Laurent Cantet, cineasta francês, autor de nove longas-metragens, era mundialmente reconhecido por ter ganhado a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes, com a obra Entre os Muros da Escola em 2008

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Laurent Cantet, diretor francês vencedor da Palma de Ouro

O diretor francês Laurent Cantet posa em Paris em 2014 — (© Eric Feferberg/ AFP)

 

Laurent Cantet (nasceu em 11 de abril de 1961, em Melle – faleceu em 25 de abril de 2024, em Paris), cineasta francês, autor de nove longas-metragens, era mundialmente reconhecido por ter ganhado a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes, com a obra Entre os Muros da Escola em 2008.

A obra venceu por unanimidade, se tornando o primeiro longa-metragem francês a conquistar o feito desde 1987. Ele ainda foi indicada ao Oscar como Melhor Filme Estrangeiro.

O cineasta francês, Palma de Ouro em 2008 com “Entre os Muros da Escola” e diretor de filmes gravados em Cuba e no Haiti, trabalhava atualmente em um novo projeto, “L’apprenti”, com lançamento previsto para 2025.

Em 2012, o cineasta participou de uma obra coletiva, “7 Dias em Havana”, junto a outros seis diretores, entre eles Benicio del Toro. A produção capturou o cotidiano da capital cubana ao longo de sete episódios.

Dois anos depois voltou a Havana para filmar “Retorno a Ítaca”, um filme conjunto sobre as memórias de cinco amigos após o regresso do exílio de um deles, com Isabel Santos e Jorge Perugorría no elenco.

“Entre os Muros da Escola” se passa em um colégio de Paris e narra, com um olhar de documentário, o dia a dia de um professor de francês que leciona para adolescentes rebeldes de um bairro da periferia parisiense.

Outros filmes conhecidos de Laurent Cantet são “Recursos Humanos” (1999), sobre as relações trabalhistas em uma empresa francesa, e “Em Direção ao Sul”, ambientado no Haiti e filmado em 2005 com Charlotte Rampling e Karen Young.

Carreira marcada pelo humanismo

Além da produção que lhe rendeu o principal prêmio de Cannes, Cantet deixa um legado de filmes que exploram temáticas sociais relevantes. Ele começou a carreira com trabalhos na TV e curtas nos anos 1990, antes de lançar seu primeiro longa, “Recursos Humanos”, em 1999. O filme acompanhava um jovem trainee em seu início de carreira na fábrica do pai, e rendeu ao diretor o César (o “Oscar francês”) de Melhor Obra de Estreia.

Após o sucesso inicial, ele dirigiu “A Agenda” (2001), premiado em Veneza, que narrava a história de um homem que escondia da família o fato de ter sido demitido – e fazia uma reflexão sobre a mentira e suas consequências trágicas.

Ao longo da carreira, Cantet dirigiu obras como “Em Direção ao Sul” (2005), sobre turismo sexual no Haiti, o filme coletivo “7 Dias em Havana” (2012), “Foxfire: Confissões de uma Gangue de Garotas” (2012), baseado no romance homônimo de Joyce Carol Oates, a tragicomédia “Retorno a Ítaca” (2014), “A Trama” (2017), que acompanhava jovens da comuna de La Ciotat, no sul da França, e “Arthur Rambo – Ódio nas Redes” (2021), seu trabalho mais recente, que abordava a vida de um adolescente cuja identidade online é revelada.

O cineasta foi aclamado pela crítica francesa por trazer generosidade e humanismo aos temas que abordava. Seus filmes variavam de sistemas brutais de gestão e status no mundo do trabalho, como visto no primeiro, “Recursos Humanos”, até o cancelamento implacável das redes sociais, retratado no último, “Arthur Rambo”.

Reconhecimento internacional

Mas sua obra prima foi mesmo “Entre os Muros da Escola”, que lhe rendeu notoriedade internacional. O longa retratava a dinâmica dentro de uma sala de aula de uma escola secundária num bairro multicultural e diversificado de Paris. A narrativa explorava a relação entre os alunos, interpretados de forma notável por jovens não profissionais, e seu dedicado, porém por vezes exasperado, professor. Baseado em um romance autobiográfico sobre um jovem professor idealista diante de uma turma problemática de alunos carentes, Cantet escalou o próprio autor do livro para o papel principal.

“Entre os Muros da Escola esmiuçava os embates intelectuais e as conversas que ocorriam por trás das portas fechadas da sala de aula: fracassos e frustrações não apenas entre professores e alunos, mas também entre um sistema educacional rígido e a visão desigual da sociedade moderna em relação aos jovens. Deu tanto o que falar que o então presidente Nicolas Sarkozy chegou a comentar o filme, destacando que ele retratava a dificuldade do sistema educacional francês, assim como o esforço heroico dos professores.

“Sério, sutil, incisivo, perturbador, engraçado e comovente”, escreveu o jornal Le Monde sobre o filme, que conquistou uma decisão unânime do júri de Cannes, presidido na ocasião pelo ator americano Sean Penn.

Além do apoio da crítica, o longa se tornou um dos poucos vencedores da Palma de Ouro a ultrapassar a marca de 1 milhão de ingressos vendidos nas bilheterias francesas nas últimas duas décadas.

Ao destacar sua obras, o Festival de Cannes o descreveu como “um humanista feroz, que buscava luz apesar da violência social e encontrava esperança apesar da dureza da realidade”.

Na véspera de sua morte, Cantet trabalhava em um novo filme, “O Aprendiz”, cuja estreia estava prevista para o ano que vem.

Laurent Cantet faleceu aos 63 anos de idade, informou sua agente à AFP.

“Ele morreu esta manhã em Paris devido a uma doença”, disse Isabelle de la Patellière.

O Festival de Cannes, cuja 77ª edição terá início no dia 14 de maio, citou o cineasta como um “humanista feroz, que buscou a luz apesar da violência social, que encontrou esperança apesar da dureza da realidade”.

Foi um diretor e roteirista “cujo trabalho coerente e humanista desenha um cinema sensível, à flor da pele e à margem da sociedade”, acrescenta a declaração.

(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – AFP/ CINEMA/ NOTÍCIAS/ História de AFP – 26/04/2024)

(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – Pipoca Moderna/ CINEMA/ NOTÍCIAS/ História de Pedro Benjamin Prado – 26/04/2024)

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