Seretse Khama, foi o primeiro presidente de Botswana

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Seretse Khama foi o primeiro presidente de Botswana. (Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

Seretse Khama foi o primeiro presidente de Botswana.
(Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

Seretse Khama (Serowe, Botswana, 1º de julho de 1921 – Gaborone, Botswana, 13 de julho de 1980), foi o primeiro presidente de Botswana, na África. Presidente desde sua independência, em 30 de setembro de 1966 até sua morte.

Nascido na vila de Serowe, no então Protetorado britânico da Bechuanalândia, em 1° de julho de 1921, Khama era originário de uma das famílias reais mais poderosas do país.

Educado na vizinha África do Sul e no Reino Unido, ele retorna ao seu país natal para liderar o movimento pela independência da Bechuanalândia. Ele funda o Partido Democrático do Botswana em 1962 e torna-se primeiro-ministro em 1965. No ano seguinte, o Botswana conquista a independência e Khama torna-se presidente.

Durante sua presidência, o país experimentou um rápido desenvolvimento econômico e social.

Seretse Khama funda em 1962, junto com Quett Masire, o Partido Democrático da Bechuanalândia (após a independência, Partido Democrático do Botswana, BDP). Entre os principais temas da agenda promovida por Khama estavam a defesa de uma sociedade não racial, democrática e tradicional, onde os chefes e os tribunais tradicionais gozariam de um importante papel, e a necessidade de um governo responsável como primeiro passo para a independência do protetorado. Ao mesmo tempo, Seretse pressionava as autoridades britânicas no sentido de um processo de independência, que se apresentaria como desafiador.

Em 1965, a capital da Bechuanalândia é transferida de Mafiking, na África do Sul, para a recém-fundada Gaborone. Neste mesmo ano, o liberal-democrático BDP conquista 28 das 31 cadeiras eletivas da Assembleia Nacional, derrotando os seus oponentes pan-africanistas e socialistas nas eleições que antecederam a independência. Em 30 de setembro de 1966, a Bechuanalândia conquista sua independência, e Seretse Khama torna-se o primeiro presidente da República do Botswana.

Seretse Khama faleceu em Gaborone, a capital do país, 13 de julho de 1980, aos 59 anos, de câncer.

(Fonte: Veja, 23 de julho de 1980 – Edição 620 – DATAS – Pág: 76)

 

 

Um caso de amor que comoveu o mundo: o príncipe africano que abdicou de trono para se casar com mulher branca

Herdeiro de uma das principais tribos de Botsuana, Seretse Khama se casou com britânica, em união que desatou polêmica internacional.

Ruth e Seretse tiveram quatro filhos; um deles, Ian, foi eleito presidente de Botsuana en 2008 (Foto: AP)

Ruth e Seretse tiveram quatro filhos; um deles, Ian, foi eleito presidente de Botsuana en 2008 (Foto: AP)

 

Na década de 40, Seretse Khama já sabia o que o futuro lhe aguardava. Ele se tornaria um rei da tribo Bamangwato, no então protetorado britânico de Bechuanalândia, atual Botsuana, no sul da África.

O casamento com Ruth Williams fez com que Seretse fosse exilado (Foto: Getty Images)

O casamento com Ruth Williams fez com que Seretse fosse exilado
(Foto: Getty Images)

Mas antes de assumir o trono, ele foi estudar Direito na Universidade de Oxford, no Reino Unido – em uma viagem que mudaria sua vida totalmente.

Na faculdade, ele ficou amigo da britânica Muriel Williams, que, em 1947, o apresentou para sua irmã, Ruth.

Ruth era branca, de classe média e trabalhava para uma empresa de seguros.

Seretse deveria voltar para casa assim que se formasse, se casar com alguém da sua etnia e ser coroado líder. Mas ele se apaixonou por Ruth.

“Era surpreendente ver como eles tinham tanto em comum, mesmo vindo de contextos tão diferentes”, disse Muriel, a irmã de Ruth, ao programa da BBC Witness (Testemunha).

“Eles se conectaram desde o primeiro momento. É difícil descrever, mas claramente havia uma atração ali.”

Na época, a questão racial era bastante complicada em Londres, segundo lembra Muriel. “Os brancos e os negros não saíam juntos no Reino Unido. Muito menos uma mulher branca e um homem negro.”

Noiva branca

Como o pai de Seretse havia morrido, ele havia sido criado por seu tio, Tshekedi Khama, que desaprovava seu envolvimento com a britânia. Rechaçava a ideia de um chefe tribal ter uma noiva branca.

“Mas Ruth era muito corajosa e Seretse também”, contou Muriel. E o casal seguiu adiante com seus planos de se casar.

Vetados de se casarem no religioso, Seretse conseguiu obter uma licença de casamento civil e um contrato de núpcias com Ruth em 1948 – ele tinha 27 anos e ela, 25.

A união desatou uma polêmica internacional.

Seretse Khama morreu quando ainda ocupava a Presidência de Botswana, em 1980 (Foto: Getty Images)

Seretse Khama morreu quando ainda ocupava a Presidência de Botswana, em 1980
(Foto: Getty Images)

 

 

Houve prostestos no país vizinho, a África do Sul, onde os casamentos inter-raciais eram proibidos pelo apartheid.

Winston Churchill, premiê britânico durante a Segunda Guerra e de 1951 a 1955, disse, apesar de desaprovar a união, que os dois formavam um casal muito corajoso.

Para saber se Seretse seria um rei adequado para os bamangwato, o governo britânico enviou uma representação especial a Bechuanalândia. Mas esta não encontrou pontos que indicassem o contrário.

Mesmo assim, o Reino Unido manteve Seretse exilado por seis anos e ele só pôde retornar à sua terra natal, com sua esposa, em 1956, depois de renunciar a seus direitos tribais.

Novo líder

No entanto, ele encontrou um caminho para liderar seus compatriotas: a política.

Seretse percorreu todo o país e fundou o Partido Democrático de Bechuanalândia. E em 1965 ele foi eleito primeiro-ministro.

No ano seguinte, quando o protetorado teve sua independência do Reino Unido e passou a se chamar Botsuana, ele se tornou o primeiro presidente do país e Ruth, a primeira-dama.

O líder foi reeleito como mandatário até 1979 – e morreu em 1980, quando ainda estava no cargo.

Muriel conta que o compromisso dois dois era muito sólido. Ela lembra de uma ocasião, quando Seretse estava percorrendo seu país durante a fundação de seu partido, em que o carro em que viajavam quebrou. E foi Ruth quem conseguiu consertá-lo. “Definitivamente me casei com a mulher certa”, disse o líder africano, de acordo com sua cunhada.

(Fonte: https://noticias.terra.com.br/mundo – NOTÍCIAS – MUNDO – 20 SET 2016)

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O segredo do país africano que multiplicou por 100 sua riqueza em 50 anos

Quando Charles King, correspondente do Serviço de Notícias Sul-Africano, fez seu relato sobre a independência de Botswana, em setembro de 1966, ele descreveu o país como um “grande terreno sem estradas” e pouco para celebrar. Afinal, dois anos de seca e más colheitas haviam, nas palavras de King, “espalhado o caos e a fome por uma população camponesa dispersa”.

Na opinião do jornalista, o recém-formado país tinha poucas esperanças de estabilidade econômica. Apesar de ter um território comparável ao da França, Botswana tinha apenas 12 quilômetros de estradas asfaltadas e poucos hospitais. A maioria da população vivia da agricultura de subsistência.

Porém, a história não poderia ser tão diferente cinco décadas depois: Botswana é hoje aclamado como uma história de êxito na África. O PNUD, órgão das Nações Unidas para o desenvolvimento, descreve o país como um caso verdadeiro de sucesso em termos de progresso humano e econômico.

Encanto natural

Isso é algo evidente quando se chega a Gaborone, a capital de Botswana. As ruas estão limpas e organizadas, e o trânsito flui com facilidade em meio a modernos arranha-céus. Diferentemente do caos pós-colonial de tantas capitais africanas, as coisas aqui funcionam. E bem.

Greg Mills, da Fundação Brenthurst, um grupo sul-africano de pesquisas em economia, explica que a transformação é o resultado de uma visão a longo prazo, de estabilidade política e de “governos prudentes”.

Botswana tem uma poderosa indústria mineradora (Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

Botswana tem uma poderosa indústria mineradora
(Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

 

Mills poderia ter acrescentado ainda o fator sorte. Botswana foi abençoado com vastas reservas de diamantes e imensas áreas de deserto virgem, onde grandes felinos andam livres. E é ainda o país que tem mais elefantes no mundo. Tudo isso ajudou o país a, em apenas 50 anos, aumentar em mais de 100 vezes sua renda per capita, desenvolvendo setores como a mineração e o eco-turismo.

 

Botswana (Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

Botswana (Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

 

 

Mas recursos naturais por si só não explicam o sucesso de Botswana. Foi com um gerenciamento cuidadoso levado a cabo por seus governantes que o país evitou a chamada “maldição dos recursos”, em que a falta de governança resultou em desperdício de riqueza mineral, como no caso da Nigéria e o petróleo, por exemplo.

Kebapetse Lotshwao, professor de política da Universidade de Botswana, explicas que as primeiras quatro décadas de independência foram particularmente vitoriosas.

A indústria turística de Botswana é bem desenvolvida (Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

A indústria turística de Botswana é bem desenvolvida
(Foto: Getty Images / BBCBrasil.com)

 

“O país teve a sorte de contar com líderes como Seretse Khama e Ketumile Masire (os dois primeros presidentes)”.

Esses políticos priorizaram o desenvolvimento e usaram a ajuda financeira internacional e as receitas das vendas de diamantes para investirr fortemente em políticas de saúde e educação. Houve uma queda grande na pobreza, ainda que a carência ainda afete um em cada cinco habitantes de Botswana – a população total é de pouco mais de 2 milhões de pessoas.

As taxas de alfabetização são altas e o índice de comparecimento à escola primária até 13 anos é de quase 90%.

Problemas

No entanto, alguns especialistas se preocupam com a situação do país. Um dos problemas é o desemprego, que se mantém na casa de 20%.

Analistas veem uma falta de diversificação em uma economia concentrada demais no garimpo e no turismo.

E, apesar dos investimentos em saúde, a expectativa média de vida em Botswana é de 54 anos, uma das mais baixas do mundo. Quase um quarto da população é HIV positiva.

Há ainda problemas políticos: o Partido Democrático de Botswana (BDP), no poder desde a independência, está perdendo sua popularidade. Críticos do governo falam em atitudes autoritárias e de perseguição a jornalistas que investigam denúncias de corrupção.

Um relatório da Freedom House, ONG americana denuncia corrupção em licitações públicas, diz que não há grandes restrições às atividades empresariais de funcionários públicos – incluindo o presidente, um importante investidor do setor do turismo.

Lotshwao diz que o governo “não distribui ude maneira uniforme, os frutos do crescimento econômico”.

“Há uma necessidade de encontrar uma maneira de reduzir a disparidade entre ricoss e pobres”, argumenta.

“Tal como está, a situação pode levar à instabilidade política”.

Para Lotshwao, o país precisa ainda de uma reforma política para diminuir o poder da presidência – o cargo hoje é ocupado por Ian Khama, filho de Seretse, o primeiro mandatário pós-independência.

Política de consenso

“A democracia de Botswana não progrediu. Seguimos utilizando uma constituição imposta pelo Reino Unido como parte do processo de independência. O presidente tem poderes para governar por capricho”, opina o acadêmico.

Em um informe do Banco Mundial, publicado recentemente, o economista Michael Lewin, fala de uma tradição local chamada kgotla , em que os membros de uma comunidade se sentam para conversar durante horas sobre um problema comum. À medida que a receita dos diamantes vai diminuindo, por conta do esgotamento das jazidas, a kgotla pode ajudar Botswana a encontrar um novo caminho de êxito.

(Fonte: https://noticias.terra.com.br/mundo – NOTÍCIAS – MUNDO – 11 SET 2016)

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