Primeira pesquisa sobre relações interraciais no Brasil

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Uma pesquisa encomendada à Rede Nacional de Pesquisa Brasmarket, de São Paulo, mostra como os sentimentos negativos do racismo estão plantados profundamente nas pessoas, na maior parte das vezes sem que elas tenham consciência do fato.
Na pesquisa, um mapeamento amplo e inédito das relações interraciais no Brasil. Foram entrevistadas 6.268 pessoas em catorze capitais brasileiras. Nesse levantamento mostrou-se que o racismo está introjetado de forma muito vigorosa entre os brasileiros, sejam eles brancos, negros ou mulatos”. Fato: apenas dezessete em cada 100 negros entrevistados acham que sua raça tem pessoas mais belas que as outras.
Na escala estética dos negros entrevistados, os mulatos são os mais bonitos, com 27 % das preferências, e os brancos estão em segundo lugar, com 22%. Essa é forma suprema de dominação.
É a manifestação mais clara já vista da tendência de branqueamento da população. Uma tendência tão poderosa que já foi introjetada até pelos próprios negros. Os antropólogos costumam medir a capacidade de reação das minorias submetidas a discriminação com o que se chama de “racismo de defesa”. Ou seja, um cidadão discriminado que entra num movimento qualquer que valoriza sua identidade racial estaria fazendo a coisa certa – o racismo de defesa. É natural e positivo para sua auto-estima que critique os grupos que o tratam com superioridade.
Segundo os dados coletados pela Brasmarket, o racismo de defesa está meio sem força no Brasil. “É uma situação árida quando o racismo também invade o inconsciente das pessoas oprimidas por ele”.

(Fonte: Revista Veja, 7 de julho de 93-Ano26-N°27-Ed.1295 – Sociedade – Pág; 73)

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