Simião Martiniano, diretor, produtor, compositor e ator

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Simião em 2007, quando lançou o filme A Valise Foi Trocada. (Foto: Ricardo Fernandes/ DP/ D.A.Press)

Simião em 2007, quando lançou o filme A Valise Foi Trocada. (Foto: Ricardo Fernandes/ DP/ D.A.Press)

 

Simião Martiniano (Alagoas, em 1932 – Recife, 27 de abril de 2015), diretor, produtor, compositor e ator. Autor de filmes desde o fim dos anos 1970, que gravou usando câmeras Super-8 e depois a tecnologia VHS.

Autor de filmes de baixo orçamento, entre eles “O herói Trancado” (1989) e “A moça e o rapaz valente” (1999), Martiniano chegou a ser apelidado de “Ed Wood do Nordeste”, em referência ao cultuado diretor “trash” cuja vida foi retratada no filme homônimo de Tim Burton, de 1994.

O cineasta Simião Martiniano, continuava a desenvolver novos projetos cinematográficos. Nascido em Alagoas, em 1932, ele se mudou para Pernambuco 1955. Começou a trabalhar como vendedor ambulante, ocupação que dividiria com o ofício do cinema a partir de 1974. Nesse ano ele fez um curso que o ensinou a “montar e desmontar” equipamentos que operavam com películas de 35 mm. Dirigiu nove longas-metragens, rodados em formatos diversos, como super 8, VHS e câmeras digitais.

Sua carreira no ramo audiovisual foi desenvolvida em Pernambuco. Ele morava em Jaboatão dos Guararapes e também trabalhava como comerciante informal no Centro do Recife, atividade que inspirou o apelido “O Camelô do Cinema”, usado como título de um documentário sobre sua vida e obra, dirigido pelos cineasta Hilton Lacerda e Clara Angélica.

A preferência pela temática “trash”, com ninjas e cowboys inspirados nos filmes de bangue-bangue misturados a tipos sertanejos, renderia a Martiniano a alcunha de “Ed Wood” caboclo, uma referência àquele que foi considerado o pior cineasta do mundo e tema de um filme de 1994 do cineasta americano Tim Burton. Assim foi retratado no documentário “Simião Martiniano, o Camelô do Cinema”, de Clara Angélica e Hilton Lacerda.

O vagabundo faixa-preta (1992) é o maior clássico da filmografia de Simião. Artes marciais, comédia e bangue-bangue eram a especialidade do cineasta, que também era ator tanto nos próprios filmes como em obras de outros diretores, como O homem da mata, de Antônio Carrilho.

“Traição no Sertão” (1979), seu primeiro filme, “O Herói Trancado” (1989, no qual o mocinho se chamava… Trancado) e “A Valize foi Trocada” (1992), selecionado para a Mostra Cinema de Bordas, do Itaú Cultural, e “O Show Variado” (2010) Simião Martiniano estudou só até a quinta série, e definia-se como praticamente analfabeto. Suas principais referências – preferia ver filmes na TV a ir ao cinema – eram os filmes de Mazzaropi e os estrelados por Roy Rogers, que estrelou filmes de cowboy nos anos 1950. Filmava sempre nos finais de semana, escalando vizinhos e amigos para os papéis de sua produção.

Ele mesmo cuidava de detalhes de sua obra, como os efeitos especiais. Para criar os ferimentos, utilizava sangue feito com groselha e farinha. Para fazer os atores chorarem, esfregava cascas de cebola ou de laranja ao redor dos olhos. Em uma cena de “O Vagabundo Faixa Preta” (1992), quando em uma briga um dos personagens arranca com uma faca o coração do outro, na verdade, estava extraindo um pedaço de toucinho. As fantasias ninja e bangue-bangue de Martiniano, no fim, tinham uma só origem: coisas que ele mesmo viu no interior do Nordeste. “Eu misturo tudo e lá dentro boto o Nordeste. É para o povo, principalmente a juventude, conhecer o Nordeste”, dizia.

 

FILMOGRAFIA
Traição no Sertão (1979)
A rede maldita (1991)
O vagabundo faixa preta (1992)
A mulher e o mandacaru (1994)
Traição no Sertão (1996, refilmagem)
O herói trancado (1999);
A moça e o rapaz valente (1999)
A valise foi trocada (2007);
Show variado (2010)

Simião Martiniano morreu em 27 de abril de 2015, aos 82 anos, na Santa Casa da Misericórdia, do Recife, devido a problemas decorrentes de um câncer no esôfago. Sua saúde já estava em uma situação delicada há meses.

“Simião era um homem inteligente, inventivo, de humor fino. Deu uma enorme contribuição pro audiovisual pernambucano, apesar de ser mais festejado do que assistido”, declarou, pelo Facebook, o produtor Rafael Coelho, que trabalhava na finalização das refilmagens de A mulher e o mandacaruA valise foi trocada e A moça e o rapaz valente. O material foi transformado na série de TV Simião remake, com produção da empresa Página 21, que também produziu Show variado (2010).

(Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2015/04/27/internas_viver,573514 – TRIBUTO – Publicação: 27/04/2015)

(Fonte: http://www.bemparana.com.br/noticia/383821 – Televisão e Gente – Folhapress – 27/04/15)

 

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