Pharoah Sanders, saxofonista de grande criatividade que absorveu influências da música africana e da asiática, era discípulo de John Coltrane

0
Powered by Rock Convert

Pharoah Sanders, saxofonista e lenda do jazz, saxofonista da velha guarda do jazz

Músico fazia parte da ‘santíssima trindade’ do instrumento no gênero, ao lado de John Coltrane e Albert Ayler

Saxofonista cósmico do jazz

(Foto: Reprodução/ www.arts.gov/ Quentin Leboucher)

Pharaoh Sanders (Little Rock, 13 de outubro de 1940 – Los Angeles, 24 de setembro de 2022), foi importante saxofonista de grande criatividade que absorveu influências da música africana e da asiática, era lenda do jazz americano.

 

A lenda do jazz Pharoah Sanders, saxofonista de grande criatividade que absorveu influências da música africana e da asiática, era uma das figuras mais criativas do jazz que fez sua a música indiana e africana, levando seu saxofone a limites inimagináveis.

 

Sanders, que levou o movimento do free jazz a novos patamares, praticamente atacava seu saxofone soprando excessivamente a boquilha, mordendo a palheta e até mesmo gritando na campana do instrumento.

Este discípulo de John Coltrane, que tocou solos agressivos no último álbum de Coltrane, “Live in Japan”, era muitas vezes visto como uma espécie de sucessor de seu mestre, que morreu subitamente em 1967.

 

Ornette Coleman – possivelmente o mais importante pioneiro do free jazz – definiu Sanders como “provavelmente o melhor saxofonista tenor do mundo”.

Mas Sanders, que também tocava saxofone soprano e alto, não conseguiu conquistar a unanimidade do público e nunca desfrutou do sucesso comercial de Coltrane, Coleman, ou outros inovadores históricos do jazz.

Com solos que passaram de estridentes a sedosos e melódicos, Sanders foi descrito como o padrinho do jazz espiritual e até cósmico, embora sempre tenha rejeitado rótulos.

Entre suas obras mais conhecidas está “The Creator Has a Master Plan”, uma faixa de quase 33 minutos de seu álbum “Karma”, na qual Sanders soa como se estivesse exorcizando demônios, antes de retornar a um estado celestial.

Leon Thomas canta um tema de 1969, no auge da contracultura: “O criador tem um plano mestre / Paz e felicidade para todos os homens”.

“Upper Egypt and Lower Egypt”, do influente álbum de 1967 de Sanders, “Tauhid”, baseia-se em riffs de guitarra e um xilofone suave que homenageia a tradição africana, enquanto Sanders explode em um saxofone uivante.

– Saxe, prolongamento de si mesmo –

“Eu realmente não vejo mais a trompa. Eu tento me ver”, disse ele na apresentação de “Tauhid”, seu primeiro álbum pelo selo Impulse!. que editou Coltrane.

“Não é que eu esteja tentando gritar com minha trompa, estou apenas tentando colocar todos os meus sentimentos”, explicou ele.

Farrell Sanders – ele mudou a grafia de seu nome de batismo a pedido do compositor de jazz futurista Sun Ra – nasceu e foi criado na segregada Little Rock, no estado do Arkansas, onde tocava clarinete em uma banda da escola e explorava o jazz com artistas em turnê.

Após o Ensino Médio, mudou-se para Oakland, na Califórnia, onde desfrutou pela primeira vez da liberdade de frequentar clubes racialmente mistos e teve um primeiro encontro com Coltrane.

Mais tarde, foi para Nova York. Lá, ficou na miséria, trabalhando como cozinheiro e até vendendo seu sangue para sobreviver.

Conheceu Sun Ra quando cozinhava em um clube em Greenwich Village. Notando seu talento musical, Sun Ra e Coltrane recrutaram Sanders para sua banda.

Com a morte de Coltrane, tornou-se líder da mesma.

“Eu tenho um som escuro. Muitos dos jovens têm um som brilhante, mas eu gosto de um som escuro com mais redondeza, mais profundidade e sentimento”, disse ele, descrevendo seu estilo em uma entrevista de 1996 ao jornal San Francisco Chronicle.

“Quero levar o público a uma jornada espiritual. Quero sacudi-lo, excitá-lo. Então eu os trago de volta com uma sensação de calma”, explicou.

– Exploração espiritual –

Sanders, que em seus últimos anos usava uma longa barba branca, deu seus primeiros passos na música pop, começando com “Thembi”, de 1971, em homenagem a sua esposa.

Mas sua incursão no mainstream foi breve. Em “Jewels of Thought”, de 1969, Sanders explorou o misticismo da África, abrindo o álbum com uma meditação sufi pela paz.

Décadas depois, em “The Trance of Seven Colors”, Sanders colaborou com Mahmoud Guinia, o mestre marroquino da música espiritual gnawa e do alaúde.

O álbum de 1996 de Sanders, “Message from Home”, mergulhou em influências da África subsaariana, como highlife, a mistura pop de música ocidental e tradicional que se originou em Gana.

Ele também explorou a forma indiana em suas colaborações com Alice Coltrane, a segunda esposa do mestre do jazz, que se tornou iogue.

Sanders admirava músicos indianos como Bismillah Khan, que introduziu o shehnai, um tipo de oboé frequentemente tocado em procissões pelo subcontinente; e Ravi Shankar, que internacionalizou a cítara.

Acostumado a compartilhar energia em bandas de jazz, ele disse que os músicos indianos conseguiam fazer “música pura”.

O músico começou a ganhar destaque nos primórdios do free jazz, na década de 1960. “Se você escutar os músicos daquela época, vai perceber que mudaram a música para o desgosto de muitos. Eu tentei. Talvez tenha sido extremo demais, mas não desisto, pois é o único jeito que sei fazer as coisas”, contava ao Estadão em agosto de 2010, quando veio ao Brasil para fazer dois shows.

 

Farrell Sanders nasceu no Arkansas, sul dos Estados Unidos, mas o início de sua carreira musical se deu em Oakland, na Califórnia. O nome artístico, adotado por ele até o fim da vida, veio na década de 1960, em Nova York, quando colaborou com o músico, compositor e precursor do afrofuturismo, Sun Ra –quem lhe deu o vulgo Pharoah.

 

Também na década de 1960, Sanders se tornou membro da banda de John Coltrane, com quem tocou até 1967, ano da morte do saxofonista.

Sanders estava entre os que tocaram ao lado do lendário John Coltrane. “Quando eu trabalhava com John, ele nunca dizia nada. Se eu resolvesse tocar Parabéns, não havia problema, pois era isso o que tinha dentro de mim naquele momento. Ele aceitava as pessoas pelo que elas eram. Ponto. Ele não me contratou porque eu tinha técnica ou isso e aquilo mais. Ele me contratou porque gostava de mim como pessoa. E qualquer som que eu tocasse estava bom para ele”, relembrava, sobre o antigo parceiro musical.

O resultado foi uma vertente espiritualizada das inovações de Ornette Coleman, Albert Ayler, Cecil Taylor e Sun Ra. As improvisações eram longas. Alternavam entre um carnaval endoidecido de solos e meditações carregadas de uma áurea mística semelhante ao gospel. Indicavam uma volta do jazz às raízes do delta blues.

 

Após a morte de Coltrane, em 67, Alice Coltrane, sua mulher, e Pharoah se aprofundaram no jazz rarefeito e espiritual que o saxofonista deixara, trabalhando temas de filosofias orientais em álbuns como Journey in Sachidanada e Karma.

 

O outro grande do free jazz, Albert Ayler, chamou Pharoah de filho na santíssima trindade de saxofonistas da época. (Coltrane era o pai e o próprio Ayler, o espírito santo).

 

Em 2010, Pharaoh Sanders refletia ao Estadão: “O blues é simplesmente um sentimento. Não há como defini-lo com uma série de notas. Portanto, quando toco, não toco música. Toco o meu eu.”

 

Pharaoh Sanders faleceu no sábado, 24 de setembro, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Ele tinha 81 anos.

A notícia foi confirmada pela gravadora de Sanders, a Luaka Bop, no Twitter. No comunicado, o selo lamenta a morte do músico, deseja que ele “descanse em paz” e diz que Sanders “morreu em paz cercado por familiares e amigos queridos”.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/musica/noticias – Folha de S.Paulo / MÚSICA / NOTÍCIAS / por AFP / (FOLHAPRESS) – SÃO PAULO, SP – 24/09/2022)

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/musica – DIVERSÃO / MÚSICA / por Estadão Conteúdo – 24 set 2022)

(Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/mundo/noticia/2022/09 – MUNDO / NOTÍCIA / por AFP / Shaun TANDON – NOVA YORK – 24/09/2022)

Powered by Rock Convert
Share.