, apresentou três peças de um ato, sempre às segundas-feiras, no Teatro de Bolso de Silveira Sampaio, na praça General Osório, em Ipanema.

Nascido no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, em 10 de janeiro de 1930, Martino escreveu para o iG entre 2002 e setembro de 2010. Foi sua última colaboração para a imprensa.

 

TELMO, FRANCIS E LESSA

 

Ali reencontrou Paulo Francis, que cuidava da bilheteria, e conheceu Ivan Lessa. Os três se tornaram grandes amigos. No futuro, seriam sempre citados juntos como modelos de um jornalismo crítico, culto e sofisticado.

 

O jornalista carioca Telmo Martino (Foto: Rosane Marinho – 14.mar.98/Folhapress)

 

 

De 1955 a 1967, Telmo trabalhou como redator nos serviços de transmissão radiofônica para o Brasil da BBC, em Londres; depois, da Voz da América, em Washington; e, de novo, da BBC.

Em 1958, quando foi lançada a revista “Senhor”, dirigida por Francis e a convite deste, colaborou esporadicamente com uma “Carta de Londres”, em que resenhava o movimento cultural britânico.

Em 1967, de volta ao Rio de Janeiro, foi chamado por Francis a integrar a equipe da nova revista “Diners”, de que faziam parte jovens como Ruy Castro, Alfredo Grieco e Flavio Macedo Soares.

Com o fim da “Diners”, em 1969, Telmo foi para a “Ultima Hora” e, depois, para o “Correio da Manhã”, onde escrevia uma página de notas cáusticas e hilariantes, assinada por Daniel Más.
Por causa dessas notas, que sacudiam a cidade, foi convidado em 1971 por Murilo Felisberto a transferir-se para o “Jornal da Tarde”, em São Paulo, e escrever uma coluna com seu próprio nome.

 

CELEBRIDADE PAULISTANA

 

Pelos 15 anos seguintes (com um breve intervalo no também breve “Jornal da República”), Telmo foi uma marca do “Jornal da Tarde”. Tornou-se uma celebridade paulistana, principalmente na área dos Jardins –e sua palavra de aprovação (ou não) passou a ser indispensável para a maioria dos atores, cantores, escritores e artistas plásticos de São Paulo. Contra ou a favor, era preciso ser citado por ele.

Washington Olivetto, Fausto Silva, Rita Lee, Glorinha Kalil, Costanza Pascolatto, Beatriz Segall e Osmar Santos eram dos poucos que ele elogiava constantemente.

Muitos recebiam apelidos e definições que eram repetidos nos restaurantes e saraus. Os artistas, grã-finos ou apenas ricos o disputavam para festas e reuniões, mas Telmo foi também fisicamente agredido por pessoas que se julgavam ridicularizadas por ele no jornal.

Em fins dos anos 80, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), que o abateu por algum tempo. Por coincidência ou não –os tempos e a imprensa eram outros–, sua coluna deixou de produzir o interesse que a tornara de leitura indispensável.

Telmo alternou temporadas em São Paulo com voltas ao Rio e trabalhou em diversos veículos nas duas cidades. Manteve uma coluna semanal de televisão na Folha entre 1998 e 2000.

Seu último emprego foi no site “Babado” do portal Ig, onde escreveu uma coluna que não primou pela regularidade.

 

DEPRESSÃO

 

Em crise de depressão, Martino já não saía de sua casa, no Rio de Janeiro, e não achava graça em escrever nem mesmo sobre novelas e TV, material de muitas de suas colunas.

Fixando-se de vez no Rio a partir de 2000, Telmo afastou-se dos amigos, refugiou-se nos vários apartamentos em que morou (sempre de aluguel e no bairro do Flamengo) e deixou que a depressão se instalasse.

Podia passar meses sem sair de casa, dormindo de dia e vendo TV de madrugada. Nos últimos tempos, tinha dificuldade de locomoção.

Os poucos que ainda o procuravam notaram que sua memória já não era a mesma.

Em 2004, alguns de seus melhores textos foram publicados no livro “A Serpente Encantadora”.

Telmo fez parte de uma grande geração, com Paulo Francis e Ivan Lessa, em 1968 na revista “Diners”.

Em abril de 2012, Martino leilou diversos objetos pessoais e obras de arte.

Telmo Martino morreu em 3 de setembro de 2013, de falência de órgãos múltiplos, em decorrência de uma pneumonia, no hospital Samoc, no Rio de Janeiro.

(Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2013-09-03 – CULTURA – Por iG São Paulo – 03/09/2013)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/09 – ILUSTRADA / DO RIO – 03/09/2013)

 

 

 

Telmo Martino destila seu veneno em livro

Telmo Martino autografa hoje no Baretto, o bar do Hotel Fasano, os exemplares de seu livro, Serpente Encantada, editado pela Planeta. São 332 páginas do mais puro veneno, compiladas dos textos que Martino publicou no Jornal da Tarde, quando era colunista, nos anos 1970 e 80. Naquela época, ninguém era ninguém em São Paulo se não saísse na coluna de Telmo Martino, diz o jornalista Ruy Castro. Nascido no Rio, Martino conta como veio para a cidade. “Nem me lembro mais se me ofereci ou me convidaram, mas fui trabalhar no Correio da Manhã. Foi lá que surgiu o Balaio, uma página onde todos os repórteres eram livres para publicar o que quisessem.

O sucesso foi tão grande que a direção do jornal me colocou com o Daniel Más. Eu escrevia as notas que ele assinava. Quando o José Zaragoza contratou o Daniel Más a peso de ouro, o JT me trouxe para São Paulo para mostrar quem era o verdadeiro autor dos textos que eram creditados a ele.” Telmo Martino não tem papas na língua. Fala mal da própria editora. “Deveriam ter colocado um índice onomástico. Afinal, não são todas as pessoas sobre as quais escrevo que interessam a todo mundo. Pelo índice, o leitor já poderia ir diretamente para quem o interessasse.” Martino tinha alguns alvos cativos, como Lulu Metalúrgico (o empresário Luizito Villares), Lula Metalúrgico (o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva), Fernando Henrique Cardoso e Eduardo Matarazzo Suplicy.

Esse último reagia com serena elegância às diatribes do colunista. “Eduardo era o verdadeiro príncipe, um homem muito fino e inteligente que tinha mais o que fazer do que brigar comigo.” Outras pessoas não tinham o mesmo fair-play e muitas romperam com ele. Houve até ameaças à integridade física de Martino. “Um dia recebi um telefonema dizendo que haveria um revólver apontado para mim quando saísse da redação. Era um telefonema anônimo, mas reconheci a voz de um famoso pintor.” O cara podia ser famoso na época, mas, pelo visto, não sobreviveu às próprias ameaças, porque Martino, providencialmente, tem um lapso de memória que o impede de lembrar o nome. Escrever com fina ironia sempre foi a marca de Telmo Martino.

É um jornalismo que pode até horrorizar a quem reconheça no autor o exercício da razão cínica. Mas é inteligente. Martino credita isso à boa educação. Menino, estudou num colégio francês do Rio. Sempre dominou o francês, mas prefere Londres e a literatura inglesa. O livro, que o alegra, não tem nada a ver com ele. “Foi uma idéia do Washington Olivetto. Não participei da seleção dos textos, nem li.” Confessa que teria certa apreensão em reler os próprios textos de 20/30 atrás. Não sabe bem por que, mas reconhece que não possui herdeiros na imprensa brasileira atual – e não por falta de personagens merecedores das suas farpas. Tanto eles existem que são cutucados por Telmo Martino na internet. Quem mais se aproxima dele talvez seja José Simão, mas a serpente encantadora não poupa o discípulo que não é – “Ele é divertido, mas é jornalista de uma piada só. Mudam os personagens, mas a piada dele é sempre a mesma.” Serpente Encantadora – De Telmo Martino.

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – CULTURA / Por  Agencia Estado, 30 Novembro 2004)

 

 

 

 

 

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