René Schneider, Comandante-em Chefe das Forças Armadas chilenas no período da eleição de Salvador Allende à presidência do Chile

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O ex comandante em chefe do Exército, René Schneider.

O ex comandante em chefe do Exército, René Schneider. (Foto: ciperchile.cl)

René Schneider (31 de dezembro de 1913 – 25 de outubro de 1970), General e Comandante-Chefe das Forças Armadas chilenas no período da eleição de Salvador Allende à presidência do Chile, durante o qual foi assassinado numa tentativa de lançar um manifesto forjando exigências de extrema esquerda – possivelmente a posse de Allende antes das eleições no Congresso – e ameaçando os parlamentares e militares com a execução de Schneider.

Segundo os planos iniciais, aliás, o general Schneider não deveria ser morto e sim sequestrado. Com isso, pretendiam criar uma situação caótica, que desembocaria num golpe de Estado. Outra opção seria conservar Schneider sequestrado, mas usar o seu nome para lançar um manifesto de rebeldia a todas as unidades militares. Como Schneider gozava de um grande prestígio no Exército, sua falsa mensagem seria talvez acatada.

Tudo isso, no entanto, deu errado. O Comandante-Chefe do Exército resitiu ao rapto e foi morto. O que poderia ser um golpe político engenhoso transformou-se em simples assassinato. Para a extrema direita, o resultado não poderia ser pior. No dia 25 de outubro de 1970, além do luto ofiaicl, dos disrcursos, dos projetos de estátuas, a morte de Schneider provocou uma reação emocional autêntica na população de Santiago.

Não pelo homem em si – militar de carreira e pintor obscuro nas horas vagas -, mas pelo respeito à Constituição que ele representava.

No Chile – exceção de calma num continente de aventuras políticas -, o respeito à Constituição é um dos motivos de orgulho nacional. Além disso, o assassinato de qualquer homem quase sempre vem reforçar a popularidade de suas ideias políticas.

“Ele morreu para que o senhor pudesse ser presidente”, afirmou a Allende o cardeal-arcebispo de Santiago, e a frase, embora eloquente, contém boa dose de verdade. Quanto ao próprio Allende, que tomou posse em 3 de novembro de 1970, pereceu preferir a presidência ao papel de mártir constitucional. Mudou-se para uma casa cercada por muros e só sai à rua na companhia de guarda-costas armados.

A morte errada

Improvisada e rudimentar, a organização de extrema direita que assassinou o general René Schneider acabou se desmantelando no espaço de poucos dias. Nem todos os culpados foram presos, mas o mecanismo e os fins da ação terrorista já ficaram esclarecidos. Desde o início sobraram pistas.

Os terroristas não tomaram sequer a precaução de utilizar automóveis roubados e, além disso, escolheram para a execução direta do atentado elementos suspeitos, que inevitavelmente seriam interrogados pela polícia.

Em poucos dias, entre as centenas de indivíduos que desciam dos carros de presos na Central de Investigações de Santiago, se foi formando um grupo menor de suspeitos que englobava, ao mesmo tempo, militares aposentados, figuras do submundo e empresários.

Alguns chegavam protegidos por capuzes, outros eram imediatamente reconhecidos pelos jornalistas que faziam plantão no bar ao lado. Um dos primeiros a aparecer foi o advogado Gustavo Valenzuela Salas. Preso na volta de uma misteriosa viagem de três dias à Argentina, Salas não conseguiu explicar satisfatoriamente o fato de o seu automóvel Peugeot ter servido no atentado.

Falava-se também no general Viaux, líder do motim de Tacna, que passou vários dias evitando a polícia antes de ser surpreendido na madrugada no escritório de seu advogado. Antes de sua prisão, Viaux escreveu aos jornais negando qualquer participação na morte de Schneider, mas foi necessário que explicasse muita coisa antes de recuperar a liberdade.

Duas opções – Sabe-se, por exemplo, que Viaux passou três dias num hotel de Valparaíso sem razão aparente e que foi dessa cidade que partiram as ordens finais para a execução do atentado. Segundo os planos iniciais, aliás, o general Schneider não deveria ser morto e sim sequestrado. Nesse caso, a primeira opção seria lançar um anifesto forjando exigências de extrema esquerda – possivelmente a posse de Allende antes das eleições no Congresso – e ameaçando os parlamentares e militares com a execução de Schneider.

Com a prisão dos implicados no atentado ao general Schneider, a situação interna no Chile também tomou rumos mais sossegados.

(Fonte: Veja, 4 de novembro de 1970 – Edição 113 – CHILE – Pág: 47/48)

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