Saul Bellow: nascido no Canadá, ele fez de Chicago o cenário de sua obra
A voz da inteligência
Saul Bellow (Québec, Canadá, 10 de junho de 1915 – Brookline, Massachusetts, 5 de abril de 2005), escritor americano, um dos grandes nomes da ficção mundial.
Romancistas que adotam a visão mais amarga sobre a condição moderna alcançam o mais alto grau na arte do romance, disse certa vez Saul Bellow. Referia-se ao francês Gustave Flaubert, mas a frase poderia ser aplicada a Herzog, O Planeta do Sr. Sammler e outras obras-primas do próprio Bellow. O personagem característico do escritor americano, era um tipo intelectual e individualista perdido num mundo que não reconhece sua independência de pensamento (não é de estranhar que Bellow tenha afrontado várias vezes os arautos da correção política). Nos anos 40, quando estreou na ficção, esses personagens cultos e neuróticos constituíram uma voz na literatura americana – e lhe garantiram um lugar entre os melhores escritores de seu tempo.
O Nobel de Literatura de 1976 nasceu no Canadá, filho de imigrantes judeus russos. Com 9 anos, mudou-se para Chicago, cidade americana que se tornou cenário de grande parte de sua ficção. Mulherengo, casou conco vezes e teve quatro filhos. Foi até o fim um escritor cercado de polemica. Seu vezo de buscar inspiração em conhecidos para compor personagens ficcionais gerou controvérsia com Ravelstein, romance de 2000. O protagonista, um intelectual gay que morre de aids, é baseado no pensador Allan Bloom – um amigo de Bellow que sempre manteve sua homossexualidade no armário. Phillip Roth, outro grande escritor judeu americano, não exagerou ao definir a importância de seu colega: “A espinha dorsal da literatura americana no século XX está em dois romancistas: William Faulkner e Saul Bellow”. Bellow faleceu no dia 5 de abril de 2005, aos 89 anos, de complicações de saúde relacionadas a idade, no Brookline, Massachusetts.
(Fonte: www.veja.abril.com.br ANO 38 N° 15 – Memória – Edição 1900 – 13 de abril de 2005 Pág; 141)