Pietro Ingrao, considerado um dos pais da República da Itália, foi também o primeiro comunista a presidir a Câmara Baixa do Parlamento do país

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Ingrao, um comunista herético

Pietro Ingrao durante um comício do Partido Comunista na Piazza Duomo, em Milão, em 1976 (Foto: Corriere.it/Divulgação)

Pietro Ingrao durante um comício do Partido Comunista na Piazza Duomo, em Milão, em 1976 (Foto: Corriere.it/Divulgação)

Pietro Ingrao (Lenola, 30 de março de 1915 – Roma, 27 de setembro de 2015), considerado um dos pais da República da Itália. Líder histórico da esquerda no país

Nascido na pequena cidade de Lenola, em março de 1915, o político aderiu ao Partido Comunista Italiano (PCI) em 1940 e participou ativamente da resistência contra o fascismo.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ajudou a construir a República Italiana e liderou a “ala esquerda” do PCI, tornando-se deputado em setembro de 1950, cargo que ocupou ininterruptamente até 1992.

Entre 1976 e 1979, ele foi também o primeiro comunista a presidir a Câmara Baixa do Parlamento do país. Nos últimos anos de sua vida, Ingrao votou pelo partido Esquerda, Ecologia e Liberdade (SEL), que hoje faz oposição ao governo centro-esquerdista de Matteo Renzi.

Pietro Ingrao, dirigente histórico do antigo PCI e presidente da Câmara dos Deputados no auge da experiência do eurocomunismo e do “compromisso histórico” com a Democracia Cristã, nos anos 1970. Ingrao, teórico da “socialização da política“ (sem a qual a mera socialização da economia emperraria burocraticamente), teve livros publicados em português e deixou sua influência em intelectuais brasileiros, como Carlos Nelson Coutinho e Luiz Mario Gazzaneo.

Depois da dissolução do PCI, Ingrao ficou à margem da nova formação que se seguiu, o PDS (Partido Democrático da Esquerda), liderando inclusive a frente dos que se opuseram à mudança de nome e de referências políticas e culturais. Manteve-se invariavelmente fiel à sua concepção inquieta e libertária de socialismo, mesmo que, nos últimos anos, estivesse progressivamente fora da vida pública por questões de saúde.

Ingrao, um eterno herético do velho comunismo, também publicou livros de poesia e uma premiada memória autobiográfica, Volevo la luna (Eu queria a lua).

Pietro Ingrao morreu em 27 de setembro de 2015, em Roma, aos 100 anos.

“Pietro Ingrao era um dos protagonistas da história da esquerda italiana. Todos nós sentiremos falta da sua paixão, da sua sobriedade, do seu olhar, da sua inquietação, que deram um dos testemunhos mais lúcidos e incômodos do século 20”, declarou o atual primeiro-ministro, Matteo Renzi, do Partido Democrático (que reúne, entre outros grupos reformistas, pós-comunistas do PCI e católicos progressistas).

(Fonte: http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2015/09/27 – JORNAL DO BRASIL – Agência ANSA – INTERNACIONAL – 27/09/2015)

(Fonte: http://www.acessa.com – Luiz Augusto do Rosário – Setembro 2015)

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