Salvatore Riina, ex-poderoso chefão da máfia siciliana, líder supremo da Cosa Nostra

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Toto Riina, ex-poderoso chefão da máfia siciliana, de camponês de Corleone a líder supremo da Cosa Nostra

 

Foto de 16 de janeiro de 1996 mostra o ‘chefe dos chefes’ da máfia siciliana, Toto Riina, sendo escoltado até o tribunal em Bolonha, na Itália (Foto: Gianni Schicchi/ AP)

 

Condenado a 26 penas de prisão perpétua, ele era suspeito de matar mais de 150 pessoas.

 

Totò Riina,o mais sanguinário dos mafiosos italianos

 

Salvatore Riina (Corleone, Itália, 16 de novembro de 1930 – Parma, 17 de novembro de 2017), o ex-poderoso chefão da máfia siciliana e um dos homens mais temidos da Itália.

Pouca coisa, até o encontro com Luciano Leggio, na época um mafioso em ascensão que está tentando fazer um caminho. E ele, seu companheiro, que por um erro de transcrição de um policial passará para a histórica como Luciano Liggio, o fez entrar na Cosa Nostra. Com 1,58 de altura, ganha o apelido de “Totò U Curtu”, sai do presídio de Ucciardone em 1956, com um desconto apenas parcial da pena, e é integrado no grupo de fogo de Leggio, que deixa um longo rastro de sangue por seu caminho.

A luta pelo poder de “Lucianeddu” e dos seus começa em 1958 com a “eliminação” de Michele Navarra, médico e “boss” do Corleone.

Leggio assume o clã e toma seu lugar. Totò torna-se seu vice. No grupo, há outro conterrâneo, Bernardo Provenzano (1933-2016). Em dezembro de 1963, Riina é parado por uma patrulha de policiais da província de Agrigento: tem uma carteira de identidade roubada e uma pistola.

Volta à Ucciardone para sair, em 1969, após uma absolvição por insuficiência de provas. Mandado para fora da Sicília por uma ordem judicial, nunca deixará a ilha escolhendo uma fuga que durou 20 anos. Como foragido, inicia uma sistemática eliminação dos inimigos: em 1969, com Provenzano e outros “homens de honra”, mata com inúmeros tiros o chefão Michele Cavataio (1929-1969) e outros quatro parceiros dele naquela que ficará conhecida nos jornais como o “massacre da rua Lazio”.

Dois anos depois, é ele quem atira contra o procurador de Palermo, Pietro Scaglione (1906-1971). A ascensão na Cosa Nostra é obtida com sangue e com violência – seriam mais de 100 homicídios no qual será condenado a 26 penas de prisão perpétua.

O “chefe dos chefes”, condenado a 26 penas de prisão perpétua e suspeito de matar mais de 150 pessoas, ficou conhecido como “A Fera”, Toto Riina, nasceu em uma família humilde de Corleone e escalou todos os degraus da Cosa Nostra, espalhando o terror na Sicília e em sua própria organização durante 20 anos.

 

A partir dali, ele dá vários passos em seus primeiros crimes contra políticos: o ex-secretário da província Michele Reina e o presidente da região siciliana, Piersanti Mattarella (irmão do atual presidente da Itália, Sergio Mattarella). Depois da prisão de Leggio, Riina toma seu lugar no triunvirato mafioso junto a Stefano Bontate e Tano Badalamenti. Pouco tempo depois, fará com que esse último se afastr, acusando-o falsamente do assassinato de um chefe mafioso nisseno.

 

Com uma liderança sanguinária desde os anos 1970, ordenou mais de 150 assassinatos, em particular os dos juízes de combate à máfia Giovanni Falcone (1992) e Paolo Borsellino (1993). Também foi um dos cérebros dos atentados que deixaram 10 mortos em Roma, Milão e Florença em 1993.

 

Mas, é nos anos 1980 que o seu papel e dos seus, os “camponeses”, os membros do clã Corleone que desafiaram a máfia da cidade, torna-se indiscutível. Rios de dinheiro graças às drogas, os roubos e a especulação imobiliária. E uma conquista de poder com base em assassinatos e crimes do colarinho branco. É a segunda guerra da máfia. Em 23 de abril de 181, cai Stefano Contande, o chefão que sempre estava bem vestido, frequentava os melhores restaurantes a cidade e controlava o tráfico da Cosa Nostra palermitana.

 

Dezoito dias depois, cabe a seu aliado, Totuccio Inzerillo, depois ao filho, depois ao irmão. Os parentes sobreviventes fogem para os Estados Unidos e salvam sua vida com o pacto de nunca mais voltar à Sicília. Em poucas semanas, caem pelo chão inúmeros cadáveres. Riina, “a besta”, como o chama a sua referência política Vito Ciancimino (1924-2002), ex-prefeito mafioso de Palermo, é feroz e impiedoso. Condenado costumeiramente à prisão perpétua durante um “maxi processo”, é indiciado pelas revelações do primeiro arrependido, Tommaso Buscetta.

 

Totò “U Curto” se vinga ordenando a morte de 11 parentes dele.

 

Quando o maxi torna-se definitivo e começam a aparecer as perpétuas para “os homens de honra”, o “padrino” declara guerra ao Estado. Uma espécie de “acerto de contas” com a condenação de inimigos históricos, como os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, que eram responsáveis pelo maxi processo, bem como contra aqueles que o traíram. A lista de quem seria eliminado era longa e contava também com políticos que, segundo o “boss”, não haviam respeitado os acordos firmados com ele.

 

E a temporada de ataques que o “chefe dos chefes” quer, no entanto, não conta com o apoio de todos dentro da Cosa Nostra. No dia 12 de março de 1992, morre Salvo Lima, procônsul na Sicília. Nos dias 23 de maio e 19 de julho, os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, respectivamente. Para o chefão, no entanto, restam poucos meses de liberdade: em 15 de janeiro de 1993, os policiais do ROS, uma das esquadras da polícia, o prendem após 24 anos de fuga.

 

 

Foto divulgada pela polícia italiana de Salvatore “Toto” Riina, depois de ser preso em 1993. – (ITALIAN POLICE/AFP)

 

 

A mulher, Ninetta Bagarella, que passou sua vida com ele, volta a Corleone com seus quatro filhos Lucia, Concetta, Giovanni e Giuseppe Salvatore, todos nascidos em uma das melhores clínicas privadas de Palermo. Os últimos episódios da fuga da família transcorrem em uma vila de empresários mafiosos, a dois passos da delegacia. Os policiais o prendem um pouco longe de casa, sendo essa uma prisão ainda com pontos muito obscuros. A versão oficial é de que ele foi entregue por um de seus ex-companheiros mais fiéis, Baldassare Di Maggio.

 

Mas, sob a captura do “chefe dos chefes” gravitam sombras pesadas. A traçá-las são os mesmos magistrados que, em 2012, o processam pelo considerada “negociação Máfia-Estado”, no qual o chefão teve, ao menos, o papel inicial. Teria sido seu companheiro, o amigo de uma vida, Bernardo Provenzano, mais calmo e que estava entre os membros contrários da “guerra ao Estado”, a entregá-lo para os policiais ganhando em troca a impunidade.

 

 

História

 

chefão siciliano mandou assassinar em 1992 os juízes de combate à máfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, que haviam trabalhado sem trégua para levar mais de 300 mafiosos a julgamento em 1987.

 

Também foi o responsável por atentados com bomba em Roma, Milão e Florença, que mataram 10 pessoas.

 

Salvatore ‘Toto’ Riina também era conhecido como “U Curtu” (O Pequeno) por sua altura (1,58 metro).

 

Durante anos ele negou pertencer à Cosa Nostra, mas em 2009 admitiu implicitamente seu papel na organização criminosa.

Nasceu em 16 de novembro de 1930 em Corleone, perto de Palermo, capital da Sicília, em uma família de camponeses pobres – em que logo perderá o pai e o irmão, mortos na tentativa de retirar pólvora de uma boma que não explodiu -,  e com apenas 18 anos entrou para a máfia.
Na prisão pela primeira vez, ele entrou pouco depois de completar 18 anos. Um “batismo” criminal precoce e uma acusação grave: o homicídio de um conterrâneo, durante uma briga, pelo qual foi condenado a 12 anos de prisão.
Depois de uma primeira passagem pela prisão por assassinato, Riina, soldado fiel do líder mafioso Luciano Liggio (1925-1993) desde os anos 1950, avançou na organização até substituir o chefe em 1974.

Em 1969, a justiça emitiu a primeira ordem de prisão contra ele, mas Riina conseguiu viver na clandestinidade durante quase 25 anos, período em que, provavelmente, nunca saiu da Sicília.

Riina, à frente do clã dos Corleone, se apoderou de todas as atividades rentáveis da máfia, do tráfico de drogas aos sequestros, passando pela extorsão, após uma guerra nos anos 1980 que deixou centenas de mortos entre as “famílias palermitanas”.

 

Depois de vencer a guerra em 1982, Riina assumiu o poder total e virou o chefe da “Cúpula” (o Executivo da Cosa Nostra).

 

A partir deste momento iniciou uma campanha de violência contra os representantes do Estado.

 

Graças à colaboração de vários criminosos arrependidos, entre eles o seu motorista pessoal, cansados ou aterrorizados pela crueldade do líder mafioso, as forças de segurança prenderam Riina em 15 de janeiro de 1993 em um subúrbio de Palermo.

 

Toto Riina rejeitou as acusações e afirmou que não conhecia a máfia, alegando que vivia na clandestinidade para fugir de acusações falsas.

 

 

Aparência de idoso ingênuo

Os vídeos dos interrogatórios de Riina revelaram um personagem de grande habilidade, que ocultava por trás da aparência de idoso ingênuo e medroso uma atitude fria e um olhar ameaçador.
Em 2009, Toto Riina rompeu o silêncio e afirmou que a máfia não havia sido responsável pela morte do juiz Paolo Borsellino, reconhecendo de fato que havia sido o principal líder da organização.
Após as diversas condenações por assassinato e associação mafiosa em vários julgamentos, a justiça confiscou do “chefe dos chefes” uma fortuna de 125 milhões de euros (147 milhões de dólares), investida em diversos bens.
Toto Riina estava preso em uma penitenciária de Parma, norte da Itália, e era submetido ao regime carcerário previsto para os mafiosos que, entre outras coisas, proíbe as visitas de parentes, autorizando apenas a presença do advogado.
Toto Riina morreu em consequência de um câncer em 17 de novembro de 2017, aos 87 anos. Estava em coma induzido há vários dias, depois de duas cirurgias que agravaram seu estado de saúde. Riina faleceu na unidade carcerária do hospital de Parma, norte da Itália.

Um dia depois de completar 87 anos, o ex-poderoso chefão da máfia siciliana morreu na prisão em que passou mais de duas décadas desde 1993, condenado a 26 penas de prisão perpétua.

 

Toto Riina, casado desde 1974 com Antonietta Bagarella, uma professora que pertencia a uma grande família mafiosa, que teria continuado a mandar no império criminal construído pelo marido mesmo após a prisão dele em janeiro de 1993. O casal teve quatro filhos- dois deles seguiram os passos do pai.

 

Sua mulher e três de seus quatro filhos foram autorizados pelo ministério italiano da Saúde a visitá-lo para uma despedida.

 

Ninetta Bagarella teve quatro filhos com Toto Riina (Foto: Reprodução/Twitter/@AdnKronos )

 

O filho mais velho do mafioso cumpre pena de prisão perpétua por quatro assassinatos.

 

Giuseppe Salvatore, nascido em 1977, foi condenado a oito anos e 10 meses de prisão por associação mafiosa em 2009. Giovanni, nascido em 1976, cumpre pena de prisão perpétua por assassinato.

 

Riina havia solicitado a libertação em julho, alegando uma doença grave, mas o pedido foi rejeitado depois que um tribunal determinou que o atendimento médico na prisão era tão adequado quando o que receberia fora do sistema penitenciário.

 

 

Totó Riina (Foto: Reprodução/Twitter/@AdnKronos)

 

Os médicos afirmaram na ocasião que Riina estava “lúcido”. Em uma conversa interceptada há alguns meses, o ex-poderoso chefão afirmou que “não se arrependia de nada”.

 

“Nunca poderão lidar comigo, mesmo que me condenem a 3.000 anos de prisão”, disse.

Com a morte de Riina, ficarão sem respostas muitas perguntas: as relações entre a máfia e a política, sobre a temporada de ataques, sobre os chamados “delitos excelentes”, sobre as tramas que viram a Cosa Nostra como braço de poderes ocultos em uma comunidade estratégica. Riina nunca mostrou algum sinal de arrependimento. Até o fim, ele permaneceu em silêncio.

 “Que Deus o perdoe, porque nós não faremos isto”, afirmou uma associação de vítimas do atentado em Florença, segundo o jornal “Fatto Quotidiano”.

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia – MUNDO – NOTÍCIA / Por France Presse – 17/11/2017)

(Fonte: https://istoe.com.br – EDIÇÃO Nº 2500 – MUNDO / Por Lara Sirignano – PALERMO (ANSA) – 17 NOV 2017)

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