Primeira Reserva da Biosfera brasileira

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Na região mais densamente ocupada do país, um paraíso serve de berçário à vida do Atlântico Sul e, junto com a Mata Atlântica que o envolve, abriga uma das maiores biodiversidades do Brasil.
Na lista dos paraísos ecológicos brasileiros, não faltam unanimidades como a Floresta Amazônica, o Pantanal, o Arquipélago de Fernando de Noronha ou a Mata da Juréia, em São Paulo. Dificilmente, porém, alguém se lembraria de incluir nesta listagem uma faixa costeira de 200 quilômetros, entre os municípios de Iguape, em São Paulo, e Paranaguá, no Paraná, conhecida pelo estranho nome de Lagamar. Em 1991, no entanto, quando a Unesco decidiu fazer da Mata Atlântica nos dois Estados a primeira Reserva da Biosfera brasileira, o Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Paranaguá – seu nome científico – acabou ganhando um lugar no seleto grupo de santuários ambientais. E, embora ainda não seja uma pérola dos ecologistas, somando-se seus dotes aos da floresta que o envolve, juntos eles concentram o que alguns biólogos consideram uma das mais ricas biodiversidades do país.
Entender a receita que produziu essa fabulosa variedade de vida também não é difícil. Basta pegar uma mata tão verdejante quanto a Amazônica, adicionar os terrenos alagadiços do Pantanal, salpicar uma quantidade de ilhas maior que as de Fernando de Noronha e povoar tudo com bichos raros da Juréia. Resultado: Lagamar, uma mistura de ecossistemas tão diversos quanto florestas tropicais de planície e montanha, manguezais, lagunas, braços de mar, baías, dunas e praias. Cada um desses habitats povoado por plantas e animais não só típicos, mas muitos endêmicos.
Quem entra pela primeira vez no coração verde dessa região litorânea tem a sensação de estar atravessando um túnel do tempo. Durante séculos, o Lagamar permaneceu praticamente intocado pelo homem, em parte graças aos contrafortes da Serra da Graciosa, em parte pelo dossel compacto da Mata Atlântica, que o envolve desde a serra até o Vale do Ribeira.
Apesar de espremido entre o porto paranaense, Paranaguá, e as praias paulistas do litoral mais cobiçado por empreendimentos turísticos, a natureza sobreviveu incólume, tanto na terra quanto no mar. O Lagamar é o berçário do Atlântico Sul.
Por causa de sua biodiversidade e seus mistérios, o Lagamar se transformou na nova meca dos pesquisadores da natureza. O primeiro estudioso, porém, chegou lá bem antes, em 1554. Em sua segunda viagem ao Brasil, o cronista alemão Hans Staden vinha na expedição do nobre espanhol Don Diogo de Senabrica quando uma súbita tempestade os fez naufragar, lançando-os na costa de Superagui. Staden aproveitou a ocasião e desenhou, num pergaminho, o primeiro mapa da Baía de Paranaguá.

(Fonte: Super Interessante – setembro de 1993 – Meio Ambiente – Lagamar – Por Vinícius Romanini/Marcelo Affini – Pág; 25/26/27/28).

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