Peter Scheier, foi fotógrafo da revista O Cruzeiro, da emissora Record e do Masp – documentando a sua fundação

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Peter Scheier (1908-1979), fotógrafo alemão que dedicou 38 anos da sua vida ao Brasil, São Paulo em especial, de forma intensa e apaixonada, principalmente pela fotografia.

Começou no jornal O Estado de S. Paulo, no final dos anos 30. Foi fotógrafo da revista O Cruzeiro, da emissora Record e do Masp – documentando a sua fundação. Nos anos 40, abriu o Foto Studio Peter Scheier, que funcionou até 1975, quando Scheier volta para a sua terra natal.

Nascido em Glogau, na Alemanha, e de origem judaica, Peter Scheier mudou-se para o Brasil em 1937, fugindo da irresistível ascensão do Partido Nazista em seu país. Morando em São Paulo, o fotógrafo trabalhou num frigorífico antes de se iniciar na profissão pela qual ficaria conhecido. Scheier vendia cúpulas de abajur quando decidiu realizar um catálogo fotográfico que suavizaria o trabalho de carregar as amostras. Acabaria descobrindo que fotografar as mercadorias era mais lucrativo e mais interessante do que vendê-las: havia espaço na cidade para um fotógrafo com senso estético inato e passado europeu.

Depois de publicar algumas fotos no suplemento de rotogravura de O Estado de S. Paulo, ganhou em 1939 o prêmio do Concurso Centenário de Fotografia, promovido pelo jornal. Trabalhou em O Cruzeiro entre 1945 e 1952. Os fotógrafos da revista, na sua maioria europeus, eram liderados pelo francês Jean Manzon (1915-1990). Scheier fazia dupla com os repórteres Nelson Motta e Arlindo Silva, o primeiro jornalista a entrar no quarto em que Getúlio Vargas se suicidou, em 1954.

Graças ao fato de O Cruzeiro pertencer ao grupo dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, transformou-se em fotógrafo oficial do Museu de Arte de São Paulo, inaugurado em 1947. Seus registros de eventos captaram a própria constituição do acervo do museu, bem como suas primeiras exposições. A atuação no Masp e a relação com o diretor do museu, Pietro Maria Bardi e sua esposa, Lina Bo Bardi, levaram Scheier a fotografar diversos trabalhos da arquiteta, como a Casa de Vidro e a documentação de artesanato iniciada por ela na Bahia.

Ainda nos anos 1940, o fotógrafo criou o Foto Studio Peter Scheier, aberto até 1975, ano em que retornou à Alemanha. Sua carreira voltou-se para as fotografias de eventos sociais, arquitetura, indústria, publicidade e jornalismo. Em arquitetura, registrou as obras inovadoras de Gregori Warchavchik, Lucjan Korngold, Oscar Niemeyer, Rino Levi e Oswaldo Bratke. Tais imagens apareceram em revistas especializadas comoAcrópole e Habitat. A movimentação das camadas urbanas foi, assim, capturada pelo olhar testemunhal e consciente do artista. Também fez documentação fotográfica para as maiores indústrias de São Paulo e de outros estados. As grandes mudanças tecnológicas do período foram retratadas pela câmera do fotógrafo.

Em 1951, Scheier naturalizou-se brasileiro. Foi fotógrafo oficial da tv Record de 1958 a 1962 e também representante da agência Pix, dos Estados Unidos, o que lhe permitiu publicar reportagens no exterior. Scheier publicou alguns livros temáticos de fotografia ao longo da carreira. Paraná, Brasil (1953) comemorava o primeiro centenário do estado do Paraná; S. Paulo: Fastest Growning City in the World foi feito para o quarto centenário da cidade, em 1954; Brasília Vive! (1960), uma de suas melhores séries fotográficas, trazia imagens da inauguração da nova capital. Os monumentos arquitetônicos ganham menos destaque nessas fotos de Scheier – o que parece prender os olhos do fotógrafo são as figuras humanas que povoam a nova cidade. São pessoas passeando pelas ruas ainda mal formatadas do Núcleo Bandeirante, cheio de barracos que lembram muito mais a cenografia dos westerns americanos, bem como crianças indo e voltando da escola e fregueses de supermercados incipientes.

Em 1975, Peter Scheier voltou para a Alemanha. Suas fotos, que revelam um grande apuro formal, são testemunho vivo das grandes transformações pelas quais passou o Brasil, rumo à modernidade. O Instituto Moreira Salles comprou o acervo do fotógrafo, com cerca de 30 mil negativos em preto e branco e 4 milslides coloridos.

(Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-imagens/brasileiros/peter-scheier – BRASILEIROS/ Por Alexandre Belém – 19/06/2013)

(Fonte: http://www.ims.com.br/ims/explore/artista/peter-scheier)

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