Pioneiro de uma forma de filmar o desejo e o prazer femininos em seus mistérios e transgressões

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Pioneiro de uma forma de filmar o desejo e o prazer femininos em seus mistérios e transgressões

Jean-Claude Brisseau ícone do cinema erótico

Jean-Claude Brisseau, diretor francês, considerado um franco-atirador do chamado “cinema de autor”, é um personagem singular no cenário da sétima arte francesa.

Autodidata, cinéfilo e um fervoroso leitor de filosofia e de psicanálise, com uma dúzia de filmes artesanais de reduzido orçamento, o cineasta criou uma linguagem própria nas telas, com elogios da crítica, por vezes algum sucesso de público e o reconhecimento de seus pares.

Encorajado em seu início por Eric Rohmer (1920-2010), um dos ícones da Nouvelle Vague, Brisseau assina “De barulho e de fúria” (1987), sobre a violência juvenil nos subúrbios franceses, apresentado fora de competição no Festival de Cannes; “Boda branca” (1989), com Vanessa Paradis como uma aluna de 17 anos apaixonada por seu professor de filosofia, em uma trama que teve mais de dois milhões de espectadores na França; e “A garota de lugar nenhum” (2012), sua obra mais recente, drama sobrenatural — um de seus temas prediletos — recompensado com o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno em 2012.

Sua notoriedade, para o bem e para o mal, também foi alcançada com filmes de dominante temática sexual, como “Coisas secretas” (2002), “Os anjos exterminadores” (2006) e “A aventura” (2008). Brisseau reivindica o título de pioneiro de uma forma, técnica e conceitual, de filmar o desejo e o prazer femininos, em seus mistérios e transgressões. Seus “ensaios eróticos” para recrutar atrizes, nos quais as candidatas ao papel são solicitadas a se acariciar diante da câmera, são defendidos por ele como necessários na lógica de seu trabalho, mas acabaram lhe rendendo uma condenação na Justiça a um ano de prisão por assédio sexual, com sursis (ou seja, ele ficou em liberdade), além de € 15 mil de multa. O processo é denunciado por ele como “hipocrisia” e um “golpe montado”. Brisseau viajou ao Brasil, onde participou em São Paulo da retrospectiva de sua obra no Festival Indie 2013 (de 20/9 a 3/10, com exibição também em Belo Horizonte) e, no Rio, da apresentação de “A garota de lugar nenhum”, no Festival do Rio 2013.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/icone-do-cinema-erotico- CULTURA/ Por Fernando Eichenberg – 18/09/13)

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